Diante da percepção acerca da relação mantida pela Literatura com outras áreas do conhecimento humano, surgiu o questionamento, após conhecimento da escrita de Clarice Lispector, de como essa relação se efetivava em seus textos e de como sua escrita comprovava essa relação. Dessa forma, o presente estudo tem o propósito de discutir a relação percebida entre a teoria literária e a teoria psicanalítica, a partir da escrita de Clarice Lispector, tendo como corpus de análise dois de seus contos: Amor e Felicidade Clandestina. A autora, que possui como característica própria uma estética narrativa intimista, situa-se como limiar entre a subjetividade e a representação do real. Frente a essas questões, o estudo voltou-se, primeiramente, para a conceituação geral de Literatura e Psicanálise e a relação mantida entre elas, buscando, em seguida, essa relação no âmago da escrita de Lispector, para só então analisar internamente os contos escolhidos, sob a interface psíquico-literária. Os contos são representações de cotidianos comuns e neles pode-se observar marcas da literatura intimista e da subjetividade, características do amor e da felicidade no viés psicanalítico, assim como ações do inconsciente sobre as personagens. Para tais conclusões, utilizou-se como ferramenta de análise uma pesquisa bibliográfica, tanto sobre a obra de psicanalistas renomados e teóricos literários, como sobre estudiosos da obra clariceana, visando uma contribuição pertinente do trabalho, ao mundo acadêmico, aos estudiosos da literatura e aos amantes leitores de Clarice.