Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu (Mestrado Acadêmico) em Letras (PPGL)
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O Programa de Pós-Graduação em Letras / PPGL, vinculado ao Departamento de Educação – Campus X da Universidade do Estado da Bahia – DEDC X / UNEB, localizado em Teixeira de Freitas, Extremo Sul da Bahia, aprovado pelo Conselho Técnico-Científico da Educação Superior, órgão da CAPES (192ª reunião, 04 a 06 de março, divulgação de resultado em 13 de março de 2020), foi implantado em 2020. O Programa oferece o Curso de Mestrado em Letras, área de concentração em Estudos Linguísticos e Literários, na modalidade acadêmico, com 26 vagas, preenchidas anualmente por meio de Processo de Seleção Pública para Aluno Regular, com Edital publicado no Diário Oficial do Estado da Bahia.
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- ItemOs becos da memória viva: o trauma da diáspora e a solidão-ridade na “escrevivência” evaristiana.(Universidade do Estado da Bahia, 2025-02-26) Cabral, Jânie Carla Martins Almeida; Prazeres, Lílian Lima Gonçalves dos; Nascimento, Juciene Silva de Sousa; Almeida, Liz Maria Teles de SáO estudo fundamenta-se na análise do romance ficcional Becos da Memória (2018) da escritora negro-brasileira, Conceição Evaristo, explorando categorias como memória, solidão-ridade e “escrevivência”, com ênfase especial nas personagens femininas, Maria-Nova, Maria-Velha e Vó-Rita. Este estudo propõe como objetivo geral, analisar as narrativas memorialísticas individuais e coletivas, inseridas em um contexto sociocultural de trauma da diáspora e de solidão-ridade de mulheres negras na “escrevivência” evaristiana. Traz como objetivos específicos, apresentar a “escrevivência” como mote da narrativa em Becos da memória e como ferramenta de contribuição para o resgate histórico do negro e negra brasileiros, como conceito na busca do combate ao epistemicídio em uma perspectiva antirracista e de resistência; descrever a biografia de Conceição Evaristo alinhavando os fios da narrativa em sua autobiografia, evidenciando o romance memorialista Becos da memória; analisar as vozes que ecoam na favela inominada, através da junção da categoria memória e o discurso do lembrar, reverberando as vozes das personagens negras, que precisam “seguir segurando a vida”; evidenciar o trauma da dispersão e a solidão, apresentando a solidão-ridade como atenuante das dores e cesuras na narrativa de Conceição, como manifestações individuais e coletivas à comunidade diaspórica. O problema da pesquisa questiona: Como se estabelecem as narrativas memorialísticas individuais e coletivas, a partir da “escrevivência” evaristiana em Becos da memória, sob a influência do trauma da diáspora e da solidão-ridade na ambiência de um desfavelamento? No que se refere à metodologia, a pesquisa é bibliográfica, exploratória e de natureza qualitativa. Fundamenta-se na análise como Prática Social (Foucault, 2008), cujo método é o dedutivo. Traz uma escrita traçada sob o olhar de uma autora negra, protagonista da sua história, Conceição Evaristo, e a visão de uma mulher negra jovem, protagonista do romance, Maria-Nova, acerca das narrativas sobrepostas ocorridas em uma favela, tornando-a um espaço discursivo memorialístico. O estudo traz relatos de experiências diversas dos moradores da favela, transcritos através do discurso do lembrar, dimanando atos de resistência e questões sociorraciais e políticas. Discute como a “escrevivência” evaristiana permeia as suas memórias individuais, urbanas e coletivas. Apresenta nuances dicotômicas, que ora trazem aspectos relacionados à tradição, ora tecem escritos atemporais, em que os movimentos diaspóricos se entrecruzam com outras epistemologias (saberes próprios). O aporte teórico que fundamenta o estudo ancora-se no decolonialismo, na literatura negro-brasileira, “escrevivência” e estudos culturais, sustentada por autores como Quijano (2020), Cuti (2000), Seligmann-Silva (2003), Heidegger (2007), Halbwachs (2013), Silva, Saunders e Ohmer (2021). As análises realizadas revelaram que a autora por meio da memória ancestral e as experiências relacionadas ao trauma da diáspora, fortalece a identidade das mulheres negras unindo-as na solidão-ridade. Mesmo diante de relatos de cesuras, solidão e lutas, elas reverberam a sua re(existência), apresentando o protagonismo negro em suas trajetórias de vida, dando relevância à ancestralidade e à territorialidade. Por vezes, são invisibilizadas e estigmatizadas pelo racismo estrutural, que remonta aos traumas da dispersão e às marcas ancestrais. Entretanto, a "escrevivência" evaristiana prima por visibilizar a mulher negra em uma ótica de resistência, através da memória individual, urbana e coletiva.
