Imagens do sujeito-professor de língua inglesa no documento curricular referencial da Bahia
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Resumo
Esta pesquisa tem como objetivo estudar quais são as imagens do sujeito-professor de língua inglesa criadas no Documento Curricular Referencial da Bahia (DCRB), documento orientador para o Ensino Médio baiano. Para isso, tomamos o DCRB como corpus de análise e, mais especificamente, recortes que tratam do ensino de língua inglesa que podem revelar, para além da superfície linguística, como o estado constrói a imagem do sujeito-professor. Para tanto, o arcabouço teórico deste estudo está inscrito nas teorias da Análise de Discurso (AD) pecheutianas (Pêcheux, 1975, 1995, 2006, 2010), principalmente no que diz respeito à ideologia, ao papel dos sujeitos em relação à produção, à formação, à recepção e às relações de poder presente nos discursos. Como contributos à temática da formação imaginária, contamos também com discurso, sujeito e assujeitamento em Orlandi (2006, 2012, 2015), ideologia enquanto ideário histórico, social e político em Brandão (2004), além de autores subsidiários como Foucault (1995, 2008), Maingueneau (1984), Charaudeau e Maingueneau (2004) e Bakhtin (1975, 1983, 2004, 2010), entre outros. As imagens ideológicas do sujeito-professor serão analisadas no corpus seguindo as etapas do quadro Fases da Análise de Discurso Francesa compilada por Jonas Jr. (apud Kallarrari, 2022). Esta é uma pesquisa qualitativa, que se servirá tanto dos pressupostos teóricos quanto metodológicos da AD Francesa para estruturar uma investigação a partir de noções de ideologia, de imagem, de sujeito, de assujeitamento e de interdiscurso. Para contextualização e justificativa da escolha pelo DCRB, enquanto corpus de análise, traçamos um histórico do Ensino Médio no Brasil e desenvolvemos uma discussão sobre o neoliberalismo e suas influências nas políticas educacionais com base nos estudos de Ciavatta (2018), Ferretti (2018) e Beltrão (2019). Os resultados apontam que o DCRB utiliza da redação legal para criar uma imagem do sujeito-professor de Língua Inglesa submisso ao Estado e que este, através da aparente liberdade pedagógica, deve alinhar-se à ideologia fundante do estado para que este possa manter sua estrutura de poder. Em outras palavras, as posições de sujeito/assujeitamento que ocupam o professor de Língua Inglesa no DCRB podem não ser vistas escancaradamente autoritárias, uma vez que elas são aceitas historicamente, dada à interpelação, ao chamamento que a memória faz na relação entre os Sujeitos. Podemos identificar, na materialidade do DCRB, marcas que reforçam como o Estado utiliza da linguagem (redação legal) para construir a imagem de um docente aparentemente livre, o que revela, na realidade, uma imagem de um profissional aprisionado ao “sistema”. Se por um lado, o Estado delineia imagens de subalternidade ao professor, conforme os regramentos da pasta da educação; por outro, cria para si uma imagem autoritária e de negligência perante a responsabilidade em prover os recursos necessários para a efetiva transformação social.