Militante e intelectual negra, Lélia Gonzalez contribuiu com a proposição de um feminismo negro que propõe a interseccionalidade entre gênero e raça. O conceito de amefricanidade expressa a condição compartilhada das mulheres negras na América Latina colonizada, sendo fundado nas experiências concretas das amefricanas, as quais apresentam vivências distintas e, ao mesmo tempo, próximas, devido ao compartilhamento das mesmas condições de opressão. A educação e a revisão dos valores culturais (notadamente das imagens da mulata, da mãe-preta e da doméstica) são caminhos necessários para o combate ao racismo, para além da simplificação promovida pela leitura socioeconômica. Esse artigo tem como objetivo discutir o feminismo negro de Lélia Gonzalez e suas contribuições para o Ensino de Geografia. A partir de seu pensamento, o artigo problematiza o lugar da mulher negra na Geografia escolar, em sua corporeidade e autonomia epistêmica, buscando elementos para a construção de uma educação antirracista e de enfrentamento da colonialidade.