Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu (Doutorado Acadêmico) em Ecologia Humana e Gestão Socioambiental (PPGEcoH)
URI Permanente para esta coleção
O Programa de Pós-graduação em Ecologia Humana e Gestão Socioambiental (PPGEcoH) é de natureza interdisciplinar, possui os cursos em nível de Pós-Graduação Stricto Sensu (Mestrado e Doutorado em Ecologia Humana e Gestão Socioambiental) e tem por objetivo, formar profissionais que pretendam adquirir ou aprofundar conhecimentos na área de Ecologia Humana numa perspectiva multidisciplinar, objetivando preparar alunos (as) para a obtenção do título de Mestre e/ou Doutor, adquirindo as competências necessárias que lhes permitam desenvolver projetos de investigação no ramo científico da Ecologia Humana, bem como para planejamento e tomada de decisões no que concerne às complexas situacionalidades que envolve a relação de seres humanos com os ecossistemas, com a natureza, na atualidade, atuando na pesquisa e desenvolvimento na interface natureza e cultura.
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- ItemA ecologia humana do benzimento: saberes ancestrais de cura no território baiano(UNEB, 2024-12-23) Bastos, Nayara Gomes; Andrade, Wbaneide Martins de; Santos, Carlos Alberto Batista dos; Almeida, Gracineide Selma Santos de; Santana, Iramaia de; Barros, Flávio Bezerra; Silva, Daniele Cristina De Oliveira Lima daEsta pesquisa apresenta os resultados da tese de doutorado sobre a Ecologia Humana do Benzimento na Bahia, tendo como objetivo caracterizar o etnoconhecimento e as práticas das pessoas que realizam benzimento em território baiano, com ênfase nos municípios de Andaraí, Lençóis e Mucugê, situados na Chapada Diamantina. A pesquisa foi dividida em duas etapas. A primeira consistiu em revisões integrativas da literatura, revisitando a trajetória desse conhecimento e oferecendo um panorama histórico e temático sobre o benzimento na Bahia. Nessa fase, foram construídos dois artigos que mapeiam o estado do conhecimento acadêmico sobre o tema na Bahia. O primeiro, ―A Geografia do Benzimento na Bahia: um olhar sobre as macrorregiões de saúde‖, analisou os estudos publicados entre 2010 e 2020, revelando a distribuição geográfica e os contextos socioambientais das práticas de benzimento no Estado, a partir das macrorregiões de saúde. O segundo, ―Etnobotânica do benzimento em território baiano: revisão integrativa‖, ampliou o período de análise até 2022, explorando a diversidade de plantas usadas nas benzeduras e as relações entre os benzedeiros e essas espécies vegetais. Na segunda etapa, da pesquisa de campo, desenvolvida em um contexto local, por meio de estudos de caso e pesquisas etnográficas, foi essencial para compreender as nuances que permeiam essa prática de cura ancestral. Realizada entre abril de 2022 e julho de 2023, nos municípios de Andaraí, Lençóis e Mucugê, a coleta de dados ocorreu por meio de entrevistas semiestruturadas individualizadas, conversas informais, observação participante e turnês guiadas, com 28 praticantes de benzimento, seguindo os aspectos éticos e legais necessários. A escolha dos participantes ocorreu através da técnica ―bola de neve‖. Como resultados dessa etapa, foram produzidos três artigos - um já publicado outro aceito para publicação e o último em processo de submissão -, que, juntos respondem as particularidades do tema. O artigo ―Parque Nacional da Chapada Diamantina: Etnobotânica do Benzimento e a Cura pelas Plantas‖, explora a diversidade botânica utilizada nos rituais de benzimento, evidenciando a íntima relação entre o saber ancestral e o uso sustentável das espécies locais. O artigo ―Tecendo Olhares sobre a Religiosidade nas Práticas de Benzimento em Comunidades do Parque Nacional da Chapada Diamantina, Bahia, Brasil‖, analisa a dimensão espiritual do benzimento, demonstrando como essa prática reflete cosmovisões religiosas plurais e como essas se interconectam através de um hibridismo religioso. Por fim o artigo ―Memória, Identidade e Saúde: as doenças combatidas pelo benzimento na Chapada Diamantina, Bahia, Brasil‖, investiga as doenças tratadas por meio do benzimento e suas interpretações à luz dos saberes locais. Os resultados desses artigos demonstram que o benzimento, ao integrar conhecimento e espiritualidade, representa uma alternativa complementar ao sistema de saúde formal, além de ser um ato de resistência cultural frente à modernidade e a erosão dos saberes ancestrais. Contudo, à preservação dessa prática exige o reconhecimento de sua importância cultural, ecológica e científica. Essa pesquisa contribui de forma significativa para entender a trajetória desse saber ancestral no território baiano, ampliando o conhecimento existente sobre essa temática. Além disso, fornece subsídios para a formulação de políticas públicas, auxiliando na elaboração de novas estratégias e/ou aprimoramento das já existentes, a fim de valorizar e preservar esse conhecimento tradicional, promovendo a saúde das comunidades locais. Para além de uma pesquisa científica, esta tese é uma celebração aos mestres e mestras benzedeiras, honrando-os como guardiões de um saber que conecta corpo, mente, religiosidade e natureza, preservando valores e tradições que atravessam gerações.
