Pluralidade cultural e diálogo-inter-religioso: a prática docente em escolas confessionais na cidade de todos os santos, encantos e axé
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Resumo
Esta dissertação nos remete a uma questão social geradora de inúmeros desdobramentos, que está situada no contexto de crises desencadeadas pela civilização global moderna, como apontam Santos (2012), Arendt (2014) e Panikkar (2020). Compreendemos que a colonização e o fundamentalismo religioso são sinais dessa crise que atinge a educação, por décadas a serviço de um ensino eurocêntricocristão, conforme elucidado por Freitas e Nóbrega (2023) que, em seus constructos teóricos, revelam o processo de minorização vivido por sujeitos que se diferenciam dessa lógica opressora. É nesse contexto que despontam o preconceito, a intolerância e o racismo religiosos, como meios de negação da pluralidade cultural, cuja superação, na perspectiva de Custódio e Klein (2015), somente se dá pela ética da alteridade, aqui concretizada por meio do diálogo inter-religioso. Nesse sentido, assumimos como objetivo geral compreender como a/o professora/professor de Ensino Religioso, de escolas confessionais, lida com o desafio do diálogo interreligioso, no contexto pluricultural de Salvador/BA. Para isso, nos instrumentalizamos da fenomenologia, destacadamente sob a interpretação husserliana, e das contribuições da etnografia, enquanto método que nos oportunizou percepções de maior alinhamento com as culturas. Para tal, realizamos entrevistas e observações com os sujeitos desta pesquisa, professoras/es de Ensino Religioso dos colégios confessionais de Salvador/BA adotados como campos de investigação, com vistas à apreensão do nosso objeto de estudo, a saber: a prática docente desta/e professora/professor, frente ao desafio do diálogo inter-religioso. Como achados da pesquisa, ressalto o compromisso que algumas/alguns docentes deste componente curricular demonstraram ter para com o exercício do diálogo inter-religioso, frente à realidade da pluralidade cultural, e, por outro lado, o não comprometimento de certas/os professoras/es, que o concebem como desnecessário para o espaço escolar em que atuam. Isto nos faz, também, destacar a íntima relação percebida entre aquilo que é posto como ensino às/aos alunas/aos e aquilo que é fortemente acreditado pela/o professora/professor, do ponto de vista da sua fé e pertença religiosas.