Análise da construção conectora porque de: um estudo funcional centrado no uso.
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Resumo
Nesta tese, temos como objetivo geral analisar, em perspectivas construcional e sincrônica, os usos do conector causal porque de na variedade valenciana (falada e escrita) do português brasileiro (PB) do século XXI. Mais especificamente, pretendemos: (i) identificar as propriedades de forma e significado da construção conectora porque de; (ii) caracterizar os contextos de uso dessa construção com base nas categorias de análise controladas na pesquisa; (iii) traçar a arquitetura construcional de porque de na rede [X de]Conect; (iv) detectar níveis de gradiência e gramaticalidade e as relações de construcionalidade na expressão de causa codificada pelo conector porque de; (v) verificar os processos cognitivos de domínio geral e os mecanismos de mudança envolvidos nos usos reais da construção porque de; (vi) observar os colocados que surgem no entorno linguístico de porque de nas sentenças produzidas por valenciano(a)s e a natureza linguística desses colocados. Como base teórica, fundamentamo-nos na Linguística Funcional Centrada no Uso – LFCU (Martelotta, 2011; Cezario; Furtado da Cunha, 2013; Oliveira; Rosário, 2015), sob a perspectiva da abordagem construcional da gramática (Goldberg, 1995; Croft, 2001; Bybee, 2016 [2010]; Traugott; Trousdale, 2021 [2013]). Também nos valemos de estudos sobre a relação de causalidade (Sweetser, 1990; Paiva, 1991; Amorim, 2012, 2017; Oliveira, 2016, 2020). Quanto à metodologia, desenvolvemos uma pesquisa em viés qualiquantitativo (Cunha Lacerda, 2016). Como corpus, utilizamos dados de fala e escrita do PB valenciano do século XXI, extraídos de entrevistas orais, questionários escritos e textos digitais. Na análise, descrevemos as propriedades dos eixos da forma e do significado de porque de e o caracterizamos quanto às dimensões construcionais tamanho, especificidade fonológica e tipo de conceito. Na investigação, consideramos seis categorias de análise: domínio de causalidade, status informacional do segmento causal introduzido pela construção porque de, tipo de sequência linguística, preenchimento do slot X, tempo e modo do verbo da oração e posição da construção porque de X na sentença. A partir dessas categorias, constatamos os contextos de uso em que porque de mais ocorre nas amostras. Na fala e na escrita, essa construção conectora: tem uso ainda restrito ao domínio de causalidade referencial; tende a introduzir mais a codificação de uma informação nova; tem o slot X majoritariamente preenchido por um sintagma nominal pleno com núcleo concreto não animado; é empregada mais na sentença em posição posposta. Nos dados examinados, porque de ocorre mais em sequências argumentativas na fala e em sequências expositivas na escrita; ocorre mais com verbo da oração no presente do indicativo na fala e no pretérito perfeito do indicativo na escrita. Na nossa análise, também mostramos como se dá a atuação dos fatores esquematicidade, produtividade e composicionalidade na (micro)construção porque de. Com base nos usos desse conector, propusemos um novo subesquema para a rede [X de]Conect: [Conj de]Conect. Nessa rede taxonômica, porque de estabelece uma relação causal entre os constituintes vinculados.