Narrativas sobre o afastamento da escola: percepção de crianças hospitalizadas e de mães acompanhantes
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Resumo
O adoecer faz parte da vida! Em algum momento, todos nós já nos defrontamos com essa experiência, às vezes passageira, sem grandes sofrimentos, outras vezes demorada, traumática. De qualquer modo, a enfermidade atinge não somente o corpo, mas a identidade da pessoa, causando rupturas no cotidiano e, muitas vezes, desestruturando toda a rotina familiar. Em se tratando de crianças em idade escolar, que necessitam de uma internação hospitalar prolongada, essa quebra da rotina implica também na perda do vínculo com a escola regular, quando a instituição de saúde não dispõe de classe hospitalar. A centralidade da pesquisa realizada foi a criança em tratamento, o que ela pensa, sente e narra a respeito da sua escolarização interrompida. Ouvir a criança, conhecer seus medos, suas expectativas e tudo o que ela quiser expressar é legitimar a sua palavra e reconhecê-la como sujeito de direitos. Participou também o/a familiar acompanhante, pela sua importância no tratamento e na recuperação da criança. O objetivo desse estudo foi compreender sentidos que as crianças e seus acompanhantes em situação de hospitalização prolongada dão à escolar regular e ao afastamento desta instituição, por ocasião do adoecimento. Para tanto, objetivouse, de modo mais específico, conhecer as percepções e sentimentos das crianças sobre o adoecimento; captar os sentimentos destas em relação ao afastamento das atividades escolares e como a experiência da escolarização interrompida repercute em seus horizontes de vida e ainda analisar percepções de acompanhantes sobre esse afastamento da escola no período da internação. A pesquisa foi realizada na Clínica Pediátrica do Hospital do Oeste - HO, localizado na cidade de Barreiras, oeste da Bahia e contou com a participação de duas crianças (uma de 11 e a outra de 14 anos) e de suas mães, acompanhantes no percurso da hospitalização. Ancorou-se na abordagem biográfico-narrativa, tendo como base epistêmicometodológica a Fenomenologia, devido ao interesse nos processos de individuação e de socialização humana, no universo dos significados, das aspirações, dos valores e das atitudes do/das participante/s. Além das entrevistas narrativas, foram utilizados como dispositivos o desenho infantil e o diário de campo. Vale destacar a importância política do presente estudo, que evidencia a ausência de atendimento ao direito básico que todo cidadão tem à educação, uma vez que inexiste na região qualquer atividade educacional formal para estudantes que perdem o contato com a escola regular por motivo de enfermidade e internação prolongada.