Como transformar uma escola no campo em uma verdadeira Escola do Campo? Esse foi o desafio que motivou esta pesquisa, cujo objeto de estudo são as realidades e possibilidades do trabalho pedagógico na Escola do Campo Professora Bertila Araújo Cedraz, a partir do Projeto Ambiental Vida do Solo. O estudo teve como objetivo investigar como os princípios da Educação do Campo e da Agroecologia podem ser aplicados na Escola do Campo, articulando as práticas pedagógicas desenvolvidas em espaços não escolares, promovendo uma educação contextualizada e fortalecendo a identidade campesina dos discentes. Para compreender essa realidade, a pesquisa buscou analisar os desafios do trabalho pedagógico na Escola Municipal Professora Bertila Araújo Cedraz (EMPBAC), identificando as realidades e possibilidades para a construção de uma Escola do Campo. Também se propôs a investigar de que forma as práticas educativas não escolares desenvolvidas no Projeto Ambiental Vida do Solo (PAVS) podem ser incorporadas ao trabalho pedagógico, ampliando as possibilidades de aprendizagem para além da sala de aula. Como parte desse processo, foi essencial implementar ações pedagógicas que integrassem teoria e prática (práxis), utilizando a horta escolar como um recurso interdisciplinar para fortalecer os princípios da Educação do Campo e da Agroecologia. Além disso, considerando a carência de formação específica dos docentes nessas áreas, a pesquisa teve o objetivo de promover processos formativos que ampliassem seus conhecimentos e os auxiliassem na construção de uma educação emancipatória e contra-hegemônica. Metodologicamente, a pesquisa adotou uma abordagem quanti-qualitativa, fundamentada no Materialismo Histórico-Dialético e estruturada como pesquisa-ação. Os dados foram construídos por meio de questionários, entrevistas semiestruturadas e oficinas formativas. Os resultados da pesquisa evidenciaram um corpo docente aberto a novas práticas pedagógicas, mas com pouca formação específica sobre Educação do Campo e Agroecologia. A partir dessa necessidade, será implementado o projeto de intervenção Construindo a Escola do Campo (CESC), a partir da problematização da Realidade Social, Trabalho Coletivo e Auto-organização Estudantil. Conclui-se que as experiências do PAVS podem ser incorporadas às práticas pedagógicas da EMPBAC, mas para que essa integração ocorra de forma efetiva, são necessárias mudanças estruturais e pedagógicas. Mais do que uma reforma curricular, trata-se de um movimento de resistência e valorização da identidade campesina, essencial para a construção de uma educação emancipatória, contra-hegemônica e alinhada às necessidades dos sujeitos do campo