Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu (Mestrado Acadêmico) em Educação e Contemporaneidade (PPGEduC)
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Navegando Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu (Mestrado Acadêmico) em Educação e Contemporaneidade (PPGEduC) por Orientador "Costa, Lívia Alessandra Fialho da"
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- ItemCorporalidades e memória lúdica: um estudo sobre educação e expressões culturais numa comunidade negra rural da Bahia(2015-09-22) Ávila, Marcus Vinicius Araújo; Costa, Lívia Alessandra Fialho da; Lechner, Elisa; Souza, Elizeu ClementinoEste texto é fruto de um trabalho de pesquisa de campo com inspiração etnográfica realizada em sítios tradicionais negros e rurais, denominados em alguns estudos, de comunidades de quilombos ou quilombolas, mais precisamente nas comunidades do Tombador II e de Bernardo de Lapa, localizadas no Vale do Jiquiriçá, no município de Valença, a cento e vinte oito km da capital Salvador. Durante noventa dias de convivência entre os meses de janeiro a abril de 2015, somando quatrocentos e cinquenta e três horas de observação participante buscando dar escuta as diferentes formas de expressão do corpo humano, foram realizadas anotações sistematizadas em categorias no diário de campo, participação em rodas de conversa, bem como foram abordadas em entrevistas cinquenta pessoas, sendo 25 do gênero masculino e vinte e cinco do gênero feminino, deste total 19 entrevistas formais, sendo três em arquivo de áudio e 21 em vídeo. O recorte do objeto deste estudo se fundamentou na inter-relação entre a corporeidade e a ludicidade, sobretudo no que se refere a memória lúdica diluída no corpo dos sujeitos desta pesquisa, que se configuram como uma arrumação familiar que foge aos padrões fundamentados nos laços de consanguinidade e celebram a vida mesclando trabalho e ludicidade num cordão de samba conhecido como Grupo Cultural Arguidá, por este motivo os denominamos de povo do Arguidá. Discutimos de que forma esses sujeitos constroem suas relações corporais com o espaço, a ludicidade, a festa e o trabalho, apoiados nos alicerces da etnografia pós-colonial. Os dados levantados foram analisados num debate retórico entre a base teórica desta pesquisa diante das realidades encontradas no campo, portanto o método de análise se estruturou no diálogo entre a tradição do pesquisador no materialismo histórico dialético diante da retórica descritiva enquanto método típico de análise das etnografias clássicas. Nossas observações apontaram para a compreensão de um modo inusitado de exercer corporeidade na busca do prazer, incorporando uma ludicidade expressa na alegria de viver apoiada no contato entre os corpos, determinando uma cosmovisão ensinada, sobretudo, nas casas-de-farinha. Constatamos que a memória lúdica do povo do Arguidá, como uma memória subterrânea, emerge no convívio e na relação entre os corpos, especialmente nos momentos festivos e nas apresentações e ensaios do Grupo Cultural Arguidá.
