Este trabalho investiga os saberes tradicionais relacionados ao parto a partir da trajetória de Dona Ritta Maria, parteira e agente comunitária no município de Queimadas, no semiárido baiano. A pesquisa se ancora em relatos orais, documentos históricos e memórias coletivas para compreender como esses saberes persistem, se transformam e são tensionados pela crescente medicalização do nascimento. Dialogando com os conceitos de memória, ancestralidade, oralidade e violência simbólica, o estudo analisa as práticas de cuidado das parteiras e suas estratégias de resistência frente à hegemonia do saber médico-institucional. Destaca-se a relação entre Dona Ritta e a clínica André Luiz, evidenciando as TENTATIVAS DE HIERARQUIZAÇÕES de saberes, bem como os silenciamentos e negociações que marcam o campo da saúde reprodutiva. A partir da escuta e valorização das experiências de mulheres como Dona Ritta, o trabalho propõe uma reflexão crítica sobre o apagamento histórico das parteiras e a importância de seus conhecimentos para as comunidades em que atuam.