Pós-Graduação

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As visualidades da festa do Licuri no sertão semiárido: análise das formas de letramento e formação para a convivência com o semiárido
(UNEB, 2015-10-20) Silva, Núbia Oliveira da; Gomes, Antenor Rita; Reis, Edmerson dos Santos; Macedo, Roberto Sidnei Alves
Esta pesquisa discute a participação das imagens no processo de letramento tomando, como contexto, a Festa do Licuri no sertão semiárido baiano. O material de análise foi coletado durante a Sétima Festa do Licuri realizada em Barra Nova, zona rural de Várzea do Poço, Bahia. O Licuri, nos aspectos aqui estudados, é considerado um elemento que se apresenta como imagem, que aponta para uma nova visão para o sertão semiárido, para o sujeito e para o espaço no qual a Festa se inscreve. Essas discussões direcionam nossos olhares para o atravessamento do visual na linguagem cotidiana, no discurso e na produção de sentidos que daí floresce. Desse modo, a abordagem do letramento está aqui amparada na perspectiva multimodal, tendo como suporte os estudos de O’Halloran (2011), Kress (2010) e Jewitt (2008) em diálogo permanente com Kleiman (2012) e Street (2006). Para isso, consideramos que o fazer sentido a partir do mundo visibilizado se faz fortemente marcado pelos aspectos culturais, pela questões identitárias e pela implicação do olhar. Defendemos ainda a produção de sentidos da linguagem imagética com base em Gomes (2004), Maffesoli (1995) e Spink e Medrado (2013). A pesquisa é natureza etnográfica tendo como suporte a abordagem multirreferencial a partir de Macedo (2000) e Ardoino (1998). Finalmente, o estudo aponta para o exercício da negociação e produção de significados ancorados nas imagens do contexto da Festa e das simbologias do sertão semiárido. Imagens e mundo, portanto, se encontram interpenetrados no fenômeno observado como elementos sem fronteiras, atravessando a linguagem, os discursos e as práticas de escrita.
Contação de histórias: uma abordagem da tradição oral e do letramento escolar no semiárido baiano
(UNEB, 2016) Nogueira, Sayonara Cordeiro de Marins; Santos, Cosme Batista dos; Santos, Juracy Marques dos; Borges, Carla Luzia Carneiro
Esta dissertação traz uma contribuição ao tema da relação cultura e educação. Faz parte das exigências da Linha de pesquisa Letramento e Comunicação Intercultural do Programa de Pós-graduação em Educação, Cultura e Territórios Semiáridos da Universidade do Estado da Bahia – UNEB, PPGESA, Campus III. As práticas de letramento como aponta Street (2014) são empoderadoras dos sujeitos, em especial quando esses se apropriam da leitura e da escrita. Nesta pesquisa, estudou-se como a tradição de contar histórias, causos e contos populares faz interface com a cultura escrita e pode também está inserida nesse processo de empoderamento dos praticantes. Diante disso, foi considerada como questão de pesquisa que as práticas de contar histórias dos contadores de Maniçoba/BA geram um processo formativo na escrita e na leitura dos escutadores e, em alguma medida, dos contadores. Para constatação desse pressuposto, foram investigadas as práticas de contação de história em Maniçoba/BA, como também a transcrição dos contos para a escrita que permite aproximar os contadores nessa prática, além disso, investigou-se como a contação permite formar um aprendizado do oral na interface com a escrita formando leitores escutadores. Assim, as narrativas orais, precisamente os causos populares, bem como as práticas de escrita dessas narrativas foram analisadas no viés dos estudos do letramento. Para tanto, buscou-se os aportes teóricos em Street (2007, 2011, 2014) com a contribuição das reflexões sobre os letramentos sociais, destacando a abordagem do letramento intercultural que valoriza as interfaces entre a leitura e a escrita nas práticas sociais, as agências e agentes de letramentos. Zumthor (1993, 1997, 2007) refletindo sobre a voz na escrita e Vancina (1982) com a relevância da tradição oral, entre outros. A metodologia utilizada a partir da pesquisa qualitativa em educação à luz de Bogdan e Biklen (1994) se configurou numa Triangulação de métodos e técnicas ou Entre-triangulação (DENZIN, 1970 apud FLICK, 2008). Nesse percurso, os resultados apontaram que a tradição de contar histórias em Maniçoba/BA é uma prática fortalecedora na interface da oralidade e da escrita dos contadores e dos escutadores.
Para outro sertão, outra educação Casos de Práticas Formais e Não Formais de Educação Contextualizada para a Convivência com Semiárido na Bahia e no Pernambuco
(UNEB, 2016) Pereira Neto, Alexandrino; Martins, Josemar da Silva; Oliveira, Jorgete Pereira; Monteiro, Eliana de Barros; Vieira, Josenilton Nunes; Melo, Rosicleide Araújo de
O presente trabalho busca analisar práticas formais e não formais de educação de escolas públicas e ONGs para verificar o modo como essas contextualizam suas práticas e conteúdos, de acordo com os preceitos da educação contextualizada para a convivência com o semiárido. A pesquisa tem como objetivo geral investigar as práticas educativas formais e não formais das instituições em questão e verificar, de modo comparativo, que relações essas práticas mantêm com os princípios e ideais da educação contextualizada para convivência com o Semiárido Brasileiro (SAB), e como constroem novas consciências da convivência com o SAB. Busca analisar os aspectos institucionais, curriculares e práticos de quatro instituições, sendo duas escolas e duas ONGs. As escolas são o Centro Educacional Territorial e Profissional do São Francisco (CETEP-SF) em Juazeiro, Estado da Bahia; e a Escola de Referencia Teresa Torres, no município de Itapetim, Estado de Pernambuco. As duas ONGs são a Associação de Desenvolvimento Comunitário (ADAC), em Juazeiro, no Estado da Bahia; e o Centro de Desenvolvimento Agroecológico Sabiá, no Município de Triunfo, no Estado de Pernambuco. A pesquisa tem caráter qualitativo, em forma de estudo comparativo de casos e terá como instrumentos de produção de dados visitas e observações, anotações, entrevistas, análise de livros didáticos e das propostas curriculares e institucionais. A fundamentação principal da pesquisa são os constructos teóricos ligados ao tema território, principalmente Santos (1997) e Albuquerque Jr. (2008); principalmente Mignolo (2008) ao tema colonização/colonialidade, e ao tema educação principalmente Freire (1981) e Brandão (2004), bem como a produção recente sobre contextualização/ descontextualização, conforme RESAB (2011). Os resultados indicam que, diferente do trabalho das ONGs, a educação pública ainda mantém seu espectro de descontextualização.