- ItemDo cansaço da lavoura ao alívio na escola um estudo sobre quotidiano e espaços de sociabilidade de estudantes da EJA do noturno, ensino médio, no município de Irará Bahia(2009-10-15) Batista, Marize Damiana Moura Batista e; Costa, Lívia Alessandra Fialho da; Rabinovich, Elaine Pedreira; Messeder, Marcos Luciano LopesEsta pesquisa teve como objetivo identificar os sentidos e significados atribuídos pelos alunos da EJA do noturno acerca da temporalidade escolar, construídos na relação com as suas vivências quotidianas. Para tanto, buscamos um estudo junto aos alunos da EJA do Colégio Estadual Joaquim Inácio de Carvalho no município de Irará, Bahia. O eixo de análise da pesquisa esteve voltado para a compreensão dos entraves e das dificuldades enfrentadas por esses estudantes trabalhadores no seu cotidiano, das idéias que elaboram acerca da vida e do trabalho na roça e na cidade e dos motivos que os levam a construir um discurso que coloca o trabalho na roça como algo a ser eliminado. Na continuidade, investigou-se como os alunos experimentam e significam os diferentes tempos de vida: tempo da escola, tempo do trabalho, tempo do descanso, a fim de construir uma interpretação acerca do modo como percebem a escola e que sentidos atribuem ao estudo nas classes de EJA do noturno. Compreender os modos de apropriação do espaço/tempo vivido na comunidade (Mangabeira) e as interações e sociabilidades construídas nos interstícios da vida escolar foi uma idéia que permeou esse estudo. Das perspectivas de reinvenção do espaço escolar pelos alunos, a partir da identificação dos significados construídos sobre o mesmo, percebeu-se possibilidades para se pensar em outras lógicas de aprendizagens na escola e fora dela. Nos relatos dos alunos era recorrente a idéia de ser a escola o lugar do encontro, da interação e da realização de um aprendizado que vai além dos conteúdos ensinados. A noção de tempo estava implicada às vivências dos sujeitos, os quais nas suas falas traziam um conhecimento construído nas diferentes situações experimentadas no cotidiano e que somadas à condição de estudo na EJA poderia configurar em um aprendizado para a vida. Utilizou-se uma metodologia qualitativa, privilegiando-se um estudo do tipo etnográfico. As observações participantes foram realizadas na sede da escola entre os meses de agosto a novembro de 2008 e abril a agosto de 2009. Um conjunto de entrevistas (dezesseis ao todo), foi realizada com oito estudantes da EJA do noturno de uma faixa etária entre 20 a 23 anos.
- Item“Hoje a cria não veio! ”: mães adolescentes negras e projetos de vida no contexto escolar(2018-09-28) Santos, Elis Souza dos; Costa, Lívia Alessandra Fialho da; Dias, Acácia Batista; Pacheco, Ana Claudia LemosEsta dissertação de mestrado analisa o lugar da escola na (res)significação dos projetos de vida de adolescentes negras estudantes que são mães. O contexto da pesquisa é a Escola Municipal Governador Roberto Santos, localizada no bairro do Cabula, no município de Salvador-Bahia e parte de uma metodologia de base qualitativa e se fundamenta na etnografia escolar; os instrumentos utilizados para a produção dos dados foram entrevistas com dois grupos de adolescentes: as mães e as não-mães, com idades entre 13 e 18, negras estudantes da escola Municipal Governador Roberto Santos e a observação participante do espaço escolar. A análise dos dados está fundamentada na abordagem Interseccional, articulando, portanto, os conceitos de gênero, raça, classe e geração para estabelecer reflexões e categorias sobre o tema. As discussões geradas pela pesquisa demonstram que os temas em torno da maternidade adolescente apresentam um campo complexo, dinâmico e extremamente heterogêneo. Além disso, instiga análises sobre o lugar das mulheres mães em contextos institucionais, como a escola e a necessidade de políticas de permanência para esse grupo. O olhar das adolescentes não-mães sobre o tema evidencia muitas semelhanças com as adolescentes mães principalmente nas trajetórias de vida e nas relações familiares e afetivas, entretanto descrevem a maternidade como “atraso” nas perspectivas profissionais e pessoais na vida das mulheres. No que se refere aos Projetos de vida foi possível categorizar três perspectivas de análise: 1 – Quando a maternidade adolescente é o Projeto de Vida, 2- Quando a maternidade na adolescência altera o Projeto de vida e 3- Quando a maternidade é motivadora do Projeto de Vida. Por fim, este trabalho apresenta a necessidade de maior investigação acerca da relação maternidade, trajetórias de escolarização e Projeto de vida, considerando os elementos de raça, gênero, classe e geração e propõe reflexões em torno de possíveis políticas de acesso e permanência de adolescentes mães na escola.
