Esta pesquisa tem como objeto de estudo a história do Ginásio Dom Justino Russolillo, instituição de ensino privado criada, no final do ano de 1964, no município de Palmas de Monte Alto-BA. Busca contribuir com a conservação da memória institucional escolar, requisito importante para a reflexão sobre as práticas educativas do passado e do presente. A instituição funcionou entre os anos de 1965 e 1980, quando ofertou o Curso Ginasial e o Curso Normal de 2º Grau com a formação em magistério. A propósito disso, atentamo-nos aos debates que determinaram o processo de criação do Ginásio, à origem social dos alunos e ao que a cultura escolar, representada pelas fontes, nos permite conhecer sobre: ensino e aprendizagens, a relação entre escola e seus atores, escola e comunidade, e a conjuntura social, política e econômica que a envolvia. O presente estudo orienta-se pela metodologia da Nova História Cultural, que contempla as práticas sociais e culturais de realidades específicas, em conexões com o contexto da época. Apoiados nesse parâmetro historiográfico, interpretamos as fontes documentais em papel pertencentes ao arquivo do ginásio, fontes verbais e a estrutura física da escola, para conhecermos também as relações de poder e a relação entre educação pública e educação privada de ensino. Nesse sentido, analisamos a arquitetura do primeiro prédio, emprestado pela prefeitura para o funcionamento provisório do ginásio, no período de 1965 a 1970, bem como a arquitetura do Colégio Dom Justino Russolillo que funcionou em prédio próprio a partir de 1970. Além disso, discutimos as práticas educativas, a formação de professores, as tendências de ensino, os eventos festivos e a relação entre as memórias da Instituição e os seus respectivos espaços, tanto interno como externo. Entendemos que o Dom Justino Russolillo demarca o início da educação secundária no município, por isso é importante a preservação da sua memória para melhor conhecer a história da educação local e discutir aspectos da história da educação brasileira. Embora tenha assumido um importante papel, ao ofertar esse modelo educativo à comunidade de Palmas de Monte Alto, nem por isso pode ser concebido como um colégio que atendeu as demandas do município quanto a essa etapa de ensino, pois não era para todos, mas restrito às famílias que podiam pagar pelo estudo ou que recebiam bolsas da administração municipal ou do próprio ginásio. Nesse ensejo, refletimos sobre a negação das condições básicas de cidadania pelo poder público, sobretudo devido à falta de acesso ao ensino público secundário. A despeito disso, reconhecemos o interesse da sociedade monte-altense, a partir do movimento de crianças, jovens, adolescentes e adultos, no campo e na cidade, pela busca da educação escolar, inclusive em colégios públicos de cidades vizinhas.