Navegando por Autor "Costa, Livia Alessandra Fialho da"
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- Item“Abaixo de deus só a senhora”: relações de poder entre mulheres privadas de liberdade e a equipe de gestão de uma unidade prisional do estado da Bahia(2018-11-23) Conceição, Alexandra Santos; Costa, Livia Alessandra Fialho da; Amorim, Rita da Cruz; Souza, Sueli Ribeiro MotaEsta pesquisa nasce do interesse em mapear dados sobre as relações de poder estabelecidas entre mulheres privadas de liberdade e a gestão de uma Unidade Prisional do Estado da Bahia. Para tanto, tomamos como objeto de análise os bilhetes enviados pelas presidiárias às trabalhadoras da gestão, responsáveis por receber as demandas, os lamentos, as queixas das mulheres que ali se encontram cumprindo pena. A pergunta que buscamos responder ao final deste texto é: como as relações de poder produzidas neste contexto produzem modos de subjetivação específicos do ambiente prisional? Dialogamos, sobretudo, com a obra de Michel Foucault (2016, 1997a, 2017b, 2004), filósofo francês que se dedicou a pesquisar como as relações de poder forjaram o sujeito moderno. Adotamos a cartografia como inspiração e prática de pesquisa considerando as peculiaridades do encontro entre o campo de pesquisa e a pesquisadora, possibilitando que a pesquisa se construísse à medida que o campo fosse explorado, constituindo simultaneamente pesquisa e pesquisadora, o que se mostrou como recurso mais adequado ao objeto de pesquisa: relações de poder e produção de subjetividades. Como resultado, podemos observar como autoras constroem uma forma de capturar suas interlocutoras por meio de algumas posições ocupadas: a desvalida, a negociadora, a filha, a injustiçada e barganhar seus atendimentos.
- ItemAprendiz do tempo: rezadeiras de Salvador e suas experiências educativas(2022-11-03) Moura, Daniele Rodrigues de; Messeder, Marcos Luciano Lopes; Mota, Clarice Santos; Costa, Livia Alessandra Fialho daAs rezadeiras, seus saberes e cuidado estão por todo o Brasil, seja no campo ou na cidade, com seus banhos, chás e rezas. Este trabalho pretende analisar de que forma as rezadeiras foram construindo suas trajetórias de aprendizagem e como esses saberes têm sobrevivido contemporaneamente. Buscamos também conhecer o papel da reza na vida dessas mulheres, compreendendo os discursos e práticas relacionados à medicina popular e as concepções de saúde e doença que embasam esses conhecimentos. Para tanto, realizamos conversas informais, entrevistas e observamos as suas práticas de cura, inclusive participando como pacientes. Entendemos que as experiências educativas dessas mulheres se orientam por sentidos interculturais que têm o afeto e o cuidado amoroso com todos os seres como base fundamental.
- ItemBases epistemológica para uma educação indígena cristã na contemporaneidade(Universidade do Estado da Bahia, 2024-08-29) Vieira, Ana Paula Bispo; Santos, Luciano Costa dos; Giorgio, Borghi; Costa, Livia Alessandra Fialho daNeste estudo, buscou-se analisar os fundamentos da proposta de educação popular indígena cristã a partir de uma perspectiva que integra a epistemologia intercultural indígena, fundamentada na vida onírica. A proposta crítica destaca a necessidade de uma educação que respeite e valorize as subjetividades indígenas, contestando práticas educativas tradicionais que perpetuam a opressão e a desumanização. Além disso, argumenta-se a favor da criação de uma educação popular indígena que não apenas dialogue com a educação formal, mas também sirva como um meio de libertação social e cultural para os povos indígenas citadinos, tanto cristãos quanto não cristãos, reconhecendo sua diversidade e temporalidades. Os objetivos específicos incluem, entre outros, a investigação das bases epistemológicas que sustentam esta proposta, a exploração da interculturalidade e a reconfiguração do cristianismo da libertação em apoio a essa educação. Assim, busca-se estabelecer um diálogo significativo entre diferentes visões de mundo, promovendo uma prática educativa que valorize as vozes e experiências dos indígenas, contribuindo para a construção de um novo ethos social. Os principais aportes filosóficos utilizados para fundamentar a pesquisa incluem os escritos de Enrique Dussel, Ailton Krenak e Paulo Freire. Trata-se de um estudo com abordagem qualitativa, de natureza básica e com possibilidade de aplicação futura. É exploratório em relação aos objetivos e adota como procedimento de pesquisa a (auto)biografia, sob o eixo do ato de narrar, entrelaçada com a educação popular baseada na vida onírica. Utilizou-se um caderno pessoal de autoconhecimento como documento ordinário. As bases epistemológicas que sustentam a proposta de educação popular indígena cristã, em sua instância filosófica, são pautadas pela transmodernidade, regida pela variabilidade indígena em ação específica. Já a instância educativa, voltada à criação de um conselho para os povos originários citadinos e ao estabelecimento de laços afetivos por meio do diálogo com os povos originários da floresta, tem como base epistemológica os sonhos indígenas, considerados uma disciplina formativa. Tais epistemologias constituem um potencial desestabilizador dos conhecimentos e formas de saber hegemônicos, sem negar a pluralidade de epistemes em cada contexto. No entanto, considera-se problemática a questão do reconhecimento da diversidade dos povos originários, quando não consideradas as suas respectivas etnias e a interseccionalidade.