- ItemEcologia algorítmica: análise sobre a influência de tecnologias sociais digitais no contexto rural(UNEB, 2023-11-29) Bitencourt, Ricardo Barbosa; Amorim, Dinani Gomes; Santos, Juracy Marques dos; Ribeiro, Marcelo Silva de Souza; Gomes, Alex Sandro; Oliveira, Francisco Kelsen de; Amorim, Ricardo José RochaA expansão tecnológica, ao longo da história, tem impulsionado mudanças significativas. Anteriormente, tais transformações eram mais notáveis em áreas urbanas, mas atualmente estão se disseminando em regiões rurais, mesmo com infraestrutura mais modesta. Nesse contexto, esta pesquisa teve como objetivo investigar as influências da presença de tecnologias inteligentes, como smartphones, com ou sem acesso à internet, no desenvolvimento humano em contextos rurais. O estudo adotou uma abordagem transversal e exploratória envolvendo pesquisa de campo e análise qualitativa de dados (Gibbs), tendo como arcabouço teórico a Teoria Bioecológica de Bronfenbrenner. O trabalho de campo foi conduzido nas comunidades rurais de Serra dos Morgados e Varzinha, localizadas no município de Jaguarari, na Bahia. O trabalho de campo ocorreu entre os anos de 2022 e 2023, consistindo em entrevistas abertas conduzidas com 24 participantes. Dentre esses, 22 que afirmaram possuir telefone celular foram convidados a responder a uma escala de dependência. A abordagem utilizada foi a técnica snowball, na qual a inclusão de novos participantes foi encerrada quando a saturação do tema foi alcançada nas entrevistas. É importante ressaltar que a participação dos entrevistados foi voluntária e recebeu a aprovação do comitê de ética em pesquisa da Universidade do Estado da Bahia. Os resultados da pesquisa indicam que, inicialmente, a influência das tecnologias digitais nas comunidades rurais não se diferencia significativamente das áreas urbanas, mesmo diante das limitações de conectividade. As gerações que cresceram sem acesso à internet percebem de forma peculiar as mudanças na dinâmica social com a introdução da tecnologia, notadamente na comunicação com familiares, amigos distantes e no ambiente de trabalho. Além disso, as políticas de modernização dos serviços públicos estão compelindo os indivíduos a adentrarem o universo digital, com poucas alternativas além das plataformas mediadas pela internet. Durante as entrevistas, os participantes descreveram o celular como um elemento essencial para a vida em comunidade. Mesmo aqueles que não possuíam o aparelho o consideraram, especialmente quando associado à internet, como um recurso indispensável. Por outro lado, algumas perspectivas críticas surgiram em relação ao uso excessivo, algo percebido como uma doença para os participantes. Com base na escala de dependência aplicada, observou-se que 5% obtiveram um resultado classificado como “Normal”, 64% como “Leve”, 27% como “Moderado” e outros 5% como “Grave”. Quanto ao gênero, os níveis de dependência variaram, com 45% das participantes femininas apresentando níveis “Leves”, 23% “Moderados” e 5% “Graves”, enquanto os participantes do gênero masculino mostraram 5% com nível “Normal”, 18% “Leve” e 5% “Moderado”.