- ItemMulheres pobres em circulação: aprendizados e saberes construídos na batalha das ruas de Salvador(2015-02-09) Silva, Fernanda Priscila Alves da; Costa, Lívia Alessandra Fialho da; Sousa, Fabiana Rodrigues; Pacheco, Ana Claudia LemosEsta dissertação investiga os processos de mobilidade, movimento, socialização e construção de saberes de mulheres pobres, inseridas em contexto de prostituição, em Salvador, Bahia. As interlocutoras da pesquisa têm idades entre 30 e 65 anos e estão na batalha pela vida – expressão por elas utilizada para se referir ao trabalho como prostitutas nas ruas – desde a adolescência. Para este estudo foram entrevistadas 10 mulheres em seu local de trabalho (na Praça da Sé, Centro Histórico da cidade). O principal objetivo deste estudo consiste em estudar as trajetórias de vida, socialização, transformações e saberes de mulheres no cotidiano da prostituição. Mais especificamente, compreender os saberes construídos a partir deste cotidiano e o fazer-se/ formar-se mulher neste cenário. O referencial teórico está ancorado no campo de estudos autobiográficos em educação e numa perspectiva interdisciplinar de análise, conjugando orientações dos campos da psicologia (contextos familiares e construção de subjetividades) e da Antropologia (ao considerar a socialização um eixo importante para composição de uma etnografia das interações). São considerados como referencial secundário que ampara comparativamente as análises, estudos sobre prostituição e mercados do sexo, considerando principalmente alguns aspectos: a prostituição e o mercado do sexo, entendidos como processos de deslocamentos e transnacionalização; processos de socialização e mobilidades ocorridas no espaço, neste caso, a rua (praça) entre os diversos atores que circulam neste contexto; as construções de saberes e aprendizados realizados nestes (e a partir) destes espaços e vivências. As principais categorias norteadoras foram: socialização, educação, prostituição e trajetórias de vida sendo a categoria batalha uma expressão que emerge do campo no fazer e construir a pesquisa. Os resultados apontaram que a rua, enquanto contexto educativo constrói e transforma saberes através da inclusão de uma constelação de participantes que compõem, para além dos clientes, redes móveis de relacionamentos. Os aprendizados, ou em outras palavras, a educação – aqui pensada como forma/lugares de constituição de sujeitos – imprime nas dinâmicas sociais desta prática uma maneira própria de vivenciar o mundo e de atribuir sentidos e significados àquilo que é vivido a partir de tramas e enfrentamentos cotidianos da batalha na rua.
- ItemPedagogia decolonial educação de pescadores e pescadoras artesanais e marisqueiras: uma experiência na comunidade pesqueira de Ilha de Maré, Salvador, Bahia(2020) Procópio, Daniele Freire; Costa, Lívia Alessandra Fialho daEsta dissertação investiga os elementos presentes na educação escolar da comunidade pesqueira de Ilha de Maré (Salvador–Bahia) que acenam para a importância e fortalecimento da memória cultural e para a sobrevivência da identidade plural e dinâmica da comunidade, organização local e alteridade de seus membros. O objetivo desse estudo consiste em identificar os conhecimentos e práticas incorporados ao currículo escolar que colaboram na preservação dos saberes da comunidade pesqueira pesquisada. Os sujeitos da pesquisa são pescadores e pescadoras artesanais e marisqueiras matriculados (das) na turma da Educação de Jovens e Adultos – EJA TAP V, de uma Escola Municipal da Ilha. Os interlocutores são estudantes com idades entre 18 e 19 anos, moradores das comunidades do Martelo e Bananeiras e atuam em atividades ligadas à cultura da pesca artesanal. Além dos(as) cinco jovens estudantes da EJA, foram entrevistados outros 16 sujeitos, dentre eles diretoras, professoras (es), coordenadoras pedagógicas, lideranças locais, alunos do Centro de Apoio aos Filhos e Filhas de Marisqueiras e a Secretária Executiva do Regional BA-SE do Conselho Pastoral de Pescadores (CPP). As entrevistas aconteceram em diferentes espaços e também contaram com uso de recursos tecnológicos devido ao isolamento social decretado