- ItemCom o maracá na mão, as guerreiras pataxó vão á luta: olhares das mulheres indígenas sobre violência doméstica(2017-09-28) Sobreira, Gerusa Cruz; Messeder, Marcos Luciano Lopes; Sacchi, Angela Célia; Costa, Livia Alessandra Fialho daO presente trabalho teve como objetivo conhecer o olhar das mulheres indígenas sobre a violência doméstica. Os primeiros passos para a chegada ao objeto de pesquisa começaram no ano de 2014, quando visitei uma Aldeia indígena no Extremo Sul do Estado da Bahia para realizar diálogos sobre o tema da violência doméstica e foi nesse contexto que passei a perceber que a organização social indígena exige que se pensem as políticas públicas de forma diferenciada para esses povos. A Aldeia mencionada, no entanto, não foi o destino final desta investigação por uma decisão dos homens da comunidade, o que me levou a conhecer outra Aldeia da etnia Pataxó, no município de Porto Seguro/ BA, liderada por uma mulher, onde realizei este trabalho de pesquisa de 2015 a 2017. Para responder os questionamentos suscitados nesta investigação priorizei a utilização de técnicas da pesquisa etnográfica para a extração dos dados, tendo realizado diversas aproximações com a comunidade através de visitas aos locais de socialização das mulheres indígenas (escola, igreja e casas de farinha), acompanhando a participação delas em diversos eventos onde se debatiam questões de gênero e participando de atividades culturais da comunidade. Durante a observação participante realizei entrevistas informais com mulheres e homens que me ajudaram a entender algumas teias societárias e, também, fiz entrevistas semiestruturadas com cinco interlocutoras de diferentes idades, nas quais abordei diretamente a questão da violência doméstica. O estudo revelou uma diversidade no entendimento do que seja violência doméstica e esta é movida por diversas influências, dentre elas: a escola, a igreja e a militância. Além disso, ao longo do trabalho, o conceito de agência é mobilizado para mostrar que as mulheres indígenas conseguem driblar situações adversas dentro dos seus relacionamentos e que, também, estão buscando criar mecanismos de superação da violência doméstica dentro e fora das instituições formais.