- ItemIdentidades negras femininas: o paradigma da sexualidade no romance Sula, de Toni Morrison(Universidade do Estado da Bahia, 2025-04-29) Sousa, Wanderson Brandão; Nascimento, Juciene Silva de Sousa; Acco, Cleideni Alves do Nascimento; Santos, Mariana Fernandes dosEsta dissertação realiza um estudo sobre o paradigma da identidade e da sexualidade da mulher negra, considerando aspectos de tempo e espaço sob diferentes perspectivas culturais, sociais e históricas. Buscou-se, assim, evidenciar essas categorias por meio do romance Sula, de Toni Morrison, autora cuja voz se destaca ao retratar personagens femininas como instrumentos de reflexão acerca da manutenção ou do rompimento dos modelos tradicionais. Além disso, procurou-se identificar as similaridades entre o tema e as personagens, a fim de compreender os parâmetros que essas mulheres seguiam em uma sociedade dominada pela supremacia branca, a qual estrutura uma cadeia de opressões na qual a mulher negra é sistematicamente subjugada. Observou-se que, por meio da literatura da autora norte-americana, é possível identificar os instrumentos que revelam as múltiplas tonalidades relacionadas às mulheres ao assumirem papéis que lhes foram historicamente impostos. O estudo investiga, portanto, personagens que rompem com essas estruturas patriarcais, assumindo lugares que outrora eram destinados apenas aos homens, desafiando a lógica do poder machista. Sula, enquanto persona literária, cede apenas aos seus próprios desejos — e não aos masculinos —, sendo compreendida como uma transgressora dos ditames sociais. Sua imagem, embora marginalizada, molda uma nova perspectiva do que é ser mulher. Diante da produção literária selecionada, o estudo fundamenta-se nas vozes de mulheres negras como Angela Davis, bell hooks, Anna Julia Cooper e Lélia Gonzalez. Além disso, autores como Stuart Hall, Homi Bhabha e W. E. B. Du Bois contribuíram para os aportes teóricos sobre identidade. Constatou-se que a personagem Sula se distancia dos moldes tradicionais da sociedade em que vive, rompendo com a imagem estereotipada da mulher negra em um contexto machista. Sua figura ressoa como símbolo de transgressão frente às normas sociais. Para as mulheres de seu meio — Nel Wright, Helene Wright, Eva Peace e Hannah Peace —, a percepção de quem Sula realmente era se apresenta de forma tanto sagaz quanto disruptiva. Assim, compreende-se que os parâmetros da identidade e da sexualidade são elementos entrelaçados na personagem, sendo indissociáveis de sua existência.
- ItemRegistros de resistências dos povos indígenas em documentos literários coloniais do século XVI: Tratados da Terra do Brasil e o Tratado da História da Província Santa Cruz, de Pero Magalhães de Gândavo.(Universidade do Estado da Bahia, 2025-07-31) Jandre, Mônica Neves de Souza; Jaeckel, Volker Karl Lothar; Hue, Sheila Moura; Prazeres, Lilian Lima Gonçalves doO tema "Registros de resistências dos povos indígenas em documentos literários coloniais do século XVI: Tratados da terra do Brasil e o Tratado da história da província Santa Cruz, de Pero Magalhães de Gândavo’’ vem tratar da busca por respostas quanto às inquietações advindas do processo de colonização brasileiro tendo como arcabouço relatos escritos por cronistas para retratar o encontro entre indígenas e europeus. Sob esse enfoque, recomenda-se neste Trabalho de Conclusão de Curso (Dissertação), o estudo desse mote numa acepção mais específica: Os Tratados. Essa especificidade será convertida no eixo central da pesquisa, uma vez apresentados sinais de descaso no trato com a imagem do índio refletida no segmento literário/jornalístico expressa nos Tratados. O interesse se deu com o questionamento de que se os povos indígenas do período colonial foram resistentes às invasões e desapropriações de suas terras. Partindo dessa problemática vivida pelos indígenas desde a colonização até a atualidade, surge a necessidade de realização de pesquisas em como se deram a verdadeira relação dos povos habitantes da Costa Litorânea, principalmente, do Extremo Sul da Bahia, com os invasores europeus. Buscando compreender todo este processo de desocupação e desapropriação de terras indígenas, fez-se necessário ter como ponto de partida os primeiros registros do período colonial. Sendo as obras de Pero Magalhães de Gândavo, O Tratado da Terra do Brasil e o Tratado da História da província de Santa Cruz, escolhidas para este campo de questionamento e pesquisa documental e bibliográfica literária.
