Identidades negras femininas: o paradigma da sexualidade no romance Sula, de Toni Morrison
Data
Autores
Orientador
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Editor
Resumo
Esta dissertação realiza um estudo sobre o paradigma da identidade e da sexualidade da mulher negra, considerando aspectos de tempo e espaço sob diferentes perspectivas culturais, sociais e históricas. Buscou-se, assim, evidenciar essas categorias por meio do romance Sula, de Toni Morrison, autora cuja voz se destaca ao retratar personagens femininas como instrumentos de reflexão acerca da manutenção ou do rompimento dos modelos tradicionais. Além disso, procurou-se identificar as similaridades entre o tema e as personagens, a fim de compreender os parâmetros que essas mulheres seguiam em uma sociedade dominada pela supremacia branca, a qual estrutura uma cadeia de opressões na qual a mulher negra é sistematicamente subjugada. Observou-se que, por meio da literatura da autora norte-americana, é possível identificar os instrumentos que revelam as múltiplas tonalidades relacionadas às mulheres ao assumirem papéis que lhes foram historicamente impostos. O estudo investiga, portanto, personagens que rompem com essas estruturas patriarcais, assumindo lugares que outrora eram destinados apenas aos homens, desafiando a lógica do poder machista. Sula, enquanto persona literária, cede apenas aos seus próprios desejos — e não aos masculinos —, sendo compreendida como uma transgressora dos ditames sociais. Sua imagem, embora marginalizada, molda uma nova perspectiva do que é ser mulher. Diante da produção literária selecionada, o estudo fundamenta-se nas vozes de mulheres negras como Angela Davis, bell hooks, Anna Julia Cooper e Lélia Gonzalez. Além disso, autores como Stuart Hall, Homi Bhabha e W. E. B. Du Bois contribuíram para os aportes teóricos sobre identidade. Constatou-se que a personagem Sula se distancia dos moldes tradicionais da sociedade em que vive, rompendo com a imagem estereotipada da mulher negra em um contexto machista. Sua figura ressoa como símbolo de transgressão frente às normas sociais. Para as mulheres de seu meio — Nel Wright, Helene Wright, Eva Peace e Hannah Peace —, a percepção de quem Sula realmente era se apresenta de forma tanto sagaz quanto disruptiva. Assim, compreende-se que os parâmetros da identidade e da sexualidade são elementos entrelaçados na personagem, sendo indissociáveis de sua existência.