Direitos sexuais e reprodutivos e o planejamento reprodutivo na atenção primária a saúde: uma proposta para facilitar o acesso ao DIU de cobre
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Resumo
A baixa utilização de métodos contraceptivos de longa duração a exemplo do DIU de cobre ainda é uma realidade no Brasil e no mundo. A despeito dos seus inúmeros benefícios, sua maior taxa de eficácia contraceptiva e sua disponibilização gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS), as mulheres continuam sem acesso a esse método de forma facilitada. A literatura, em contrapartida, aponta algumas barreiras organizacionais, individuais e sociais que ajudam a compreender essa realidade. Este estudo teve como objetivo contribuir para facilitar o acesso das mulheres usuárias do SUS ao uso do DIU de cobre através da construção de ações para qualificação e capacitação de profissionais da atenção primária a saúde (APS) na temática dos direitos sexuais e reprodutivos, planejamento reprodutivo e inserção do DIU de cobre na APS. Trata-se de uma pesquisa exploratória por meio de uma revisão sistemática da literatura que teve como pergunta “Qual o impacto das estratégias de capacitação para aconselhamento e inserção do DIU pelos profissionais da APS?”. A construção de um ensaio reflexivo trouxe a compreensão sobre os impactos que um cuidado centrado no modelo biomédico pode trazer para a diversidade dos corpos femininos e a possibilidade de elaborar algumas considerações e perspectivas para a superação desse cuidado. Por se tratar de um mestrado profissional, dois produtos técnico científicos foram gerados ao fim da pesquisa: A elaboração de um Curso de atualização em Planejamento Reprodutivo e técnicas de inserção do DIU de cobre na APS e um capítulo sobre direitos sexuais e reprodutivos e vulnerabilidades no material didático produzido para o curso de formação para advogadas, psicólogas e assistentes sociais da ONG Tamo Juntas que atende mulheres vítimas de violência no Brasil. Os estudos encontrados revelaram que estratégias diversificadas para capacitar o profissional da saúde na inserção de LARC apresentam impactos relevantes para uma mudança no cenário da oferta, escolha, inserção e adesão do método. Nota-se que a ampliação no seu uso perpassa por múltiplas intervenções, que visam desde o planejamento econômico e estrutural de sua oferta até o treinamento em aconselhamento contraceptivo e instrução teórico-prática das técnicas de inserção, e estratégias de sensibilização dos profissionais. Outrossim, foi possível identificar uma mudança no olhar para o processo de saúde-doença das mulheres a partir de uma prática mais coletiva, política e compreensiva. Além de reconhecer o racismo, o machismo e as desigualdades socioeconômicas como fatores importantes para uma prática em saúde mais integral. O estudo aponta como o SUS assim como a APS são áreas de atuação estratégica para a garantia e efetivação dos direitos sexuais e reprodutivos e como a necessidade de se pensar ações e políticas que contemplem essa temática é urgente.