Esta pesquisa intitulada “O ensino da Libras e suas contribuições para a formação de psicólogos bilíngues no campus I da universidade do estado da Bahia” teve como objetivo principal compreender a percepção de estudantes de Psicologia sobre a importância do ensino da Libras durante a formação profissional. A formação bilíngue está relacionada à habilidade de usar as duas línguas (Língua Brasileira de Sinais e Língua Portuguesa), em diferentes graus de competência nas línguas, com desempenhos diferentes em função do contexto e do propósito comunicativo. A realidade ainda expõe o distanciamento entre a Psicologia e os Estudos Surdos, mesmo essa tendo na base da sua fundamentação discussões sobre direitos humanos, diversidade e inclusão social. Diante disso, alguns questionamentos surgiram na elaboração desta pesquisa, tais como: os profissionais de Psicologia têm consciência da importância de se qualificarem para a prestação de serviços a pessoas surdas? O contato durante o processo formativo com a Língua Brasileira de Sinais é o suficiente para habilitar, minimamente, os futuros psicólogos? Desse modo, despontou a seguinte questão norteadora para a realização deste trabalho: quais são as implicações do ensino da Língua Brasileira de Sinais (Libras) durante o processo formativo na percepção dos estudantes de Psicologia do Campus I da UNEB? A fim de respondê-la, os objetivos específicos foram: apresentar o mapeamento das produções acadêmicas encontradas relacionadas com Psicologia e surdez; investigar a concepção que os estudantes possuem sobre surdez, identidade e cultura surdas; identificar como os estudantes de Psicologia compreendem o papel do psicólogo no atendimento às pessoas surdas; e promover oficinas de Libras para os estudantes do Curso de Psicologia. A fundamentação teórica respaldou-se em Dalcin (2009); Quadros (2007), na discussão sobre Surdez e Libras; Skliar (2005); e Perlin e Strobel (2014), que trouxeram grande contribuição para o aprofundamento do tema proposto. Sobre a Psicologia sócio-histórica e Subjetividade, Bock (2001) e Vygotski (1991) foram imprescindíveis para a consolidação da base teórica do estudo. Em relação às áreas da Educação e Inclusão Social, Gadotti (2012) fez-se indispensável para a promoção do diálogo proposto neste trabalho. O percurso metodológico da pesquisa caracterizou-se como sendo de natureza qualitativa e exploratória, fundamentado em uma abordagem empírica sobre a importância do ensino da Libras na formação de psicólogos bilíngues, a partir da compreensão de que a Psicologia tem o compromisso com a acessibilidade e inclusão dos mais diversos grupos sociais, em especial das pessoas surdas. O projeto de pesquisa foi submetido ao comitê de ética com parecer favorável número 68369123.0.0000.0057. Os resultados apontaram o distanciamento entre os estudantes de psicologia e os surdos. As pessoas ouvintes tendem a reduzir a Libras a alguns gestos ou sinais básicos, sem imaginar a complexidade da língua. Os 12 participantes da pesquisa foram unânimes ao afirmarem que sentem a necessidade de um ensino mais consistente da Língua Brasileira de Sinais durante a graduação. O produto interventivo foi um relatório técnico, que será entregue ao Colegiado do Curso de Psicologia da UNEB (Campus I), a fim de que a intervenção seja reaplicada, impactando diretamente na formação de psicólogos na instituição.