(Re) existências e letramentos periféricos: a presença de mulheres negras no movimento hip-hop: diálogos com a educação popular de jovens e adultos
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Resumo
A presente pesquisa disserta sobre (re)existências e letramentos periféricos: a partir de mulheres negras no movimento hip-hop, destacando a contribuição destas para a educação popular de jovens e adultos nas periferias da cidade de Salvador- Ba. Esta investigação expressa sua relevância científica e social, por abordar as narrativas de mulheres negras que ao se tornarem rappers provocam certas tensões sociais e mudanças em suas trajetórias de vida. Para responder a essa pesquisa foi feita a seguinte pergunta: Como se caracterizam as trajetórias de vida de mulheres negras rappers e qual a contribuição destas para a educação popular e para a produção de letramentos periféricos? A devida questão será analisada com as rappers negras de Salvador Bahia, a partir de suas histórias orais e trajetórias. Dessa maneira, o objetivo geral é: descrever as trajetórias de vida das mulheres negras rappers, residentes em bairros periféricos, da cidade de Salvador- Ba, observando de que forma a produção cultural destas se constitui em ―letramentos periféricos‖ e contribui para o fortalecimento dos saberes populares e para reafirmação de (re)existências sociopolíticas educacionais. Foram elencados como os objetivos específicos: a) Produzir Narrativas biográficas a partir das histórias de vida de mulheres negras rappers, residentes em bairros periféricos, observando a interseccionalidade presente em tais percursos; b) Analisar letras de músicas de raps produzidas por tais mulheres, observando nestas o caráter contestatório de denúncias, opressões e injustiças sociais; c) Relacionar tais narrativas e produções culturais à educação popular gerada por jovens e adultos periféricos; d) Produzir uma cartilha digital a partir das narrativas de vida das rappers entrevistadas. O tipo da pesquisa é de natureza aplicada, com abordagem qualitativa, tendo seus fundamentos embasados em Ludke e Ándre (1968) e Minayo (2015), com característica descritiva. Quanto ao método de estudo adotou-se a História Oral, referendada em Meihy e Holanda (2007). Enquanto estratégias de pesquisa para a produção de dados foram utilizadas a revisão bibliográfica, por meio do estado da arte, além da utilização do instrumento das entrevistas como forma de compreender as trajetórias de vida e narrativas das rappers, e a pesquisa documental, a partir das análises das letras de músicas das rappers associada à observação direta em eventos de rappers, com o intuito de aprimorar e detalhar o universo investigado. Como estratégia de análise dos dados, foi utilizada a análise do conteúdo, a partir de Bardin (2011). Para a fundamentação teórica situam se no campo de (re)existências, Santos e Dantas (2020), Souza (2009), Vaz (1994). No campo de letramento, Kleiman (1995), Soares (2009), Souza (2009). Sobre Mulheres negras recorreu se às autoras Davis (2016), Nascimento (1985) Gonzalez (2020), Carneiro (2003) Sousa (1983). No âmbito do Hip-hop, Miranda (2020), (2021), Guimarães (1998), Zeni (2004). Na discussão sobre a EJA, Haddad e Pierro (2000) Paiva (1987), Freire (1996), Gadotti (2008) e Arroyo (2001), para educação popular, Fávero (1983), Freire (2002) e outros. Os resultados encontrados expressam a relevância da presença de mulheres negras rappers por meio da educação popular, reconhecendo o letramento periférico como contribuição fundamental no cotidiano e no processo educacional de jovens e adultos periféricos. A partir das narrativas de mulheres negras rappers, foi possível registrar as trajetórias de vida e as opressões decorrentes pela classe social, raça e gênero, reconhecendo o trabalho artístico das rappers enquanto produtoras de conhecimentos e as contribuições da cultura hip-hop, no processo educativo, autoafirmação, identidade e possibilidade de ascensão social e outras proposições de se viver.