A rádio escola educomunicativa: uma alternativa para a contextualização da educação e a convivência com o semiárido
(UNEB, 2016) Souza, Michelle Cristine Laudilio de; Martins, Josemar da Silva; Reis, Edmerson dos Santos; Melo, Rosicleide Araújo de
A inserção de rádios escolares através do projeto Mais Educação, do Governo Federal, é uma realidade em Juazeiro (BA) desde 2009. Há seis anos, as escolas públicas buscam no rádio uma alternativa de inserção tecnológica que permita aos estudantes divulgarem informações no ambiente escolar. Assim, essa dissertação traça um retrato dessa inserção a partir de um Estudo de Caso realizado no Colégio da Fantasia, que traz como questões principais de pesquisa: A Rádio Escola Nas ondas do Saber, do Colégio da Fantasia, é utilizada para contextualizar a realidade do aluno, formando novos olhares para a comunicação, educação e a convivência com o Semiárido? Em que consiste o uso educomunicativo da rádio supracitada? E para responder tais questionamentos o Estudo de Caso, qualitativo e com enfoque epistemológico etnográfico, foi norteado por quatro objetivos específicos: a) examinar se a produção do conteúdo e a programação da Rádio Escola Nas ondas do saber são voltadas para a realidade e a cultura dos alunos; b) identificar se há construção de novos formatos comunicativos para a Rádio Escola, ou se há apenas a reprodução dos formatos adotados pelas rádios comerciais, que valorizam a espetacularização e o sensacionalismo; c) detectar se os professores utilizam a Rádio Escola, promovendo uma interação entre sua disciplina, a realidade da comunidade e o processo de ensino aprendizagem; d) analisar se a rádio estimula a discussão de temas regionais como a sustentabilidade, a água, a comunidade em que está inserida, a seca e os problemas sociais, abordando as questões de educação e a convivência com o Semiárido e, e) apresentar as atividades desenvolvidas pelos estudantes na Rádio Escola, considerando os aspectos que a torna ou tornaria educomunicativa. A ideia foi descrever e analisar o conteúdo dos dados colhidos através de entrevistas realizadas com professores de Língua Portuguesa, monitor do Programa Mais Educação, Coordenadora Pedagógica e estudantes participantes do projeto Rádio Escola; observações e transcrições de programas produzidos pela Rádio Escola Nas Ondas do Saber, baseando-se, principalmente, em autores da Educomunicação – como Soares (2011), Baccega (2011), Martin-Barbero (2011) – e da Educação Contextualizada, como Reis (2009), Carvalho (2012), Martins (2006). Tal análise traz como resultados uma densa reflexão sobre a inserção cotidiana de projetos dentro da escola, pois a partir da pesquisa realizada na Rádio Nas Ondas do Saber, que se diz educomunicativa, mas não consegue garantir e executar os princípios básicos da Educomunicação. Percebe-se que os projetos estão sendo depositados na escola sem objetivos, sem planejamento e sem interação com os projetos já existentes. Além disso, a rádio trata os assuntos locais de modo negligenciado, valorizando apenas os eventos comemorativos, em detrimento aos assuntos relevantes, como as questões de gênero e raça, sustentabilidade, drogas e violência (que fazem parte do cotidiano do Colégio da Fantasia). Logo, essa pesquisa traz contribuições para pensarmos na escola e para entendê-la em sua complexidade, visto que as suas dinâmicas interferem diretamente nos projetos que elas inserem em seu ambiente.
O uso do telefone celular como recurso de ensino e aprendizagem em escolas públicas estaduais de Petrolina-PE: possibilidades e desafios no contexto do semiárido
(UNEB, 2016) Souza, Josenilda Martins de; Rocha, Ricardo José Amorim; Paiva, Carla Conceição da Silva; Costa, Flávia Veloso da
No Século XXI, o uso das tecnologias da informação e comunicação vem modificando nossa sociedade e se faz necessário que as escolas sejam mais flexíveis e estejam atentas quanto aos interesses dos estudantes nesse contexto. A escola, e consequentemente, o professor que se abre para este desafio não está alheio à ordem e nem abre mão da sua autoridade, mas sim, torna-se um ser humano capaz de entender a realidade de seus estudantes. Uma geração de nativos digitais, e bem familiarizadas com a tecnologia informacional e comunicacional, não permanece estática em uma aula com quadro negro e giz branco. Os telefones celulares marcam territórios em todos os lugares e de todos os lados e o que se divulga é a “nocividade” desses aparelhos para a sala de aula, por dificultarem a concentração e atrapalharem a aprendizagem. Face ao exposto, este estudo se propõe a averiguar, nas escolas públicas estaduais do Município de Petrolina, usos do telefone celular em sala de aula que promovam o ensino e a aprendizagem em uma educação para convivência com o semiárido, com o público de professores e estudantes do Ensino Médio. Além disso, propõe a elaboração de um guia com sugestões e experiências bem sucedidas que promovam o potencial tecnológico do telefone celular para os estudantes. O caminho metodológico se dá numa perspectiva qualitativa-quantitativa, com observações, aplicação de questionários, entrevistas individuais e coletivas. Ainda utilizou-se a revisão bibliográfica como forma de subsidiar as observações em campo. Na contramão da integração dos dispositivos móveis no espaço escolar, leis sancionadas no Estado de Pernambuco e no Município de Petrolina restringem o uso de telefones celulares em estabelecimentos públicos e privados. Através da pesquisa in loco, constatou-se que professores e estudantes utilizam celulares em horário de aula, mesmo a escola tendo determinado tal proibição no seu cotidiano. Isso demonstra que ainda há um longo debate a ser feito no sentido da integração do telefone celular como objeto pedagógico na rede estadual de ensino de Petrolina, pois mesmo com potencial para contribuir na aprendizagem, ainda enfrenta problemas para ser reconhecido com um recurso pedagógico, visto que ainda hoje, é utilizado com maior intensidade, pelos estudantes, apenas para trocar mensagens e participar das redes sociais
A poética de cordel como artefato de aquisição de letramento: na voz, no corpo/performance – contextos de oralidade no município de Uauá – BA
(UNEB, 2016) Barbosa, Gabriela dos Santos; Santos, Cosme Batista dos; Silva, Josemar Martins da; Silva, Andréa do N. Mascarenhas e
