Sarau Periférico é um espaço de encontro e sociabilidade onde ocorrem manifestações artísticas e culturais. Sua dinâmica de celebração promove a socialização de conhecimentos, por meio de estéticas e narrativas corporais. É estratégia política de possibilidades educativas, emancipatória. Ambiente onde corpos se recitam, medos se silenciam, e outras poesias se abraçam, resgatando e fortalecendo a identidade negra. Este estudo, intitulado É tempo de ler-se: a pedagogia afetiva e identitária de letramento racial de jovens negras/os através da construção de sarau em uma escola municipal na comunidade do Alto do Cabrito, Salvador-BA, aborda a promoção do letramento racial, realizada através da produção de Sarau em espaço escolar. O objetivo geral da pesquisa é investigar como a pedagogia afetiva e identitária do Sarau pode contribuir com o letramento racial de jovens negros, em uma escola municipal na comunidade do Alto do Cabrito, na cidade de Salvador-BA. Para isso, teceu-se um caminho descortinado: quem são, política e subjetivamente, os fazedores da pesquisa. Alinhavando neste tecido a racialização destes corpos intelectos (pesquisadora e colaboradores), para, então, perceber os fios pedagógicos presentes nos Saraus Periféricos, e seus bordados, afetivos e identitários, geradores de letramento racial, nas suas possibilidades em ambiente escolar. Respaldou-se na metodologia de Escrevivências, de Evaristo (1994) e Bispo (2023) no que tange seu arcabouço teórico. Para melhor envolver e compreender as dimensões culturais e históricas dos colaboradores da pesquisa, inspirou-se em Pinho (2019) e em André (2005), frente às particularidades da pesquisa em ambiente escolar. Esta pesquisa utilizou, como instrumento para produção de dados, questionários, observações, e análises das oralituras, construídas durante os círculos de culturas inspirados em Paulo Freire (1967). A pesquisa contou com a participação de sete estudantes. Para a análise das oralituras produzidas, utilizou-se, ao longo do estudo, técnicas inspiradas em etnografia, mergulhadas em inferências texturizadas, em criticidades negras. Enquanto produto, essa investigação socializou uma proposta de intervenção socioeducativa em letramento racial, desenvolvida com os alunos de uma escola municipal localizada na comunidade Alto do Cabrito, na cidade de Salvador-BA. Os resultados desta investigação apontam que é possível constituir um ambiente de letramento racial em espaço escolar, utilizando a construção e realização de Sarau periférico, amparando-se nos recursos críticos: literatura negra e intelectualidade negra. Palavras-chave: sarau; letramento racial; literatura; identidade; Alto do Cabrito; Sarau em escola.