O mulherismo africana como uma exsurgência de vozes e ações femininas: mulheres-mães agentes da transformação em Niketche, de Chiziane
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Resumo
Este estudo discutiu alguns aspectos voltados para a ideologia da Afrocentricidade em literatura de autoria negra, em específico, o romance Niketche: uma história de poligamia (2004), da escritora moçambicana Paulina Chiziane. A temática da Afrocentricidade é muito ampla, mas, com o levantamento bibliográfico preliminar, essa especificou-se em aprofundar as análises e discussões acerca do pensamento Mulherismo Africana, definido por Clenora Hudson-Weems – que tem a base na afrocentricidade e matriarcado africano, além disso, visa evidenciar a obra analisada como a materialização de um projeto afrocêntrico. A natureza dessa pesquisa foi qualitativa, pois os dados foram mais ligados ao campo da subjetividade e não teve caráter quantificável, e também, escolheu-se no processo de construção a revisão de referencial bibliográfico, apoiado em abordagens interdisciplinares. Assim, os ritos de estudos, que concretizaramm essa escrita, foram essenciais para que o conhecimento concreto da realidade de culturas africanas fosse analisado e compreendido por uma ótica decolonial, também contribuiu para que a África continental e a África da diáspora fosem discutidas, estudadas e ensinadas em pé de igualdade com outras culturas. Pretendeu-se, com essa pesquisa, investigar como o romance Niketche: uma história de poligamia, de Paulina Chiziane, evidencia aspectos da Afrocentricidade e promove quatro das dezoito agendas do Mulherismo Africana – Força, Ambição, Irmandade genuína entre mulheres e Maternal e nutridora –, por meio das experiências das personagens femininas e de suas estratégias de resistência e emancipação. Para alcançar esse objetivo essa escrita foi estruturada inicialmente com o arcabouço teórico, apresentando a definição de Afrocentricidade sob a perspectiva de Molefi Kete Asante (2009) e (2016); a percepção detalhada do matriarcado africano no berço Meridional abordado por Cheikh Anta Diop (2014); e as especificidades e agendas estruturantes de Mulherismo Africana defendidas por Clenora Hudson-Weems (2020). Em seguida, analisou-se o romance Niketche: uma história de poligamia, relacionando-o às agendas do Mulherismo Africana e às características de ações voltadas para o individual e as agendas mais ligadas à atuação de um coletivo, entendendo a essencialidade da irmandade entre uma mulherista Africana e as que sofreram e sofrem as mesmas opressões que ela como superação de consequências dos processos de colonização e patriarcalismo. As considerações finais do trabalho sintetizaram os principais achados da pesquisa, demonstrando como a análise literária do romance revelou aspectos da Afrocentricidade e promoveu as quatro agendas do Mulherismo Africana. Também evidenciou possíveis implicações dessas descobertas para futuros estudos e para a compreensão das dinâmicas sociais e culturais em contextos africanos.