O projeto que me trouxe a um mestrado em Educação tornou-se possível porque descobri novas formas de enxergar as mesmas coisas. A hipótese central que norteou momentos cruciais de inquietações se pautou na seguinte questão: de que modo a poética do cordel afetou a aquisição do letramento ao promover formação literária/escrita dos poetas cordelistas no município de Uauá-Ba? Assim, o trabalho caminhou para a composição de uma cartografia, a qual buscou analisar, em contextos de oralidade, no município de Uauá-BA, como ela aproximou/aproxima estes sujeitos da cultura escrita, tendo como instrumentos o corpo e a voz (performance) na condução desse evento. Para tanto, selecionamos como referenciais teóricos, o conceito de letramento, como prática social, contextualizada e ideológica, trazido por Street (1984; 2014) e Kleimam, (1995), também Galvão (2007) ajudou a pensar os saberes colhidos na cotidianidade e na oralidade para a aquisição de letramento e inserção dos sujeitos no universo da cultura escrita. Alargando o campo de discussão o conceito de oralidade e escrita a partir de Ong (1998); Chartier (1996; 1998; 2001) e Certeau (1996). Tendo em vista esse contexto intercultural da oralidade e da escrita, vislumbrei a possibilidade de pensá-lo a partir da poesia de cordel, e, para isso, lancei mão de outros estudos seminais, a saber, Ana Maria Galvão (2001). No campo do entendimento da poesia oral e sua performance Paul Zumthor (1993; 1995; 2010; 2014) foi de fundamental importância. Além desses, outros importantes ensinamentos serviram ao desenvolvimento do referencial teórico dessa pesquisa. Quanto a abordagem trata-se de uma pesquisa qualitativa ancorada na fenomenologia. Do ponto de metodológico, ela apoia-se na cartografia, cuja perspectiva é mapear a poética das vozes no município de Uauá-Ba, tendo como suporte os estudos Biembengut (2014) e Kastrup (2014). Os resultados nos permitiram concluir que, a poesia de cordel, objeto de nossa pesquisa, é tomada como conteúdo de aprendizagens que promoveu a formação literária/escrita dos poetas cordelistas de Uauá ao contribuir significativamente para o processo de alfabetização, emergindo-os na cultura do escrito fora do espaço formal de ensino: a escola. Nessa medida, a poesia de cordel, oriunda do saber popular e da cotidianidade, captada pela tinta da caneta dos poetas e transformada em poesia, retorna ao povo, através do corpo e da voz do seu criador levando conhecimento acerca da realidade vivenciada pelo poeta, constituindo, assim, um ciclo: o poeta que se serve da poesia para sua formação, forma outros sujeitos com os saberes ali embutidos. Eis a grande contribuição para a educação, utilizar-se da poesia de cordel como espaço pleno de conhecimento
Educomunicação e práticas de letramento: um diálogo a partir dos usos das TIC
(UNEB, 2016) Almeida, Manuela Pereira de; Andrade, Luiz Adolfo de Paiva; Amorim, Ricardo José Rocha; Ribeiro, Marcelo Silva de Souza
As tecnologias da informação e comunicação (TIC) estão presentes na escola por meio de programas governamentais diversos. Neste sentido, investigar seus usos, seus impactos e relevância no espaço escolar são preocupações dos mais diferentes campos do conhecimento, prioritariamente da Educação, mas com mesmo afinco, uma inquietação da Comunicação também. Trilhando este percurso onde está situada a interface educação-comunicação, este trabalho teve como objetivo investigar as práticas de letramento escolar, a partir do uso das TIC, buscando um diálogo com a educomunicação. Tal investigação se concentrou na elaboração de um blog produzido, de forma colaborativa, com estudantes do Ensino fundamental II, que fazem parte da Rádio Escola Ação Jovem, da Escola Estadual Antônio Padilha. A metodologia utilizada foi a Pesquisa Participante, a partir da compreensão de Borda (1988). As técnicas de pesquisa para coleta de dados foram: as oficinas para elaboração do blog, acompanhadas de um diário-rascunho para registro dos encontros com as colaboradoras de pesquisa; entrevista semiestruturada, questionário semiaberto conforme destacam Lüdke e André (1986). O trabalho discute os conceitos de hipertexto e hipermídia com base em Lévy (1993; 1999) e Leão (2005). Também estão pontuadas as implicações destas tecnologias nas práticas culturais, considerando tal discussão com Lemos (2007; 2006) e Lemos e Lévy (2010). Sobre Educomunicação, o trabalho busca em Soares (2014; 2011) compreender como surge este campo de estudo e de práticas; utiliza Prats (2014), Aparici e Osuna (2014) para perceber o caminho a ser explorado pela Educomunicação no contexto da web 2.0. E, sobre práticas de letramento teve como base Street (2014; 2006), através de sua concepção de letramentos sociais. Já tratando das práticas de letramento no contexto escolar, Kleiman (2010) traz importantes considerações. Termos como letramento midiático, digital e multiletramentos aparecem como forma de explanar a variedade de abordagens que se tem desta temática. Assim, esta investigação aponta para as possibilidades de diálogo entre a educomunicação e práticas de letramento, tendo a hipermídia, com suportes diversos propiciando as interseções destes campos do conhecimento.
Samba de véio: interações e sentidos de uma simbologia identitária na Ilha do Massangano
(UNEB, 2016-02-22) Silva, José Sebastião Menezes da; Santos, Juracy Marques dos; Vieira, Josenilton Nunes; Ribeiro , Marcelo
A pesquisa Samba de Véio: interações e sentidos de uma simbologia identitária na Ilha do Massangano analisa como, por meio da criação musical e da dança, uma comunidade pode narrar a sua história, reconhecer territorialidades e a memória, cultivar sua existência, símbolos e identidade. Reportamo-nos a uma interpretação de discursos de linguagem oral, escrita, percussiva e das interações, no cotidiano da Ilha do Massangano (Petrolina-PE), e à criação de narrativas orais/musicais sobre a produção de vivências no território, cujo agente instigador é o seu Samba de Véio. O folguedo se configura como o estandarte da comunidade e do seu povo, numa construção simbólica iniciada há mais de cem anos por descendentes de indígenas, negros escravizados, mestiços e brancos portugueses. Esse constructo se dá na forma de pensar, conflitar, dizer, sentir, criar, cooperar, complexizar. São memórias que “iluminaram” as territorialidades, suas tradições, e se materializaram em criações artístico-culturais nas Américas. A produção musical, a qual os moradores da ilha denominavam de “Samba de Reis”, desde a primeira década do século XX, e a posteriori “rebatizada” de “Samba de Véio”, revela, em suas invenções, a “pertença”, sua reverência à natureza e ao sagrado e às interações dinâmicas do lugar; retrata, simbolicamente, por meio de suas letras, batuques e dança, as vivenciais cotidianas da ilha, marcadas historicamente, também por trocas, misturas, tensões, subjetividades e táticas de significação, que cimentam a formação cultural do povo. Foi por meio das interpretações dessas narrativas que se concebeu o presente estudo.
