A construção e desenvolvimento de Jacobina está diretamente atrelada ao processo de interiorização da Bahia ainda durante o período colonial do Brasil, no qual as terras, mesmo habitadas por tribos indígenas, foram entregues a donatários mediante sistema das sesmarias. A ocupação dessas terras se deu inicialmente através da criação de gado e isso, dentre outros fatores, condicionou a vinda de um número significativo de negros (ainda na condição de escravizados) para trabalhar. Diante de uma sociedade espelhada em modelos de desenvolvimento europeu, as manifestações culturais e religiosas negras foram constantemente reprimidas e socialmente segregadas em Jacobina, todavia conseguindo se auto afirmar e resistir até os dias atuais, tendo a partir da década de 70, o apoio institucional da Federação Baiana dos Cultos Afro Brasileiros através de um representante local. Deste modo, esta pesquisa tem como objetivo discutir como se configura a territorialidade da matriz religiosa africana em Jacobina, Bahia, frente aos processos históricos e relações dialéticas que envolvem as classes dominantes da sociedade e os cultos de matriz africana, assim como as ligações e influência destas nos cultos religiosos negros deste local de estudo. Para constatação destes fatos foi realizada pesquisa bibliográfica que inclui a leitura e consulta a livros, artigos científicos, monografias, dissertações, documentários, periódicos e leis municipais, assim como a realização de uma pesquisa de campo, mediante entrevista oral. Os resultados mostraram que apesar do processo de construção social de Jacobina ter sido pensada e estruturada em um modelo homogeneizador frente as diferentes culturas presentes na cidade, as manifestações religiosas negras se fazem presentes no município até os dias atuais. Durante a pesquisa foi possível perceber que os terreiros de candomblé presentes na cidade, são ligados mais diretamente a capital Salvador e que os cultos religiosos que se desenvolveram em Jacobina são reflexos das influências entre as crenças africanas, indígenas e católicas, surgindo como uma adaptação a uma imposição a crença exclusivamente católica.