como medida de segurança durante a pandemia da Covid-19, em 2020. O referencial teórico está ancorado no campo dos estudos da pedagogia decolonial, tendo como enfoque uma metodologia pautada na pesquisa qualitativa e etnográfica em educação. O estudo parte de três categorias de análise: a educação de pescadores (as), território pesqueiro e pedagogias decoloniais. Tradição e modernidade, território, desterritorialização e reterritorialização são entendidos como campos de tensão situados na pesca artesanal e que vão direcionar o trabalho de educação popular decolonial. A discussão perpassa um projeto dialógico de educação numa perspectiva decolonial, no âmbito de um movimento social e ecológico - ecologia como “oikos” – casa, e “logos” – reflexão, de escola. Os resultados mostraram que as escolas da Ilha têm buscado implementar práticas pedagógicas pautadas nos saberes locais, mas enfrentam questões administrativas que dificultam a progressão do trabalho, bem como ainda precisa ser estreitada a relação entre escola e comunidade para a consolidação das diretrizes educacionais quilombolas e o alinhamento de propostas vinculadas às necessidades educacionais do território pesqueiro. O mar, a maré, o mangue, o tempo se mostraram como essenciais no processo de formação educacional alinhado à cultura da pesca artesanal e da mariscagem. Os saberes, a ancestralidade e a espiritualidade, constituídos historicamente no maritório, partem da natureza na comunhão com os povos das águas. As experiências educacionais do Conselho da Pastoral dos Pescadores (CPP), do Centro de Apoio aos Filhos e Filhas de Marisqueiras e da Escola das Águas apontam para a efetividade de práticas pedagógicas decoloniais no território pesqueiro. Nelas são ressignificadas as práticas cotidianas a partir da educação voltada para os valores da solidariedade e alteridade pensadas a partir dos próprios sujeitos e das perspectivas das comunidades e seus territórios, visando a justiça social, o acesso a direitos e o fortalecimento da luta pelo território através de uma educação [contextualizada] das águas.
- ItemProcessos educativos formais e não formais na constituição das identidades quilombolas: o caso do Kaonge(2013-10-16) Barbosa, Júlio Cézar da Silva; Costa, Lívia Alessandra Fialho da; Rabinovich, Eliane Pedreira; Messeder, Marcos Luciano LopesA pesquisa apresentada busca construir interpretações acerca dos processos e práticas educativas constituintes das identidades quilombolas na comunidade negrorural-quilombola do Kaonge. A presente investigação pretendeu atender aos objetivos de: i) identificar elementos na educação formal e não formal, numa comunidade quilombola, que colaboram para a afirmação destas identidades, assim como ii) analisar a contribuição da educação formal no processo de construção da identidade quilombola; iii) conhecer as práticas pedagógicas e as condições de ensinagem ↔ aprendizagem realizadas pela Escola Municipal do Kaonge e iv) investigar os processos de transmissão↔manutenção da cultura e linguagens africano-brasileiras como instrumento de afirmação das identidades quilombolas. Para esta investigação, fez-se o uso da etnopesquisa crítica (MACEDO, 2004), também conhecida como abordagem do tipo etnográfico (ANDRÉ, 1995). Esta, por sua vez, é inspirada na etnografia que tanto pode significar “descrição densa” (GEERTZ, 2011), “descrição cultural” (ANDRÉ, 1995,) quanto “descrição de um povo” (AGROSINO, 2009). As técnicas utilizadas passaram pela observação participante (MINAYO, 2012), (LÜDKE; ANDRÉ, 1986), (AGROSINO, 2009), entrevistas semi-estruturadas, que ajudaram a “documentar o não-documentado” (ANDRÉ, 1995), a escuta sensível (BARBIER, 2002), que se mostrou eficaz e eficiente permitindo que as interpretações fossem levantadas segundo o que foi narrado pelo interlocutor, em dada situação discursiva e, por fim, anotações no caderno de campo. A coleta de dados, também, se deu a partir de análise de documentos, desde os elaborados pelo INCRA, passando pelo Projeto Político Pedagógico da escola, pelo Currículo Oficial e a matriz curricular, até os Projetos de unidades letivas. No que se refere a educação não