Uso teste dos livros didáticos “conhecendo o semiárido 1 e 2” no município de Juazeiro/Ba: implicações na prática pedagógica
(UNEB, 2016-02-22) Sena, Rosiane Rocha Oliveira; Reis, Edmerson dos Santos; Vieira, Josenilton Nunes; Millen Neto, Álvaro Rego; Barros, Edonilce da Rocha; Lima, Elmo de Souza
O presente trabalho é resultado da pesquisa de Mestrado realizada no ano de 2015 em uma escola no município de Juazeiro/BA cujo objetivo foi investigar o percurso do teste dos livros “Conhecendo o Semiárido 1 e 2” na rede municipal de ensino em Juazeiro/BA e as implicações oriundas dessa vivência no que se refere a reorientação das práticas educativas voltadas para a contextualização do currículo e das ações didático-pedagógicas nas turmas de 5º ano do Ensino Fundamental I da Escola Flores. Para tal, adotamos a pesquisa ex-post facto atrelada ao estudo de caso do tipo etnográfico respaldado por André (2005) como enfoque epistêmico-metodológico bem como a perspectiva de análise fundamentada na triangulação dos dados. Delineamos para realizar a pesquisa na referida escola uma turma de 5º ano, que foi contemplada com o livro didático “Conhecendo o Semiárido 1 e 2” produzido pelo Instituto de Agropecuária Apropriada (IRPAA) e a Rede de Educação do Semiárido Brasileiro (RESAB). A produção desse livro visa apresentar novas maneiras de perceber o Semiárido Brasileiro, tornando-se um elemento constitutivo da Educação Contextualizada para a Convivência com o Semiárido (ECSAB) para a prática pedagógica e consolidando-se como um dos materiais pertinentes à aprendizagem contextualizada dos educandos. Dessa forma investigamos, em consonância com a opção metodológica, como aconteceram os momentos formativos para o uso de tais materiais e de que maneira as políticas nacionais curriculares influenciam para a realização desse teste, avaliando ainda se de fato esses materiais se constituem como itinerário metodológico pertinente à aprendizagem das crianças, bem como ponderamos as aprendizagens gerais desse processo para os usos de livros didáticos no município de Juazeiro considerando todos os nossos interlocutores e interlocutoras. No caminhar da pesquisa observamos que os livros já não eram mais utilizados pela professora cuja prática foi acompanhada por seis meses com o olhar da observação participante, por isso concentramo-nos em perceber se os usos dos materiais, no ano anterior, contribuíram para aprendizagens que se revelariam durante o período de observação, que aconteceu no ano seguinte. Nesse sentido, todas as atividades realizadas com livros didáticos na sala de aula, durante o período de observação, foram com os livros didáticos oficiais e não com os contextualizados cujo teste ainda estava em tramitação, mesmo com as dificuldades; as atividades eram pouco discursivas e mais reprodutoras buscando apenas a “fixação” dos conteúdos ensinados na sala. O teste com os livros didáticos nos mostra que muito ainda deve ser feito para alcançarmos um patamar de valorização das diversidades culturais e da significação que estas podem trazer para o processo de ensino-aprendizagem. Esse teste aponta para um repensar das práticas cotidianas seja com o livro didático oficial ou contextualizado e ainda, que se devem garantir formações docentes de maneira continuada para o desenvolvimento de novas inteligibilidades. E este trabalho direciona reflexões que devemos conjecturar para a realização de outros testes ou implementação do material contextualizado de forma efetiva.
Além do preto no branco: feituras curriculares e ações Afirmativas negras do centro territorial de educação profissional do sertão do São Francisco (Juazeiro/Ba)
(UNEB, 2016-02-26) Santos Júnior, Antonio Carvalho dos; Barros, Edonilce da Rocha; Martins, Josemar da Silva; Silva, Janaina Guimarães da Fonseca e
Provocado pela insurgência da lei 10.639/03, que torna obrigatória o ensino da cultura e da história africana e afro-brasileira na educação básica, nossa pesquisa tem o seguinte objetivo: Compreender como são construídas políticas afirmativas negras nas práticas escolares/curriculares de alunos/as e professores/as negros/as do Centro Territorial de Educação Profissional Sertão do São Francisco. Metodologicamente nossa pesquisa se fez como estudo de caso, com a perspectiva etnográfica, utilizando-se da observação participante e entrevistas como estratégia de construção de dados. Para isso ancoramos nossas reflexões no campo dos estudos do currículo. No entanto, pensamos o currículo como lugar de produção de representação; como movimento de forjamento de identidades, essas que se fazem em relações de poder. Pensamos a escola aqui a partir da política de afirmação da identidade, a desnaturalizamos, para assim, evidenciarmos sua atuação em torno das questões raciais. Observamos que no CETEP um movimento afirmativo se faz nas práticas de professores negros, estes contrariam o silêncio institucional em relação às questões raciais e promovem práticas pedagógicas que disputam o currículo, operando um enegrecimento deste. A partir do encontro com Leonardo foi possível também observar que a identidade religiosa do candomblé transita na escola. Em nossa perspectiva, a raça não funciona como uma categoria que se explica basicamente a partir de características fisionômicas e genéticas dos indivíduos, ela funciona como operadora de um sistema de exclusão econômica, social e simbólica que, ao produzir narrativas sobre o outro, naturaliza seu lugar de subalternidade. Desse modo, a política afirmativa, dizer-se negro, é o esforço de ruptura com essa lógica de representação e exclusão, construindo significados positivos a cerca do povo negro a partir do próprio negro. Isso foi o que podemos observar em ações pedagógicas erigidas no CETEP, onde três professores negros encampam uma afirmação negra nas dinâmicas curriculares. Afirmação essa que também se faz entre os alunos, inclusive na vivência da fé.
