O arquétipo do brincar: o fio que une a cultura das infâncias.
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Resumo
A presente pesquisa originou-se do Projeto Praça Brincar configurando-se como uma experiência brincante com crianças em espaços abertos, em Salvador (BA). O trabalho busca compreender o brincar como arquétipo a partir da psicologia junguiana, face à universalidade e à ancestralidade do brincar, como fio que une a cultura das infâncias, ao tomar como pergunta a seguinte questão: “Será que a experiência do brincar da criança, para além das subjetividades específicas de cada uma, teria uma matriz universal comum, que liga e une todas elas?”. A tese ancora-se em princípios da pesquisa qualitativa e da pesquisa (auto)biográfica, que tem como premissa a investigação e a reflexão sobre experiências significativas vividas a partir das subjetividades dos participantes, através das diferentes formas de narrar de cada indivíduo, ao revelar o simbólico que reside em cada um. As formas de contar essas histórias são as mais variadas possíveis por meio de outras linguagens, além da oral e da escrita, como no caso desta pesquisa, que inclui a linguagem do brincar. Os dispositivos utilizados foram as observações livres, a entrevista e as fotografias. Nos diferentes momentos da pesquisa, usei um caminho metodológico utilizado por Jung (1985): deixar acontecer, observar atentamente e debruçar-se para, assim, poder compreender a experiência que acontecia. Tanto as práticas do brincar quanto as entrevistas foram analisadas a partir da perspectiva da amplificação simbólica, proposta por Jung (2012c), e que envolve o uso dos paralelos com os mitos, com as lendas, com os contos de fada e com os relatos históricos nas diferentes culturas. Como locus de pesquisa tivemos dois espaços abertos de natureza: a Praça Brincar e o Quintal Dia Lindo, onde as crianças puderam experienciar o livre brincar. Participaram deste estudo 8 (oito) crianças, com idade entre 6 (seis) e 11 (onze) anos, de diferentes bairros da cidade de Salvador (BA). É possível concluir que trazer à tona a compreensão do arquétipo do brincar pode contribuir para um avanço no entendimento de que existe uma predisposição psíquica à atuação de comportamentos lúdicos universais das crianças, necessários à vinculação com a vida e compartilhados na cultura das infâncias.