- ItemEcologia do fogo: complexas institucionalidades e gestão do fogo em áreas de mineração na Bahia(UNEB, 2024-12-20) Costa, Enio Silva da; Santos, Juracy Marques dos; Santos, Carlos Alberto Batista dos; Amorim, Dinani Gomes; Oliveira, Adelson Dias de; Pereira, Sidclay CordeiroAs questões ambientais estão cada vez mais presentes nas pastas governamentais, com políticas e leis voltadas ao meio ambiente. Embora nesse contexto, no estado da Bahia, tem se agravado os conflitos agrários, a grilagem de terras públicas, a presença das mineradoras e os incêndios florestais. Na ecologia, o fogo é um importante elemento para a manutenção e renovação dos ecossistemas naturais, sendo um fator poderoso e transformador em várias culturas ao longo da história. Diante disso, o problema deste estudo consiste na indagação conceitual de como os empreendimentos minerários na Bahia se relacionam com a grilagem de terras, os conflitos agrários e os incêndios florestais nas comunidades tradicionais. Busca-se entender como o Corpo de Bombeiros Militar da Bahia tem atuado no combate e na prevenção desses incêndios florestais. Nesse sentido, a hipótese a ser respondida pelo estudo é que a instalação dos empreendimentos minerários na Bahia tem relação com as ocorrências de incêndios florestais, com a grilagem de terras, e com os conflitos agrários nas comunidades tradicionais. Para responder a essas questões, adotou-se como método de pesquisa a revisão bibliográfica narrativa, que possibilitou uma análise crítica e sistemática da literatura existente sobre o tema. O estudo bibliográfico e documental foi embasado na busca de trabalhos indexados em bancos de dados como SciElo (Scientific Electronic Library Online); Portal de Periódicos da Capes e Web of Science, nos idiomas português, espanhol e inglês. O objetivo geral é investigar a relação dos incêndios florestais com os empreendimentos minerários na Bahia, com a grilagem e os conflitos agrários e atuação do Corpo de Bombeiros da Bahia no combate e na prevenção aos incêndios florestais. Os objetivos específicos incluem: a) analisar a atuação do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia (CBMBA) no combate e na prevenção aos incêndios florestais, com ênfase nos desafios enfrentados e nas ações desenvolvidas durante o período de 2015 a 2023; b) refletir sobre a relação entre as comunidades tradicionais e as mineradoras, investigando como essa interação contribui para o surgimento de incêndios florestais e para a violência associada à grilagem de terras no povoado de Angico dos Dias, extremo norte da Bahia; c) compreender, sob a perspectiva da ecologia do fogo, o uso do fogo pelas comunidades tradicionais, considerando suas práticas culturais e o impacto ambiental resultante; d) discutir a gestão do pós-fogo e o manejo integrado do fogo como políticas públicas estratégicas para a mitigação e o combate aos incêndios florestais. Os principais resultados apontam que a chegada da mineradora Galvani no município de Campo Alegre de Lourdes, no extremo norte da Bahia, ao invés de trazer o progresso prometido, resultou na destruição do ecossistema local, no aumento da violência dos grileiros e na intensificação dos incêndios florestais. No que se refere a política do fogo zero, possibilitou mudanças na forma como a sociedade contemporânea tenta resolver um dos grandes problemas ambientais da atualidade. O manejo integrado do fogo é uma abordagem que busca equilibrar a utilização do fogo como ferramenta de manejo, reconhecendo seus benefícios ecológicos e culturais, ao mesmo tempo em que se implementam estratégias para prevenir incêndios descontrolados. A gestão pós-fogo restaura o ecossistema afetado e previne futuros incêndios, rompendo com o ciclo contínuo de combate e incêndios florestais que tem se repetido nos últimos anos.
