Conhecimento e uso da agrobiodiversidade vegetal como instrumento de transformação socioeconômica no assentamento palestina, em Cravolândia-Ba
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Resumo
A agrobiodiversidade é um componente indispensável para a satisfação das mais variadas necessidades humanas, essencial para segurança e soberania alimentar. Ligada a esta realidade, tem-se o fato de que os assentamentos rurais de reforma agrária constituem palcos da diversidade agrícola, pois nestes locais ocorre a diversificação de cultivos, que por sua vez são manejados por agricultores de base familiar que empregam práticas mais sustentáveis. A presente tese objetivou diagnosticar a agrobiodiversidade existente no Assentamento Palestina, localizado no município de Cravolândia-BA, com intuito de identificar ameaças, estratégias de conservação adotadas e possibilidades de geração de renda a partir desta, bem como identificar as tecnologias sociais desenvolvidas e/ou aplicadas pela comunidade para conservação da diversidade agrícola. O trabalho caracterizou-se pelo uso do método pesquisa-ação, sendo assim, múltiplas técnicas de coleta de dados foram selecionadas para realização do diagnóstico: levantamento bibliográfico, pesquisa documental, observação participante, diário de campo e uso de um Diagnóstico Participativo da Agrobiodiversidade (DPA). Para a socialização e discussão dos dados levantados, empregou-se o Círculo de Cultura Freiriano. O DPA realizado, em contato direto com os pequenos agricultores familiares assentados, evidenciou que a história agrária brasileira, fortemente marcada por desigualdades e pelas influências da agricultura convencional, impacta a agricultura de base familiar, de forma que no Assentamento Palestina os assentados tenham que resistir às pressões da agricultura “moderna” e perseverar para conservar a diversidade agrícola e os saberes tradicionais relacionados a esta. Foi verificada uma grande riqueza na agrobiodiversidade manejada, representada por 100 espécies, distribuídas em 298 variedades, pertencentes a 40 famílias botânicas. No entanto, também foi possível observar a perda de uma fração dessa diversidade agrícola, como as variedades de abóbora, milho, feijão e melancia, por exemplo. Apesar da aplicação de Tecnologias Sociais, ao mesmo tempo ancestrais e dinâmicas, que permitem a conservação de sementes locais e dos esforços que os assentados dedicaram à conservação da agrobiodiversidade, notou-se que as ameaças, muitas vezes, resultam na perda de variedades locais. Verificou-se ainda que de forma participativa desenhou-se na região uma estratégia para geração de renda a partir da comercialização de produtos da agrobiodiversidade em circuitos curtos de comercialização. Assim, a construção participativa de uma estratégia para valorização da diversidade agrícola local, bem como a construção do Catálogo “Guardiões das Sementes da Terra” constituem, portanto, um passo importante para a conservação e divulgação da riqueza biológica que o Assentamento Palestina possui, contudo, o estímulo às feiras de troca de sementes, bem como aprofundamento dos estudos sobre a diversidade agrícola local, são iniciativas urgentes para atenuar as ameaças à agrobiodiversidade local.