O presente trabalho analisa como o livro O Símbolo Perdido, de Dan Brown (2009), contribui para o desenvolvimento do imaginário social contemporâneo sobre a maçonaria. Adotando a perspectiva da História Cultural, com base em autores como Sandra Pesavento, Roger Chartier, Peter Burke e Beatriz Sarlo, investiga-se a obra como uma rica fonte histórica das representações sociais. A análise evidencia que a maçonaria é retratada em três faces. A face real explora características e rituais autênticos da fraternidade, como a arquitetura maçônica de Washington D.C., rituais e símbolos, e reflete sobre o papel contemporâneo da instituição e a reação pública à exposição de seus segredos. A face não explicada/romantizada idealiza e generaliza aspectos, omite e revela certa parcialidade do autor. Já a face mística atribui uma aura de mistério, conectando a maçonaria a segredos, fomentando ideias de superioridade intelectual, círculos de poder e teorias conspiratórias. Ao mesclar elementos reais e ficcionais com estratégias narrativas (cenários autênticos, personagens eruditos), Brown cria uma tênue fronteira que molda a percepção do leitor. Conclui-se que a obra, embora não busque veracidade histórica estrita, alcança verossimilhança, contribuindo para um imaginário maçônico multifacetado. Este oscila entre o fascínio pelo seu secretismo, o respeito por seus valores declarados e a desconfiança alimentada por especulações e teorias conspiratórias.