Inseridas em um contexto marcado pela presença constante de telas e conexões instantâneas, as vivências infantis contemporâneas revelam transformações significativas nos modos de brincar, aprender e se relacionar. As crianças do século XXI crescem imersas em uma cultura digital que perpassa suas brincadeiras, afetos, aprendizagens e modos de ser. Diante desse cenário, a pesquisa teve como objetivo investigar como crianças da contemporaneidade têm se inserido no universo das tecnologias digitais, bem como analisar de que forma práticas educativas podem favorecer um uso consciente, criativo e reflexivo desses recursos. A investigação foi realizada com crianças de 8 e 9 anos no Espaço Lúdico Decolar, em Ipirá/BA, utilizando uma abordagem qualitativa, de caráter exploratório, com entrevistas semiestruturadas e grupo focal como instrumentos de escuta sensível. A pesquisa fundamenta-se em autores como Philippe Ariès (história social da infância), David Buckingham (infância e mídia), Pierre Lévy e Edvaldo Couto (cibercultura), Lev Vygotsky (interação social), Wechsler (infância e tecnologia) e Sarmento (cultura da infância), entre outros estudiosos que dialogam com as temáticas abordadas. O diálogo com as crianças revelou um cotidiano digital multifacetado, no qual interagem, aprendem e produzem conteúdo com autonomia e espontaneidade, ao mesmo tempo em que enfrentam desafios como a superexposição e a ausência de limites. Conclui-se que compreender a cultura da criança ciber é essencial para a construção de práticas educativas que respeitem suas subjetividades e contribuam para seu desenvolvimento integral em um mundo cada vez mais conectado.