O presente trabalho tem como objetivo a analise das formas de construção e apropriação dos espaços da Lavagem do Bonfim, em Salvador, pelos diversos grupos sociais, políticos e culturais que participam desse fenômeno urbano. Refletir sobre o espaço nesta pesquisa é também refletir sobre as construções culturais e simbólicas; e os exercícios políticos de micro poder que determinam os modos como os participantes se representam e se relacionam entre si e com os espaços. Para isso, foram indispensáveis os entendimentos propostos pela Etnocenologia, pelas Teorias do Imaginário e pela Filosofia Política. A pesquisa utiliza-se de uma abordagem teórico-metodológica que se aproxima dos procedimentos da antropologia crítica, mas que divaga sobre outros métodos, recortes e possibilidades. Dessa forma se inscreve como uma navegação a deriva. A Lavagem do Bonfim é um fenômeno da cidade de Salvador, de caráter religioso e festivo, portanto espetacular, que se constitui como de grande importância cultural, política e econômica, não só para a cidade, como também para a Bahia. Espaços de representação na Lavagem são construídos na medida em que o espaço físico é percorrido, e se criam espacialidades semoventes, transitórias e fortemente delimitadas em termos simbólicos.