O presente trabalho buscou analisar e compreender as representações da fome nas obras Vidas Secas (1938), de Graciliano Ramos, e Quarto de Despejo (1960), de Carolina Maria de Jesus. A ideia central se concentrou no estudo de como as personagens e o foco narrativo se mobilizaram em torno dessa condição somada à escassez alimentar, ao mesmo tempo que averiguou como essas representações provocam um processo de desumanização cujo destino é a degradação moral e social. Sendo assim, a pesquisa se concentrou em identificar as diferenças e semelhanças nas abordagens dos autores nas obras mencionadas acima sobre a experiência da desumanização resultante desses processos, comparando-as e discutindo-as em diferentes contextos, sendo o primeiro o sertão nordestino e o segundo a favela urbana paulistana. Mediante tais fatos, foi examinada a representação literária de Graciliano Ramos em contraste com as particularidades da perspectiva vivencial de Carolina Maria de Jesus. A análise buscou evidenciar como essas obras se inter-relacionam no tratamento dos temas fome e desumanização e o impacto disso na compreensão da realidade social representada.