formal, a análise passa pelos Projetos de monitorias e oficinas (de teatro, músicas, vídeos etc.). Além destes, foram feitas análises de documentários sobre os festejos religiosos produzidos pela TV UFBA. A pesquisa apontou que as aprendizagens acontecem em distintas situações da vida comunal dos quilombolas. No entanto, os processos e práticas educativas não formais contribuem efetivamente para a construção das identidades quando comparada com a educação formal. Os festejos religiosos, as atividades político-educativas, principalmente as oficinas de teatro, dança e vídeos são importantíssimas para o debate das realidades locais, formação de novas mentalidades, orientações para se propor uma educação antirracista e mais equânime. Embora a educação formal dialogue, em vários momentos, com a cultura local, a escola precisa repensar seu currículo com vistas a atender as diretrizes de uma educação escolar quilombola, na perspectiva de refletir cotidianamente as questões locais. Certamente, a presença de uma Matriz e/ou diretriz(es) escolar quilombola direcione os processos, ações e práticas escolares de forma mais efetiva com as realidades quilombolas desse Brasil- quilombola. Logo, é importante que a Secretaria de Educação do Município ofereça estudos continuados, qualificação, formação docente e material didático apropriado, com vistas a oportunizar aos docentes interação entre os conteúdos escolares e as realidades das comunidades quilombolas.
- ItemA racialização do fracasso escolar a partir de queixas escolares: discutindo a ideologia presente no discurso de agentes educacionais(2021-11-09) Santos, Caio Araújo dos; Costa, Lívia Alessandra Fialho da; Zucoloto, Patrícia Carla do Vale; Messeder, Marcos Luciano LopesEsta pesquisa tem como objetivo geral analisar quais as concepções ideológicas que alicerçam os discursos dos agentes educacionais quanto à atribuição de causalidade diante do suposto “fracasso escolar” de jovens negros. Para tanto, propõe-se uma investigação baseada no conceito de “queixas escolares”, encaradas enquanto discursos dotados de ideologias acerca da atribuição de causalidade para o fenômeno do fracasso escolar. Em um primeiro momento, o fracasso escolar foi abordado como fenômeno complexo, produzido e reproduzido a partir da influência de forças engendradas nos campos político, econômico, institucional e social que influenciaram a educação escolar. Em seguida, buscou-se evidenciar conexões entre a desigualdade racial e social e a produção do fracasso escolar, e analisar a correlação entre ideologia, discurso e práxis de agentes educacionais acerca de estudantes negras e negros ditos como portadores de dificuldades de aprendizagem, leia-se fracassados. Finalmente, considerou-se a necessidade de abordarmos o problema da desigualdade racial na Escola de modo mais efetivo na compreensão e no enfrentamento do fracasso escolar, partindo de um estudo baseado no método etnográfico com vistas à compreensão/intervenção da/na realidade hora apresentada. A pesquisa foi realizada na região metropolitana de Salvador, mais especificamente no município de Camaçari, envolvendo gestoras de duas escolas públicas. Como resultado, foi possível evidenciar, a partir dos discursos das agentes educacionais, a aplicabilidade da concepção althusseriana que aponta a escola como um aparelho ideológico de Estado (AIE) no que tange, no caso específico desse trabalho, às suas concepções e ações frente ao fracasso escolar de jovens negros, partindo de agentes educacionais que ocupam cargos de gestão escolar. Visualiza-se nos discursos uma reformulação ideológica da Teoria da Carência Cultural em duas direções: da culpabilização familiar pelos ditos fracassos escolares; e da judicialização do fracasso escolar como possível intervenção frente às ditas famílias ausentes. O silenciamento diante das tensões que as disparidades sociorraciais causam aos estudantes negros ao longo da história e nas suas práticas escolares também é um fruto relevante da presente dissertação. Em suma, aponta-se a precária relação família- educandos-escola como ponto significativo em intervenções e/ou pesquisas futuras sobre tais fenômenos.
