Esta pesquisa discute a participação das imagens no processo de letramento tomando, como contexto, a Festa do Licuri no sertão semiárido baiano. O material de análise foi coletado durante a Sétima Festa do Licuri realizada em Barra Nova, zona rural de Várzea do Poço, Bahia. O Licuri, nos aspectos aqui estudados, é considerado um elemento que se apresenta como imagem, que aponta para uma nova visão para o sertão semiárido, para o sujeito e para o espaço no qual a Festa se inscreve. Essas discussões direcionam nossos olhares para o atravessamento do visual na linguagem cotidiana, no discurso e na produção de sentidos que daí floresce. Desse modo, a abordagem do letramento está aqui amparada na perspectiva multimodal, tendo como suporte os estudos de O’Halloran (2011), Kress (2010) e Jewitt (2008) em diálogo permanente com Kleiman (2012) e Street (2006). Para isso, consideramos que o fazer sentido a partir do mundo visibilizado se faz fortemente marcado pelos aspectos culturais, pela questões identitárias e pela implicação do olhar. Defendemos ainda a produção de sentidos da linguagem imagética com base em Gomes (2004), Maffesoli (1995) e Spink e Medrado (2013). A pesquisa é natureza etnográfica tendo como suporte a abordagem multirreferencial a partir de Macedo (2000) e Ardoino (1998). Finalmente, o estudo aponta para o exercício da negociação e produção de significados ancorados nas imagens do contexto da Festa e das simbologias do sertão semiárido. Imagens e mundo, portanto, se encontram interpenetrados no fenômeno observado como elementos sem fronteiras, atravessando a linguagem, os discursos e as práticas de escrita.