Educação contextualizada no cenário das avaliações padronizadas
(UNEB, 2016-03-02) Ramos, Neila Cristina Nascimento; Vieira, Josenilton Nunes; Martins, Josemar da Silva; Brito, Talamira Taita Rodrigues; Rodrigues, Jose Roberto Gomes; Ávila, Virginia Pereira da Silva
Este trabalho resulta de uma pesquisa sobre os desafios da Educação Contextualizada, no cenário das avaliações padronizadas, tendo como ponto de partida, a seguinte questão: Quais são os desafios no desenvolvimento da Educação Contextualizada, na Rede Municipal de Ensino de Juazeiro-BA, tendo em vista o cenário das avaliações padronizadas, na versão da Prova Brasil? Embora os estudos e pesquisas educacionais atuais venham se direcionando à defesa de processos educativos pautados na complexidade, religação dos saberes e no diálogo entre as pautas locais e globais, as políticas educacionais brasileiras têm sido direcionadas a partir da política neoliberal, que coloca a educação a serviço do mercado, tornando-a o principal veículo de reprodução das desigualdades, essência do capitalismo. Nesse sentido, escolhemos para o desenvolvimento desta pesquisa, elementos de natureza fenomenológica, com referencial metodológico que contempla, também, técnicas da etnografia. Para construção das informações, realizamos a observação participante das Formações Continuadas e entrevista semiestruturada com docentes do 5º ano; de modo que nossas análises se desenvolveram por meio da triangulação de dados e elementos da análise do conteúdo. Assim, desvelamos que os organismos internacionais que financiam as reformas da educação brasileira determinam critérios de empréstimo e financiamento, estabelecendo metas padronizadas a serem cumpridas através da educação, as quais são verificadas a partir de uma matriz curricular homogênea e universal que seleciona e determina os saberes a serem avaliados. Esta pesquisa investigou, especificamente, a Prova Brasil (financiada pelo Banco Mundial), cujo discurso oficial oculta-se sob a justificativa de ser uma inovação que visa a diagnosticar a qualidade do ensino oferecido nas escolas brasileiras, a qual é expressa pelo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), com o propósito de orientar as políticas públicas educacionais. E o que esta investigação nos apontou foi o fato de que este processo “avaliativo” que se baseia na homogeneização, fragmentação disciplinar, responsabilização vertical, competitividade, ranqueamento e publicização dos resultados, tem influenciado diretamente na política de formação continuada dos professores, no estreitamento do currículo vivenciado nas escolas e na autorresponsabilização dos docentes, os quais pressionados a alcançarem as metas postas, se veem encurralados e terminam por limitar o trabalho pedagógico às estratégias que auxiliam a “treinar” os alunos para os testes, ampliando ainda mais, a descontextualização do ensino e a anulação das realidades locais, em detrimento do currículo hegemônico que orienta os testes. As avaliações padronizadas se constituem, pois, como forte elemento de colonização e dificultador do desenvolvimento da Educação Contextualizada, uma vez que apresentam princípios opostos.
O sertão que a tv não vê: o jornalismo contextualizado com o semiárido brasileiro
(UNEB, 2016-03-03) Santos, Fabíola Moura Reis; Amorim, Ricardo José Rocha; Gomes, Antenor Rita; Pereira Junior, Alfredo Eurico Vizeu; Reis, Edmerson dos Santos; Flores, Fúviu Torres
Nas cidades de Juazeiro-BA e Petrolina-PE, respectivamente, a Universidade do Estado da Bahia, por meio de um projeto de extensão do curso de Jornalismo em Multimeios, e a Universidade Federal do Vale do São Francisco, desenvolvem duas iniciativas de telejornalismo educativo pela internet, a WebTV Uneb - Núcleo Juazeiro e a TV Caatinga, que possibilitam novas práticas jornalísticas e/ou educativas ao pautar um Semiárido Brasileiro (SAB), diferente do que é mostrado de forma estereotipada pela imprensa hegemônica. Dessa forma, tornou-se necessário entender: qual a colaboração dessas duas plataformas digitais para a representação contextualizada com o Semiárido? Assim, este trabalho objetivou investigar as contribuições desses projetos de telejornalismo para a representação contextualizada com os territórios Semiáridos, a partir de suas abordagens jornalística e educativa. Para tanto, foram selecionadas dentro da programação dessas webtvs, produções que abordam questões e temas ligados ao Semiárido, como Ciência, Educação Contextualizada e Contemporaneidade. O estudo identificou ainda na programação das duas plataformas estudadas, como os territórios Semiáridos são representados. Verificou também como os produtores de conteúdo desses projetos (os estudantes de Jornalismo e profissionais egressos do curso de Jornalismo em Multimeios da Uneb) absorvem a proposta de uma representação diferenciada sobre o Semiárido. Todo o material foi avaliado à luz da Análise do Discurso Francesa. Por fim, com a pesquisa foi desenvolvida a proposta do Jornalismo Contextualizado com o Semiárido Brasileiro (JCSAB), a partir da programação das referidas webtvs e seus produtores de conteúdo, além da contribuição de outros sujeitos que trabalham em entidades (governamentais ou não) que atuam como o objetivo de promover o SAB. O JCSAB é uma proposição que investe nas variadas possibilidades de representações sobre esses territórios que se aproximem da realidade, sem omissões e/ou distorções, com uma diversidade de produção de sentidos, temáticas e abordagens, onde o enfoque jornalístico caminha de forma equilibrada com a proposta educativa
Territorialidades dos professores do IF-Sertão e os sentidos geossimbólicos do sertão semiárido
(UNEB, 2016-03-08) Dutra, Mábio; Carvalho, Luzineide Dourado de; Barros, Edonilse da Costa; Cavalcanti, Lucas Costa de Souza; Vieira, Josenilton Nunes
A pesquisa visa analisar as percepções de territorialidade dos professores do Curso Técnico Subseqüente em Agricultura do IF – Sertão, objetivando-se, desta forma, compreender os sentidos de pertencimento ao território semiárido brasileiro. A problemática parte da reflexão das continuidades ou superações do paradigma cartesiano-mecanicista para as emergências de uma racionalidade complexa que vem sendo postas pelas instituições para com a natureza semiárida. Deste modo, o estudo buscou identificar e descrever como a territorialidade, a docência e a institucionalidade se movem dentro dessa transição paradigmática, através de sua percepção geossimbólica. Com base na pesquisa qualitativa de perspectiva fenomenológica, este estudo de caso seguiu o percurso metodológico da etnometodologia na busca de perceber as bases transitórias que se dão nessa instituição para a emergência de uma nova institucionalidade, bem como acionam os docentes manifestarem uma relação dialógica com o território em seus aspectos ambientais e socioculturais. Para tanto, além de ouvidos os professores, foram analisados os documentos instituintes do IF – Sertão, em termos de diretrizes e concepções. Os resultados obtidos apontarão como as transformações da Educação Profissional, Científica e Tecnológica como instrumento de política pública para a inclusão social e a democratização do conhecimento, podem encaminhar-se, através de uma abordagem cultural das relações territoriais, principalmente a partir da percepção territorial do professor e, portanto, de sua territorialidade, para uma efetiva ação transformadora da realidade social que, através de uma nova/outra racionalidade e institucionalidade, abre-se para a perspectiva da Convivência com o Semiárido.