- ItemA poética do desassossego de Jônatas Conceição da Silva: um olhar sobre as vozes quilombolas.(Universidade do Estado da Bahia, 2025-06-17) Soares, Amilson Santos; Santana, Gean Paulo Gonçalves; Nascimento, Juciene Silva de SousaA presente dissertação se propôs a construir traços da literatura negra no Brasil, a partir da escrita do poeta baiano Jônatas Conceição da Silva, através da análise de um corpus composto por textos críticos, literários e fotográficos, observando, portanto, inferências e interpretações entre essas distintas textualidades. Brandino (2024) diz que literatura negra é a produção artística cujo sujeito da escrita é o próprio negro. Para dialogar com o corpus da pesquisa foram analisados os poemas de Jônatas Conceição, disponíveis nas Obras Reunidas Jônatas Conceição, do Programa Rumos 2019-2020, oportunizado pelo Itaú Cultural e organizado por Ana Célia da Silva; e, ainda, os movimentos construídos a partir dos periódicos dos Cadernos Negros (Volumes: 9, 10, 19, 23, 29 e Três Décadas) e da fundamentação construída pelo grupo Quilombhoje. Os objetivos propostos buscam construir um caminho possível às perguntas de partida: Como entender, a partir dos poemas do literato, o desassossego e a resistência negra? Como o aquilombamento tornou-se um campo epistêmico para se fazer ouvir as múltiplas vozes e olhares de luta e resistência impressos na poética de Jônatas Conceição? Justifica-se o construto desse trabalho dada a relevância da obra do citado autor, do ponto de vista da sua contribuição literária, acadêmica, política e social que, certamente, influenciará leitores e leitoras interessados/as na criação de um olhar holístico das múltiplas identidades culturais que formam a sociedade brasileira. Não arbitrário, apropriando das reflexões de Augel (1988, p. 150-151), mesmo noutro contexto, é possível dizer que, na poética de Jônatas Conceição, o “eu poético ressalta o sofrimento estampado tanto no rosto como na alma dos indivíduos”. Desse modo, observou-se os recônditos da mente humana que nos conduz a exploração dos labirintos do âmago. Compostos por fragmentos, pensamentos e reflexões, os textos nos transportam para um universo de introspecção e desassossego, desvendando a melancolia e a solidão que permeiam a existência humana.
- ItemPerformance e oralidade: o movimento Slam como fenômeno político-cultural de resistência de mulheres negras periféricas baianas(Universidade do Estado da Bahia, 2025-02-26) Metzker, Eliza Maria da Silva; Sales, Karina Lima; Gund, Ivana Teixeira Figueiredo; Araújo, Gessé AlmeidaEsta dissertação realiza um estudo acerca das relações intrínsecas que se estabelecem entre as concepções de performance e oralitura em produções literárias marginais-periféricas de mulheres brasileiras, especificamente do Estado da Bahia, no território de identidade do Extremo Sul. Visa-se investigar de que forma esses conceitos estão imbrincados na tessitura das obras poéticas de quatro jovens artistas baianas que fizeram parte do circuito das batalhas de poesia falada do Coletivo Slam Marginal, nascido e se fortalecendo na cidade de Teixeira de Freitas (BA). Nesse contexto, discorre-se sobre a gênese do movimento hip-hop, sua vertente rap e os passos dados até chegar no que conhecemos hoje como poetry slam. Para tanto, estabelece-se um contraponto entre a cultura hip-hop em geral para as batalhas de poesia em específico, no intuito de expor que o primeiro ainda é um movimento majoritariamente masculino no cenário cultural, ao passo que no último há uma presença expressiva de mulheres (cis e trans), que continua crescendo. Em seguida, pretende-se refletir acerca da correlação entre voz, palavra, corpo e escrita e como esses elementos constituem as performances poéticas dos slammers, atribuindo significados a diferentes signos e criando uma interlocução com o ouvinte-participante dos slams. Corroborando com o pressuposto de que o poetry slam é um fenômeno político-cultural de resistência feminina negra, por fim serão analisados textos poéticos das quatro jovens artistas baianas, a saber, Mariellen Ribeiro (Afropecado), Izabela Germano (Monarka), Vitória Silva (Vi Silva) e Jadna Silva, participantes ativas dos dois circuitos realizados pelo Slam Marginal em seus dois anos de existência. Tendo em vista a força denunciativa materializada pelo poder da linguagem, expressa na performance, essas jovens poetas transcendem o aspecto das temáticas dos textos, que englobam o genocídio do povo preto, racismo, machismo, feminicídio e amor como ato revolucionário, e alcançam perspectivas ancestrais constituídas pela memória negra e seus insumos. O argumento da dissertação é que tudo isso configura estratégias de resistência política-cultural da juventude negra periférica, em especial as produções de conhecimento de mulheres negras periféricas baianas, envolvendo vivências próprias de periferias múltiplas e dos coletivos de slam que englobam cada um. Isso fortalece a literatura marginal-periférica como letramentos de reexistência, ou seja, práticas desenvolvidas em ambientes não escolares que visam destacar as identidades sociais (incluindo identidades étnico-raciais) suscitando reflexões e estimulando o caráter transgressor em seu fazer artístico.