- ItemRepresentações de gênero: um estudo de caso no curso de pedagogia do Campus XIII (Itaberaba – BA), da Universidade do Estado da Bahia(2016-10-06) Sales, Gleiton Silva de; Costa, Lívia Alessandra Fialho da; Amorim, Rita da Cruz; Pacheco, Ana Claudia Lemos; Souza, Sueli Ribeiro MotaO principal objetivo deste trabalho foi realizar um levantamento das representações de gênero construídas por estudantes do curso de Pedagogia do Campus XIII, da Universidade do Estado da Bahia. Para tanto, nos referenciamos aos Estudos Feministas para tratar do gênero, por compreender o terreno da cultura como campo de lutas constantes, buscando uma aproximação com os Estudos Culturais. Numa perspectiva da pesquisa qualitativa, valemonos do estudo de caso, com o uso de questionário e desenvolvimento de entrevistas semiestruturadas. Foram entrevistados, entre 2014 e 2015, 10 estudantes, homens e mulheres, matriculados no curso de Pedagogia. Além disso, também analisamos o Projeto Curricular do referido curso, com a intenção de compreender como as questões relacionadas à formação de gênero eram possivelmente colocadas. Como resultado, a partir de uma perspectiva do tipo análise de conteúdo, construímos algumas categorias em que destacamos a relação entre gênero, poder, identidade e a contribuição do curso de Pedagogia na conformação das representações de gênero daqueles estudantes e as representações que eles elaboram sobre o tema. Por fim, depreendeu-se que as representações levantadas mostraram, por um lado, vertentes essencialistas e, por outro, vertentes que pluralizavam os gêneros, evidenciando representações em trânsito rumo a perspectivas mais equitativas de gênero.
- ItemResistência cultural de estudantes negros da roça, nas escolas públicas de Santa Bárbara -BA(2011) Macêdo, Maria Dalva de Lima; Costa, Lívia Alessandra Fialho da; Reginaldo, Lucilene; Queiroz, Delcele MascarenhasEste trabalho é uma reflexão sobre as vivências de estudantes negros/negras da roça em escolas - representações, atitudes e comportamentos que indicam formas de resistência aos preconceitos, à esteriotipização, à discriminação, ao projeto iluminista universalista, branco, urbano, masculino, cristão, reproduzido nas escolas. O recorte espacial privilegiado é o município de Santa Bárbara, Bahia. Através do uso da História Oral como método, tomamos as entrevistas de estudantes/ex-estudantes da roça desse município, e, em consonância com fontes bibliográficas, buscamos construir dialogicamente o texto, a partir da questão: Quais estratégias os(as) estudantes negros(as) utilizam, consciente ou inconscientemente, na escola, como forma de preservação de costumes e tradições negras e rurais, como forma de resistência cultural? Portanto, este trabalho objetiva contribuir, através da pesquisa, para a ressignificação da relação dos(as) estudantes da roça com a escola. Definimos roça como espaço que experimentou um processo de reterritorialização. Cultura significa, aqui, forma não homogênea de lidar com o real, deslocando verdades absolutas e sentidos finalísticos. Nessa maneira de lidar com o real, reside(m) a(s) especificidade(s) da roça que assegura(m) a sua continuidade, embora esta vivencie constantes movimentos de aproximação, de interação com o espaço urbano. Estudantes negros(as) da roça e escola representam, respectivamente, neste trabalho o rural e o urbano. Exploramos, aqui, a ideia de que a relação entre esses estudantes e a escola é marcada, de um lado, por preconceitos, estereótipos e discriminação, e, do outro, por variadas formas de resistência cultural. A resistência cultural se efetiva na escola através de estratégias que vão desde a aprovação à indisciplina, repetência e evasão. A escola se constitui num espaço contestado por meio de jogos cotidianos que deslocam e/ou seduzem a “Verdade”.
