Ancestralidades na EJA: atravessamentos e ligações entre o continente africano e a diáspora
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Resumo
Neste estudo apresentamos a ancestralidade e o encantamento como prática educativa, na medida em que atuam em contraposição à hegemonia epistemológica eurocentrada nos muitos universos, saberes e possibilidades de ser e de aprendizagem na EJA. De natureza aplicada e abordagem qualitativa, com característica exploratória e descritiva (GIL, 2017), esta pesquisa teve como objetivo geral apresentar a Nova EJA e a Metodologia do Reconhecimento de Saberes (MRS) como caminho possível para uma Pedagogia do Encantamento por meio da valorização da herança e legado ancestral africano dos sujeitos (as) da EJA do SESI Bahia. Assim, buscou-se responder às seguintes perguntas: De que maneira, uma educação que tem como fundamento a ancestralidade, pode contribuir para o reconhecimento do legado africano no tempo presente? Como a Pedagogia do Encantamento pode oportunizar maior engajamento dos estudantes na EJA? Como método de pesquisa, adotou-se a pesquisa participante (DEMO, 2008) e militante (BRINGE; VARELLA, 2014), tendo como técnica para produção de dados a pesquisa autobiográfica (SOUZA, 2014) e documental (PÁDUA, 1997), e a análise de conteúdo como técnica de análise dos dados (BARDIN, 2004). Nos objetivos específicos, descreve-se como se configura a Nova EJA e a Metodologia de Reconhecimento de Saberes (MRS) da EJA no SESI Bahia; discute-se a ancestralidade africana e a questão étnico–racial como substratos para uma Pedagogia do Encantamento na EJA; fundamenta-se a Pedagogia do Encantamento na EJA, assentada na cosmovisão africana, a partir da valorização do legado ancestral africano na diáspora e da educação para as relações étnico-raciais; apresenta-se a produção narrativa autobiográfica da pesquisa-formação enquanto pesquisadora e docente da EJA do SESI Bahia. Em relação às referências teóricas, trabalhou-se a dimensão étnico racial com autores como Gomes (2005), Souza (2021), Munanga (2004; 2005) e Cruz (1987). Na discussão realizada acerca da ancestralidade e a questão étnico-racial na EJA, fundamenta-se também nas filosofias africanas em diálogo com os autores como Noguera (2014), Ramose (2002), Nascimento; Gá (2022), Oliveira (2009, 2021, 2007), Carneiro (2005), Nascimento (1977; 2008) e Gomes (2003; 2008; 2011). Como substrato para produção de uma Pedagogia do Encantamento na EJA, o diálogo foi realizado com teóricos como Arroyo (2005), Machado (2019), Njeri (2019) e Oliveira (2021). Como resultados, na dimensão científica, a pesquisa promove e dissemina a ideia de sermos herdeiros e continuidades históricas de comunidades diversificadas com contribuições de grupos africanos diversos ao conhecimento. Na dimensão escolar, a Ancestralidade e a Pedagogia do Encantamento se apresentam como encantamento para vida e escola, favorecendo o engajamento e permanência dos estudantes na EJA. Indica também ajustes a serem feitos no processo de autodeclaração de cor ou raça dos estudantes. Como produto educacional, foi elaborado plano de intervenção comprometido com a difusão de metodologias afirmativas para implementação das leis 10.639 e 11.645 na Educação de Jovens e Adultos.