Implicações do PIBID nas licenciaturas de física e química no IF Sertão – PE
(UNEB, 2016-03-08) Amorim, Delza Cristina Guedes; Vieira, Josenilton Nunes; Martins, Josemar da Silva; Ávila, Virgínia Pereira da Silva
O presente estudo investigou as implicações do PIBID/Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência na concepção de formação docente nos professores formadores no IF SERTÃO-PE/Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano. Com o objetivo de compreender as influencias do PIBID na formação de professores na referida instituição, descreve e interpreta a trajetória do PIBID no IF SERTÃO-PE e as concepções de docência dos professores formadores participantes do programa. Fundamentou-se nos documentos oficiais e relatórios do PIBID/CAPES, e também na revisão da literatura sobre Profissão e Profissionalização docente, Saberes docentes e Construção identitária docente. A condução epistemológica da pesquisa inspirou-se na fenomenologia na perspectiva etnometodológica, por partir do estudo das atividades cotidianas docentes e seus significados, por meio da abordagem qualitativa de natureza descritiva. A pesquisa concentrou-se na análise do PIBID edital 2009, que funcionou na instituição de 2010 a 2013. Os instrumentos utilizados nos procedimentos metodológicos baseou-se na análise documental dos relatórios institucionais do PIBID, relatórios de alunos e supervisores, bem como avaliações e relato das memórias de reuniões do programa e entrevista semiestruturada com nove professores que fazem parte da equipe nos subprojetos de Química e Física. A interpretação e compreensão dos dados foi fundamentada na análise documental, observações e entrevistas, no contexto das licenciaturas no IF SERTÃO-PE e no aporte teórico referência. Evidenciou-se como resultados do estudo o PIBID como uma política pública que promove a valorização do magistério por meio de uma nova dinâmica nas licenciaturas, a qual permite uma formação inicial comprometida com a educação básica, mas ainda convivendo com problemas nas condições de trabalho docente. Também, o PIBID promovendo inovações nas práticas pedagógicas dos professores formadores e licenciandos por meio das vivências e experiências nas escolas de Educação Básica. E, ainda, promovendo ressignificações na concepção de docência dos professores formadores. Conclui-se com o estudo que o PIBID mobiliza as licenciaturas para uma conexão com o lócus do trabalho docente o qual articula a relação teoria/prática por meio de vivências que se transformam em experiências e reflete sobre o processo de profissionalização na construção da identidade profissional do professor.
A constituição dos currículos dos cursos técnicos em comércio e segurança do trabalho no núcleo avançado do IFBA em Juazeiro (2010-2015)
(UNEB, 2017) Santos, Ana Paula Rocha dos; Rodrigues, José Roberto Gomes; Reis, Edmerson dos Santos; Pitanga, Ângelo Francklin
Esta pesquisa tem como objetivo geral analisar a constituição e a operacionalização dos currículos, a partir dos planos de cursos e das matrizes curriculares dos cursos técnicos subsequentes em Comércio e em Segurança do Trabalho ofertados no Núcleo Avançado do IFBA em Juazeiro e traz a seguinte questão de pesquisa: Como foram constituídos e operacionalizados os currículos dos cursos técnicos subsequentes em Comércio e Segurança do Trabalho durante a implantação do IFBA em Juazeiro? Com essa indagação procuramos obter respostas e/ou mesmo novas indagações sobre o processo de concepção do currículo desses cursos por meio da matriz curricular presente nos Planos de cursos analisados. Para as bases teóricas, recorremos aos pressupostos epistemológicos do Currículo na perspectiva de: Goodson (2007, 2012) Silva (1998, 2001), Burnman (1993), Costa (2005), Santomé (1998), Martins (2006), Reis (2010, 2011) e Rodrigues (2009, 2012); das Disciplinas Escolares defendido por: Chervel (1990), Julia (2001, 2002), Rodrigues (2009, 2012) e Viñao (2006); da Cultura Escolar presente nos estude de: Julia (2001, 2002), Faria Filho, Gonçalves, Vidal e Paulilo (2004); e da Educação Profissional proposta por: Ciavatta (2005), Cordão (2005), Cunha (2000, 2002), Frigotto (2005, 2009), Santos (2015). A fundamentação metodológica alicerça-se na abordagem qualitativa, sendo de caráter fenomenológico por compreendermos que se alinha aos objetivos da pesquisa em Educação aqui propostos. Ademais, utilizamos como técnicas de pesquisa a triangulação de dados proposta por Sarmento (2011) e a análise de conteúdo trazida por Bardin (2016). Além disso, tem como procedimentos a pesquisa participante por meio das observações no Núcleo Avançado do IFBA em Juazeiro – locus da pesquisa e conta como fontes de pesquisa o levantamento documental inerente à constituição dos currículos coletados nesta unidade escolar. Como instrumento de coleta e produção de dados, utilizamos a entrevista reflexiva (SZYMANSKI, 2004) com os sujeitos da pesquisa implicados nesse processo de implantação, a saber: 15 estudantes, 7 professores e 7 gestores. As análises apontam para um currículo fundamentado em uma concepção teórica e técnica, prescindindo da formação humanística e prática como aspecto de desarticulação do currículo prescrito e o currículo efetivo na sala de aula e demais atividades pedagógicas. Fato que também distancia esses currículos da missão institucional de formar sujeitos mais críticos, articulando ensino, pesquisa e extensão, embora os estudantes reiterem que a formação construída nesse processo formativo apresentou-se relevante para a sua vida pessoal e profissional. Por fim, os resultados da pesquisa revelam que os professores implicados no desenvolvimento desses currículos não se reconhecem neles por não terem participado na sua concepção, demonstrando o aspecto prescritivo do currículo, embora tenhamos observados perspectivas emancipadoras a essa prescrição. Como proposição, esta pesquisa visa a colaborar com a constituição de outros currículos de cursos técnicos subsequentes, constituir a recente história do IFBA em Juazeiro, além de fomentar outras pesquisas sobre a implantação de currículos em outros Núcleos Avançados do Instituto Federal da Bahia.
