Refletir sobre a complexidade ambiental abre espaço à fatídica questão: o Estado é de fato capaz de promover o desenvolvimento, sobretudo econômico, observando princípios de igualdade e equidade social, levando em consideração as peculiaridades de cada local, os valores ecológicos inerentes a cada grupo e a preservação dos recursos naturais? Esta pergunta já preocupou em outros tempos, mas não à época em que se observa uma estimulante oportunidade para compreender a emergência de novos atores sociais com pleno potencial de gerir uma realidade específica. Perfazendo o caminho percorrido pelas ONGs, desde as suas primeiras formas até os dias atuais, observa-se que estas detêm uma importância imensurável, intermediando o polêmico diálogo entre o Estado, a sociedade e mais recente o Mercado, que por sua vez impõe práticas cruéis à frágil relação entre o ser humano e a natureza. A percepção de que a sustentabilidade urbana está intrinsecamente ligada à expressão da cidadania, e esta, por sua vez caminha lado a lado com as práticas sócio-educativas, evoca a inserção destas organizações que não mais se caracterizam como questionadores da realidade vigente, mas sim transformadoras da mesma. Ao realizar o estudo sobre a APA Lagoas e Dunas do Abaeté, Salvador-BA, buscou-se informações pertinentes que explicassem o trabalho, acima de tudo, voluntário das ONGs. Sendo assim, a análise feita neste estudo, levou em conta a fragilidade dos recursos naturais da área pesquisada e do seu entorno mais próximo, bem como o uso e ocupação do solo, procedidos sobre esse território. Os resultados demonstram que respeitados os limites éticos, realizado o devido planejamento e definido o foco específico de atuação, é possível obter grandes resultados até mesmo de forma simplista, através de projetos, inicialmente, artesanais. A atuação das ONGs ambientalistas na Área de Proteção Ambiental Lagoas e Dunas do Abaeté exerce um papel social importante, visto que aponta novos e descentralizados meios de promoção da sustentabilidade urbana.