Variação linguística versus normatividade em módulo de língua portuguesa e sistema de ensino
Data
Orientador
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Editor
Resumo
Muito se tem discutido a respeito do ensino da Língua Portuguesa e do tratamento dado à variação linguística frente à gramática normativa (GÖRSKI; COELHO, 2009; BAGNO, 2007). Nessa discussão, destacam-se os estudos que analisam a abordagem da variação em livros didáticos de Português. Sob essa perspectiva, este trabalho buscou verificar como os módulos de sistemas de ensino, adotados por escolas de rede privada, conceituam e apresentam a variação linguística do português, o que se justifica pela grande escassez – ou total ausência –de análises referentes a esse tipo de material didático. Em geral, os livros didáticos de Português abordam os fenômenos de variação de maneira insuficiente e estereotipada (DUARTE, 2015). Portanto, considerando o fato de os módulos representarem um material didático que se propõe a ser mais sucinto, pode-se supor que a abordagem que apresentam da variação é ainda mais deficiente. Para esta pesquisa, foi selecionado o módulo do Sistema Ari de Sá (SAS), destinado às séries do Ensino Médio. A avaliação do material seguiu alguns dos critérios definidos por Bagno (2007) e baseou-se na busca de: i) seção específica sobre variação; ii) abordagem da variação vinculada ao conteúdo de gramática; iii) quadros explicativos contendo “curiosidades” sobre fenômenos de variação; iv) tratamento limitado às variedades rurais e/ou regionais; v) apresentação de variantes características das variedades prestigiadas (falantes urbanos, escolarizados); vi) tratamento limitado ao sotaque e ao léxico, ou também abordam-se fenômenos gramaticais; vii) apresentação da variação linguística somente para dizer que o que vale mesmo é a norma padrão. Constatou-se que o módulo em questão aponta para uma visão reducionista da gramática, valorizando suas regras em detrimento a discussões, reflexões e diversas possibilidades de uso da língua. Portanto, chegou-se à conclusão de que os módulos apresentam a variação linguística de maneira insuficiente e estereotipada, não estabelecendo um ponto de intersecção entre a abordagem sociolinguística e os conteúdos gramaticais.