Descolonização do currículo nas experiências de educação contextualizada para a convivência com o semiárido brasileiro: um olhar sobre as escolas do campo no território sertão do São Francisco
(UNEB, 2017) Ribeiro, Ana Paula Santos Granja; Barros, Edonilce da Rocha; Reis, Edmerson dos Santos; Silva, Maria do Socorro
Este estudo analisa como a proposta de Educação Contextualizada está sendo implementada nas escolas do campo, no Território Sertão do São Francisco, para perceber se, de fato, está ocorrendo a descolonização dos currículos e a promoção do protagonismo dos sujeitos do campo. A pesquisa foi realizada em três escolas do campo, localizadas nos municípios de Juazeiro, Uauá e Curaçá, no território Sertão do São Francisco. O embasamento teórico-metodológico fundamenta-se na fenomenologia, optando como método de procedimento o estudo de caso, do tipo qualitativo. Para a pesquisa de campo, foram utilizadas as técnicas de entrevistas com pessoas chaves (Secretários/as de educação, gestores/as, técnicos e técnicas de educação e professoras das escolas pesquisadas), além da observação direta por meio de visitas às escolas do campo, eleitas como lócus da pesquisa e do Diário de Campo. Para o embasamento teórico, foram acessados estudiosos como José de Souza Silva com a teoria do “Bem Viver”, Edmerson dos Santos Reis e Josemar da Silva Martins que discutem a Educação Contextualizada e o currículo descolonizado, além de Roseli Salete Caldart, Monica Castagna Molina e Celia Regina Vendramini, que trazem o debate sobre Educação do Campo, dentre outros. Os resultados apontam que, apesar das estratégias utilizadas pelos municípios pesquisados ao trabalharem um currículo contextualizado, essas não dão conta de abarcar o universo plural dos contextos escolares, visto que, para que esses instrumentos e ações venham obter uma eficácia, faz-se necessário e urgente a implementação de uma Política Pública que institucionalize a Educação Contextualizada como uma prática a ser incorporada pelas Secretarias Municipais de Educação, que precisa ir além do direito básico, que, por sua vez, não garante aos sujeitos do campo uma educação de qualidade, que respeite e contemple os seus contextos de vida. Embora haja esforços individuais e de um pequeno coletivo, a descolonização do currículo, nas experiências de educação contextualizada para a convivência com o Semiárido Brasileiro, ainda se mostra como uma não política pública, mesmo já existindo seus marcos conceituais, suas bases e diretrizes, em parte consolidadas.
Cartografia urbanográfica no sertão do São Francisco: uma proposta infocomunicacional a favor da articulação de novos espaços de arte e educação
(UNEB, 2017) Bastos, Cecilio Ricardo de Carvalho; Andrade, Luiz Adolfo de Paiva; Amorim, Ricardo José Rocha; Medeiros, Macello Santos de
O momento de transformação e amadurecimento das relações urbanas requer atenção para as associações através de práticas que não anulem as particularidades de seus componentes. Desenvolver o monitoramento e o armazenamento, assim como a anexação e o compartilhamento, de anotações eletrônicas que compõem o universo da arte urbana é ressalvar a importância de reapropriação dos lugares. Essa manifestação artística, também chamada de urbanografia, comporta elementos comunicativos expressivos que, conjugados com outras interferências, multiplicam as capacidades formativas que contribuem para a proeminência da cidade educadora. Possível tema gerador para a educação, surge como uma oportunidade de emergir associações que buscam contribuir com o aperfeiçoamento das capacidades interpretativas de jovens estudantes. Trata-se da formação perceptiva de visualidades que dialogam com estímulos próximos e distantes ao indivíduo. Elas desenvolvem uma subjetiva rede de saberes, transformando os fragmentos dos espaços urbanos em surpreendentes territórios informacionais. A pesquisa busca alinhar narrativas orais e visuais por meio das mídias locativas, a partir da concepção de uma interface de geolocalização, capaz de proporcionar um mapeamento da urbanografia no Sertão do São Francisco, registrando paisagens metamórficas, expressões de resistência, negações, aceitabilidades e estratégias, com perspectivas de potencializar os fluxos de conhecimento em espaços livres. Revela-se, a partir das particularidades culturais existentes, um estudo sobre a arte urbana e geração de concepções para o desenvolvimento de espaços educativos. Averigua parte do alcance das associações, dos contextos criativos, as experimentações e criticidade que se constroem e/ou se refazem, examinando o papel das dinâmicas de não-humanos. Também, investiga os trânsitos culturais que colidem com as estratégias de grupos hegemônicos, principalmente os que se referem aos comportamentos transgressivos. A partir da elaboração da Cartografia de Controvérsias foi possível alcançar sentidos mais detalhados do fluxo de informação nessa paisagem e cooperar com as discussões que giram em torno da cultura no Semiárido. Para isso, as mídias locativas, isto é, o conjunto de serviços e tecnologias baseadas em localização, proporcionou a expansão dos rastreamentos que encaminhou a abordagem para um entendimento amplo da produção de conhecimentos singulares sobre os lugares e a valorização da memória coletiva. Como substância da cibercultura, as intervenções artísticas em locais públicos passam a receber outros acoplamentos, como mecanismos infocomunicacionais, revelando o seu envolvimento com múltiplas culturas, a sua transmutação sígnica e liberdade para a modelagem de híbridos. Os experimentos executados evidenciaram, entre outras competências, que a aliança entre a urbanografia e as mídias locativas consegue efetuar a neutralização de certas invisibilidades e gerar artifícios educativos que propendem contribuir com a formação de público para as artes.
