Utilização de isótopos estáveis de carbono em corais do atlântico sul tropical: uma avaliação do impacto do aumento de Co₂ atmosférico de origem antrópica em ecossistemas marinhos
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Resumo
Exoesqueleto de corais contém importantes registros geoquímicos (e.g. isótopos estáveis de O e C) que podem ser utilizados como proxies para variáveis ambientais (e.g. temperatura da superfície do mar - TSM, salinidade, poluição). Assim, os corais funcionam com arquivos naturais, possibilitando reconstruções históricas em alta resolução (i.e. intervalo de meses ou semanas) de condições ambientais e climáticas de regiões tropicais. Isótopos estáveis de carbono (δ¹³C) têm sido utilizados como diferentes proxies dentre os quais se destaca a avaliação da mudança na composição isotópica do CO₂ atmosférico devido a queima de combustível fóssil, fenômeno conhecido como Efeito Suess. Os principais objetivos dessa proposta são: (i) acessar múltiplos registros de δ ¹³C com base em corais da costa do Brasil e da ilha oceânica do Atol das Rocas para elaboração de séries temporais e avaliação dos padrões de curto e longo prazo; (ii) investigar a influência do CO₂ de origem fóssil nas séries temporais de δ¹³C nos corais avaliados. Nesta pesquisa foram utilizados registros de δ ¹³C de corais da espécie Siderastrea stellata, coletados nas regiões costeira de AçuRN, Maracajaú- RN e na ilha oceânica do Atol das Rocas. Amostragens em alta resolução (i.e. espaçamento entre 0,4 e 0,5 mm) para obtenção de carbonato de cálcio (aragonita) foram realizadas ao longo da parede do coralito dos corais e destinadas às análises de δ ¹³C e δ18O. Subamostras de carbonato de cálcio foram coletadas em diferentes pontos das lâminas de corais e datadas por U-Th, para determinação cronológica dos registros estudados. Os dados de U-Th revelaram que os registros de corais compreenderam dois intervalos de tempo, o mais antigo variou de 1647 a 1692 (pré-revolução industrial) e o mais recente variou de 1928 a 2018 (pós-revolução industrial). O δ¹³C registrado nos corais avaliados neste estudo apresentaram tendências distintas entre o período anterior à revolução industrial, com tendência positiva de crescimento de 0.0224‰ por ano, enquanto os valores registrados pelos corais após a revolução industrial revelaram tendência de decréscimo no δ ¹³C de - 0.0204‰ ao ano. O empobrecimento no δ¹³C após a revolução industrial, ou Efeito Suess, representa uma ruptura no ciclo do carbono com o aumento do fluxo de CO2 proveniente da queima de combustível fóssil para atmosfera, que iniciaram em meados do século XVIII.