Comunidades quilombolas do Vale do Iguape, Bahia: histórico de uso, manejo e qualidade dos solos pelo habitar quilombola
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Resumo
A qualidade dos solos foi um fator decisivo para implantação do projeto de ocupação portuguesa na região recôncava da Kirimurê e permitiu sua exploração por cerca de trezentos anos sem registros de adoção de práticas de conservação dos solos. Após mais de 500 anos de exploração e ocupação desconsiderando os usos tradicionais e mesmo com a delimitação de áreas protegidas, a diversidade biológica associada aos remanescentes de Mata Atlântica, manguezais, restingas e áreas úmidas, ainda se encontra sob a ameaça do capital do modo habitar colonial. Esta pesquisa tem como objetivo avaliar o uso, manejo e qualidade do solo nas comunidades da RESEX Marinha da Baía do Iguape, sob a perspectiva quilombola. Para realização do estudo foi realizada pesquisa bibliográfica e documental, além de visitas dialogadas, a partir de perguntas orientadoras durante a coleta de amostras de solo. As amostras foram coletadas na profundidade de 0 a 20cm e analisadas em laboratório para aferição dos atributos físicos e químicos. Os resultados demonstraram que os solos conservam boa reserva química para produção agrícola, porém com desequilíbrios nas relações entre alguns elementos, mesmo em agroecossistemas sob manejo em transição agroecológica. O cruzamento entre os dados demonstrou que o manejo e conservação do solo está sob ameaça do racismo ambiental pelo impacto de atividades potencialmente poluidoras agravado pela falta de regularização fundiária das comunidades quilombolas. Os remanescentes de ombrófila da Bacia do Paraguaçu estão nas áreas das comunidades quilombolas, portanto garantir o território das comunidades quilombolas no Vale do Iguape é garantir sua conservação ambiental com integração entre as políticas públicas dos espaços protegidos.