- Item“O samba é o meu kilombo”: tramas de identidade, solidariedade e educação em rodas de samba de Salvador(2019-06-05) Pinheiro, Rosa Bárbara; Costa, Lívia Alessandra Fialho da; Doring, Katharina; Abib, Pedro Rodolpho JungersO interesse desta pesquisa é olhar para as rodas de samba enquanto movimentos sociais de resistência, capazes de promover solidariedade e educação, tal como os quilombos. Analisa como estes movimentos constroem sua mobilização popular, como se apropriam do espaço urbano e como participam da sociedade, a partir de suas contribuições sociais, culturais e políticas. Para tanto, tomou como perspectiva empírica a análise de quatro movimentos de samba que promovem rodas de samba em espaço urbano, na cidade de Salvador. Tais Rodas de samba são caracterizadas pela heterogeneidade social, múltiplas identidades, que convivem e se sobrepõem. O problema principal desta pesquisa gira em torno de identificar e compreender, a partir de algumas ações de solidariedade desenvolvidas por grupos de samba, processos educativos que acontecem nos encontros de rodas de samba. Esta dissertação se propõe, ainda, fazer um registro destes movimentos de samba em Salvador buscando demonstrar que para além da música, da ludicidade e da festa, implicadas nestes encontros, há saberes que se organizam e são construídos por estes movimentos. A questão que motivou esta pesquisa foi a de saber se a participação em rodas de samba produz uma cidadania coletiva através desse modelo específico de solidariedade permeada pelo samba e por ações em prol de comunidades e instituições. As descrições e análises que dão base à pesquisa são elaboradas a partir das ações realizadas pelos grupos, passando pela perspectiva das instituições e pessoas das comunidades às quais se destinam tais ações, alicerçadas na trajetória particular da pesquisadora como motivação do estudo.
- Item“Você tem certeza que quer isso pra sua vida?”: uma autoetnografia sobre religiosidades, identidades de gênero e sexualidades na ambiência escolar(2020-11-06) Santo, Edimar dos Santos; Costa, Lívia Alessandra Fialho da; Santos, Deyse Luciano de Jesus; Queiroz, Delcele MascarenhasEsta é uma autoetnografia, de cunho analítico-interpretativa e exploratória, em que busquei compreender a influência das religiosidades nas identidades de gênero e sexualidades de adolescentes e jovens de uma escola da periferia de Salvador, Bahia. Para tanto, procurei explorar minha experiência docente no espaço escolar, permeada por sensações, emoções e afetações, mapeando a trama de relações que se estabeleciam a partir dos fazeres docentes. Na produção de uma narrativa autobiográfica, utilizei-me diário recordatório para reconstrução da minha trajetória pessoal e profissional, através da produção de mapas mentais e linha do tempo, analisando-a mediante a mobilização das memórias e lembranças significativas na intersecção entre religiosidade, gênero e sexualidade, ao assumir a condição de sujeito-objeto de estudo. Baseandome nas vivências na ambiência escolar e no território, construí cenas e personagens ficcionais a fim de analisar situações-problemas, a emergência de conflitos e estratégias para (não) enfrentá-los, tendo como pano de fundo a relação entre religiosidades populares e constituição de identidades em adolescentes negros, no (des)encontro entre o Eu (self) e a cultura local e institucional.