Formação inicial de professoras da rede pública: escrevivências de mulheres negras

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Data
2024-08-30
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Universidade do Estado da Bahia
Resumo

A presente pesquisa-escrevivência é de abordagem qualitativa e está inscrita no âmbito da epistemologia do feminismo negro, tendo como objeto de estudo a formação inicial de seis mulheres negras professoras que atuam em diferentes espaços da Rede Pública Municipal de Ensino de Salvador-BA. O estudo foi orientado a partir das seguintes perguntas: de que maneira os marcadores sociais de raça, classe e gênero atravessam a formação inicial de mulheres negras professoras que atuam em diferentes espaços da Rede Pública Municipal de Ensino de Salvador? E como estas mulheres negras se constituíram professoras? O objetivo é compreender a formação inicial de mulheres-negras-professoras da Rede Pública Municipal de Ensino de Salvador, na intersecção dos marcadores sociais de raça, gênero e classe. Os objetivos específicos consistem em: Conhecer as experiências das mulheres negras professoras durante a sua formação inicial, destacando a intersecção entre os marcadores de raça, classe e gênero; Analisar as possibilidades de acesso e permanência das mulheres-negra-professoras no ensino superior; Identificar o sentido da profissão docente para essas mulheres negras professoras. As bases teóricas que fundamentam este estudo consistem na teoria do feminismo negro, referenciadas principalmente nos arcabouços teóricos de Gonzalez (2020, 2022), Nascimento (2021), Carneiro (2020), Gomes (2008, 2017, 2018), hooks (1995, 2017, 2019, 2023), Evaristo (2005, 2011, 2017, 2020, 2021), Collins (2015, 2017, 2019, 2021, 2022), Davis (2016), Santos (2021), Fanon (2020, 2022), Nascimento (2016), Bento (2022), dentre outras. A metodologia está ancorada nos princípios teórico-metodológicos das escrevivências e utiliza as conversas na perspectiva dialógica como dispositivo metodológico de pesquisa. Como perspectiva de análise foi utilizada a interseccionalidade a partir da metáfora do eixo inspirada em Crenshaw (1993, 2002, 2021). A pesquisa revelou que as oportunidades de acesso às mulheres negras professoras ao ensino superior foram limitadas e com a ausência das políticas de ações afirmativas elas precisaram elaborar as suas próprias estratégias para transporem as barreiras de acesso e permanência no ensino superior e, assim, concluírem a sua formação inicial. Daí a necessidade da garantia de estratégias formais de acesso e permanência no ensino superior, tais como, a política de cotas, programas de extensão, concessão de bolsas, incentivo à pesquisa e o fortalecimento de um currículo das licenciaturas que se coloque contra o racismo epistêmico e que valorize os diversos saberes e a diversidade cultural. A pesquisa também revelou que o diploma possibilitou às mulheres negras professoras ingressarem na profissão através do concurso público e mudarem de vida com uma melhoria salarial e demais direitos previstos no plano de carreira do magistério, revelando a profissão docente enquanto possibilidade de transformação, tanto na perspectiva da mobilidade social, quanto da atuação docente.


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ALMEIDA, Valcineide Santos de. Formação inicial de professoras da rede pública: escrevivências de mulheres negras. Orientadora: Tânia Regina Dantas. 2024. 149 f. Tese (Doutorado em Educação e Contemporaneidade)- Departamento de Educação (DEDC), Universidade do Estado da Bahia, Campus I, Salvador, 2024.
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