O falar sertanejo: a linguagem das narrativas orais e do canto de Terno de Reis em Lagoa Real/BA
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Resumo
Considerando as três principais matrizes – a indígena, a africana e a europeia – que constituíram de início o Brasil e do português brasileiro, é possível, assim, explicar muitas das diferenças entre o português europeu (PE) e o português falado no Brasil (PB). Para explicar a formação do PB, ao longo dos anos, algumas propostas têm sido apresentadas, com divergências entre si, como a proposta de crioulização e posterior descrioulização, a transmissão linguística irregular, a ancianidade do português brasileiro e a tese da emergência de uma nova gramática para o português falado no Brasil. Além dessas, estudiosos sugerem que algumas respostas podem ser encontradas nas variedades faladas regionalmente, uma vez que preservam, principalmente nas gerações mais velhas, marcas de conservadorismo linguístico, fornecendo pistas sobre o falar do português nos anos anteriores, possibilitando compreender mais sobre a mudança e a variação linguística. Há também propostas fora do âmbito linguístico, como a do antropólogo Darcy Ribeiro (1995), que apresenta o Brasil em protocélulas neo-brasileiras, as ―ilhas-Brasil‖, dentre elas, a do Brasil Sertanejo. A partir dessa proposta, esta pesquisa objetivou pesquisar dados de fala desta protocélula particular, a Sertaneja, do Alto Sertão Baiano, na comunidade rural de São Francisco, no município de Lagoa Real – BA, onde foram encontradas predominantemente características fonéticas e fonológicas do português antigo nas falas dos mais idosos da comunidade e com baixa ou nenhuma escolaridade, e no canto do Terno de Reis, uma tradição local, de origem portuguesa. Respaldados em Castilho (2010) e Ilari (1999), alguns dados foram interpretados como conservação e/ou inovação linguística.