Politica de desenvolvimento territorial na Bahia: gestão social e aprendizagens coletivas
(UNEB, 2017) Silva, Cleiton Lin Oliveira da; Barros, Edonilce da Rocha; Reis, Edmerson dos Santos; Gehlen, Ivaldo; Martins, Josemar da Silva; Sarmento, Eva Monica
Esta dissertação analisa o papel do Colegiado de Desenvolvimento Territorial (Codeter) para a integração e articulação das políticas públicas de abordagem territorial no Piemonte Norte do Itapicuru. Parte do pressuposto de que embora teoricamente as bases da política de de-senvolvimento territorial, na Bahia, apresentem uma conformação adequada, inclusive com Lei sancionada orientadora de implementação dessa política, situações distintas nas rela-ções estabelecidas entre os atores sociais e governamentais acabam interferindo na gestão social e na governança territorial, na execução das referidas políticas. Como referência em-pírica da investigação, foi escolhido o (Codeter), no território de Identidade Piemonte Norte do Itapicuru (TIPNI), um dos 27 territórios de identidade do estado da Bahia, no qual há mais de uma década vem sendo implementada a política de desenvolvimento territorial. A pesqui-sa ancora-se no método de concepções sistêmico pela possibilidade do seu emprego numa visão abrangente e no enfoque diferenciado que viabiliza a compreensão da realidade com-plexa do Codeter. É do tipo quali-quanti por reunir um potencial de revelação dos fenômenos sociais e de informações numéricas expressas em gráficos, tabelas e quadros sobre o terri-tório. O principal Instrumento de coleta de informações foi a aplicação do questionário do IGS, que mede o Índice de Gestão Social dos Colegiados territoriais, além da observação participante. O indicador IGS do Codeter foi classificado como “Médio-alto” (0,767), a di-mensão “Participação e Mobilização”, classificada como “Alto” (0,812) e a dimensão “Impac-tos do Funcionamento” do colegiado foi classificada como “Média-alta” (0,744). Estes índi-ces apresentaram-se melhores que os revelados no IGS nacional. Isso significa que o Code-ter/TIPNI tem um papel de relevância para a integração e articulação das políticas públicas de abordagem territorial no Piemonte Norte do Itapicuru, embora se apresente ainda com uma institucionalidade fraca. O colegiado vem se transformando em um espaço de formação de contínuo aprendizado.
Educação do campo: alfabetização com enfoque na educação contextualizada no município de Juazeiro/Ba
(UNEB, 2017) Martins, Cleidinalva dos Santos; Barros, Edonilce da Rocha; Carvalho, Luzineide Dourado; Velloso, Tatiana Ribeiro
O presente trabalho apresenta os resultados de uma pesquisa com o objetivo geral de investigar como se deu a implementação das Diretrizes da Educação Contextualizada na Rede Municipal de Ensino de Juazeiro/BA e de que forma essas Diretrizes influenciaram no Ciclo de Alfabetização das Escolas do Campo. Trata-se de um estudo de caso, do tipo multicaso, de abordagem qualitativa, utilizando principalmente, as técnicas de entrevistas semiestruturadas e observação participante. As unidades de análise foram duas escolas do campo: Antonila Cardoso, fazenda Angico e Iracy Nunes, distrito de Itamotinga. Fundamenta-se no debate teórico sobre educação do campo e alfabetização, transversalizando com a questão agrária brasileira, trazendo para a cena do debate aspectos sobre a educação rural e educação do campo. Os resultados da pesquisa revelam que a implementação das Diretrizes foi uma ação importante da SEDUC, mas de forma limitada e pontual. As práticas pedagógicas contextualizadas do ensino são evidenciadas nas duas escolas, mais por iniciativa das alfabetizadoras do que pela ação política pública. Ao desenvolver, no Ciclo de Alfabetização das escolas do campo, um processo de ensino aprendizagem na perspectiva da ECSAB, vários desafios são encontrados, mas também surgem as possibilidades que favorecem a aprendizagem das crianças e precisam ser potencializadas para que o trabalho pedagógico seja consolidado na perspectiva da educação contextualizada. Mesmo com as dificuldades, as escolas do campo pesquisadas trabalham na perspectiva da contextualização, pois apresentam uma ação diferenciada, não está engessado nos conteúdos da Proposta Curricular do Município, mas na busca de favorecer a inter-relação dos saberes locais com conteúdos determinados para a série estudada. O trabalho revela ainda que a Educação Contextualizada está comprometida com um projeto de escola, mais tolerante com a diversidade, propondo uma troca constante de experiências entre professor-aluno-comunidade, na busca da formação de sujeitos críticos, reflexivos, questionadores e atuantes nos contextos em que estão inseridos.
A associação de pais e mestres na esteira do tempo de Juazeiro (BA): representações sobre infância, educação e cultura
(UNEB, 2017) Carvalho, Luis Osete Ribeiro; Martins, Josemar da Silva; Rodrigues, José Roberto Gomes; Ávila, Virgínia Pereira da Silva de
O presente trabalho tem como ponto de partida os materiais e entrevistas do projeto de pesquisa e extensão “O Arquivo da professora Maria Franca Pires: memória e história cultural em pesquisa na região de Juazeiro-BA”. Há onze anos, a pesquisa desse acervo tem consistido no levantamento sistematizado, na preservação, organização e inventário dos materiais que se constituem como objetos de memórias. Durante esse tempo, foram realizadas quatro exposições temáticas, de fotografias, publicidade, imprensa e educação, que revelaram a diversidade do acervo e serviram tanto como uma estratégia para dar visibilidade aos objetos quanto como metodologia da pesquisa para ativação das lembranças de pessoas que vivenciaram os momentos registrados por Maria. Desde o início do trabalho, é perceptível nos materiais reunidos pela professora e pesquisadora Maria Franca Pires (1921-1988) um relevante potencial narrativo sobre muitos aspectos sociais, culturais e educacionais do território semiárido brasileiro, especialmente, do município de Juazeiro-BA. Nesta dissertação, o foco é a Associação de Pais e Mestres (APM) de Juazeiro (BA), com o objetivo de analisar as representações de infância, educação e cultura construídas pelos agentes que frequentaram a APM no período de 1954 a 1974. Para tanto, foram reconstituídas as trajetórias dessa entidade, do Arquivo que abriga seus objetos de memórias e da principal liderança da Associação, Maria Franca Pires, com base no cruzamento dos relatos orais provenientes de entrevistas com fontes bibliográficas e documentais. Tendo como base um amplo aporte teórico, a pesquisa permite discutir com abrangência as diferentes apropriações dos discursos e das ações, ao mesmo tempo, conservadoras e modernas, que expressam a síntese de uma tensão vivenciada naquele momento histórico e que continua repercutindo nos dias atuais.

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