A dimensão dionisíaca das personagens subalternizadas em “Cartografia de Canudos” de José Calasans
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Resumo
Trata-se de um estudo sobre as personagens na obra "Cartografia de Canudos" do historiador José Calasans, problematizando a sua construção, bem como, estabelecendo um novo olhar a partir de um critério filosófico e nietzschiano. Assim, o objetivo geral é tornar visível a força simbólica, a capacidade de expressão, criação, organização estética e política de personagens subalternizadas tanto pela lógica cultural do ocidente e seu imaginário cristão, genocida, escatológico, como pela realidade da casa grande, senzala, seus barões donos de “terras e gentes” e sua elite intelectual. E, como objetivos específicos: descrever e problematizar as principais conclusões de comentadores e estudiosos da obra de José Calasans; tornar visível a lógica da abordagem histórica do autor, destacando suas contradições, seu ponto de vista quanto à força de sertanejos contra o aparato positivista do Estado brasileiro, o modo de vida dessas personagens no processo de resistência a toda forma de agressão; esvaziar o discurso religioso oficial pela emergência de uma religiosidade popular, forjada numa sabedoria milenar; demonstrar como a dimensão dionisíaca atualiza os dilemas da organização política de povos sertanejos e subalternizados. Partindo de referências teóricas tais como Aras (2003), Bosi (2006), Barthes (2012), Cunha (1978), Nietzsche (1960), Carneiro (2018), Ricoeur (2017), Vargas Llosa (2021), Calasans (2015), Santos (2016), dentre outros, a metodologia, conta com pressupostos da Crítica Cultural, procura estabelecer uma espécie de encruzilhada epistemológica, uma zona de fronteiras em que filosofia nietzscheana, fenomenologia heideggeriana, história oral, semiologia saussuriana, que nos permitiu embaralhar os dados e encontrar a língua subalternizada e sertaneja em sua potência transgressora e como reserva epistêmica. O resultado alcançado: o mapeamento das contradições de José Calasans e, ao mesmo tempo, o estabelecimento de um olhar para o desenvolvimento estético e político das forças sertanejas subalternizadas. Conclusão: entre o sertanejo amarelo, tomado como inimigo interno pelos aparatos de repressão do Estado brasileiro, do qual Calasans fazia parte, e o sertanejo, “sobretudo um forte”, aprisionado em sua “gaiola de ouro”, só resta ao povo sertanejo subalterno à sua língua, em sua potência de organização estética e política, como máquina de guerra simbólica, ensaiada e praticada nos movimentos sociais contemporâneos e na Canudos atual.