- ItemAs dimensões míticas e simbólicas da transposição das águas do rio São Francisco e seus aspectos ecológicos e socioculturais(UNEB, 2024-12-06) Leal, Zulenilton Sobreira; Santos, Juracy Marques dos; Junklaus , Heloysa; Carvalho, Mário de Faria; Silva, Elis Rejane Santana da; Oliveira, Geilson Fernandes deA transposição das águas do Rio São Francisco vai além de um simples projeto de engenharia; ela tece uma complexa rede de significados míticos e simbólicos que reverberam profundamente na cultura brasileira. O problema central desta tese é investigar como as imagens produzidas pelo telejornalismo, relacionadas à transposição do Rio São Francisco, refletem e moldam o imaginário coletivo, integrando-se às dimensões míticas e simbólicas no contexto socioambiental brasileiro. Dado que os mitos e as narrativas culturais influenciam atitudes e práticas socioambientais, estas podem ser reinterpretadas diante das crises ecológicas contemporâneas, à luz da Ecologia Humana (EH) e da Antropologia do Imaginário (AI). O objetivo principal da pesquisa foi compreender como as dimensões simbólicas e míticas associadas à transposição das águas do Rio São Francisco refletem e influenciam as percepções ecológicas. Nesse sentido, os objetivos específicos incluíram: discutir os pontos de convergência entre a Antropologia do Imaginário e as concepções da Ecologia Humana; analisar como o conteúdo midiático é permeado por mitos e símbolos que impactam as práticas socioambientais; e refletir sobre como essas imagens, captadas por câmeras e dispositivos móveis, são fruto de uma imaginação criativa e profunda, enraizada em arquétipos universais e atemporais. A pesquisa adotou uma abordagem comparativa conceitual, seguindo o modelo de Niz et al. (2016), que analisa temas ou conceitos em diferentes autores, com ou sem afinidade. Além disso, utilizou uma metodologia qualitativa, descritiva, bibliográfica e documental, associada ao método indutivo. A perspectiva teórico-metodológica da Mitocrítica e da Arquetipologia, desenvolvidas nos estudos da Antropologia do Imaginário, mostrou-se eficaz na identificação de mitos e símbolos em produtos culturais, dada sua afinidade com as ciências do texto e sua capacidade de analisar produtos midiáticos. Os resultados da pesquisa destacaram a importância dos estudos que conectam a Ecologia Humana às dimensões simbólicas do Homo sapiens, evidenciando como essas perspectivas ajudam a compreender as interações entre o ser humano e o meio ambiente. Nesse contexto, as imagens geradas pela técnica não apenas registram a realidade, mas também servem como um elo que integra as dimensões simbólicas às representações do mundo físico, traduzindo significados profundos que moldam nossas percepções. A pesquisa revelou que as narrativas de desenvolvimento econômico muitas vezes conflitam com as preocupações ambientais, influenciando de maneira complexa os valores e crenças coletivas. Esse conflito expõe a existência de um ecossistema simbólico, onde mitos e símbolos não só influenciam percepções, mas também dão origem a uma Ecologia das Imagens.
- ItemA educação não formal na organização dos núcleos culturais nas comunidades quilombolas do sertão do Pajeú pernambucano(UNEB, 2024-11-18) Costa, Kleber Ferreira; Amorim, Dinani Gomes; Duarte, Francisco Ricardo; Santos, Paulo César Marques de Andrade; Nogueira, Eliane Maria de Souza; Santos, Carlos Alberto Batista dosNesta tese, ao se estudar a cultura e a identidade das comunidades quilombolas do sertão do Pajeú e sua zona de conflito, está-se estudando a atuação da educação não formal como instrumento de preservação do núcleo cultural quilombola, compreendido como o espaço cultural em que o grupo de pessoas se reúne, convive e troca experiência. Esse núcleo, marcado pelo enfrentamento ao racismo estruturante e epistêmico, encontra na educação não formal a maneira de manter a organização comunitária, a resistência cultural e antirracista que fortalece essa comunidade. Nesse cenário, o presente estudo buscou responder a seguinte questão- problema: Como se dá o processo de organização dos núcleos culturais das comunidades quilombolas do sertão do Pajeú pernambucano? Este estudo objetiva identificar o processo de organização da educação não formal, enquanto mecanismo de preservação da cultura afrodescendente, nos núcleos culturais das comunidades quilombolas do sertão do Pajeú pernambucano. É uma pesquisa qualitativa que usa dos métodos descritivo e explicativo, por meio da técnica de pesquisa de campo aplicada nas comunidades quilombolas do sertão do Pajeú pernambucano com uso dos instrumentos de coleta de dados da História Oral, através de entrevista semiestruturadas e não estruturadas gravadas em áudio e vídeo. O resultado apontou que a ancestralidade, a preservação e a territorialidade são marcas que se aprendem na comunidade por meio da memória que é perpassada pela educação não formal como instrumento de manter viva a identidade de uma comunidade. Ademais, evidencia que a educação comunitária não formal descoloniza forças conservadoras ocidentais abrindo espaço para a cultura local dos territórios quilombolas.