- ItemCorporalidades e memória lúdica: um estudo sobre educação e expressões culturais numa comunidade negra rural da Bahia(2015-09-22) Ávila, Marcus Vinicius Araújo; Costa, Livia Alessandra Fialho da; Lechner, Elisa; Souza, Elizeu ClementinoEste texto é fruto de um trabalho de pesquisa de campo com inspiração etnográfica realizada em sítios tradicionais negros e rurais, denominados em alguns estudos, de comunidades de quilombos ou quilombolas, mais precisamente nas comunidades do Tombador II e de Bernardo de Lapa, localizadas no Vale do Jiquiriçá, no município de Valença, a cento e vinte oito km da capital Salvador. Durante noventa dias de convivência entre os meses de janeiro a abril de 2015, somando quatrocentos e cinquenta e três horas de observação participante buscando dar escuta as diferentes formas de expressão do corpo humano, foram realizadas anotações sistematizadas em categorias no diário de campo, participação em rodas de conversa, bem como foram abordadas em entrevistas cinquenta pessoas, sendo 25 do gênero masculino e vinte e cinco do gênero feminino, deste total 19 entrevistas formais, sendo três em arquivo de áudio e 21 em vídeo. O recorte do objeto deste estudo se fundamentou na inter-relação entre a corporeidade e a ludicidade, sobretudo no que se refere a memória lúdica diluída no corpo dos sujeitos desta pesquisa, que se configuram como uma arrumação familiar que foge aos padrões fundamentados nos laços de consanguinidade e celebram a vida mesclando trabalho e ludicidade num cordão de samba conhecido como Grupo Cultural Arguidá, por este motivo os denominamos de povo do Arguidá. Discutimos de que forma esses sujeitos constroem suas relações corporais com o espaço, a ludicidade, a festa e o trabalho, apoiados nos alicerces da etnografia pós-colonial. Os dados levantados foram analisados num debate retórico entre a base teórica desta pesquisa diante das realidades encontradas no campo, portanto o método de análise se estruturou no diálogo entre a tradição do pesquisador no materialismo histórico dialético diante da retórica descritiva enquanto método típico de análise das etnografias clássicas. Nossas observações apontaram para a compreensão de um modo inusitado de exercer corporeidade na busca do prazer, incorporando uma ludicidade expressa na alegria de viver apoiada no contato entre os corpos, determinando uma cosmovisão ensinada, sobretudo, nas casas-de-farinha. Constatamos que a memória lúdica do povo do Arguidá, como uma memória subterrânea, emerge no convívio e na relação entre os corpos, especialmente nos momentos festivos e nas apresentações e ensaios do Grupo Cultural Arguidá.
- ItemA curva e a encruzilhada: a relação entre roça e universidade nos sertões da Bahia, na contemporaneidade(2020-09-23) Macêdo, Maria Dalva de Lima; Queiroz, Delcele Mascarenhas; Nunes Neto, Francisco Antonio; Freitas, Nacelice Barbosa; Costa, Livia Alessandra Fialho da; Mattos, Wilson Roberto deA pesquisa trata da relação entre roça e universidade na contemporaneidade, nos sertões da Bahia. Objetiva responder qual o impacto da universidade na roça, no tocante aos processos de desterritorialização-reterritorialização versus políticas de “fixação do homem ao campo”. Fundamentada na História Oral e em Epistemologias do Sul, apresenta a escrita a partir do diálogo entre teoria e experiência, tendo as narrativas dos entrevistados como fonte principal, e, de forma metafórica, compara o acesso à universidade a curva e a encruzilhada do caminho. Nesta perspectiva, e considerando minha própria experiência de mulher negra da roça, me coloco como copartícipe dos sujeitos pesquisados. O trabalho apresenta a roça enquanto território híbrido, originado da fusão de negros, indígenas e brancos empobrecidos, cuja forma de estar no mundo configura uma cultura negra resultante da transferência de parte do patrimônio cultural de Àfrica para o Brasil; a roça que, em sucessivos processos de desterritorialização-reterritorialização em diferentes bases materiais, se multiterritorializa através de corpos em movimento e difere do conceito científicofilosófico de campo, escapando do sentido semantizador universal. A universidade é apresentada a partir de duas reformas: a do período militar e aquelas do período lulista. A relação entre universidade e roça é avaliada pelo duplo movimento de oferta e acesso. Neste contexto, o formato multicampi da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) representa um ganho para a roça, e, embora exija o deslocamento dos corpos da roça até a universidade, significa para estes corpos possibilidades de multiterritorializar-se. Contudo, a roça não é vista pela universidade, ao contrário, ambas se encontram em lados opostos da linha abissal que separa o conhecimento em válido (universidade) e invisível (roça). Validar o conhecimento produzido e reproduzido pela roça, contribuindo para a multiterritorialização e para a descolonização dos corpos dos seus sujeitos, constitui o desafio da relação entre roça e universidade.
- ItemDa ficção à periferia de Salvador: uma leitura dos processos educativos que reforçam a dominação e sexonegação de mulheres negras(Universidade do Estado da Bahia, 2024-08-30) Santana, Patrícia Santos; Costa, Livia Alessandra Fialho da; Debus, Eliane Santana Dias; Pacheco, Ana Claudia Lemos; Messeder, Marcos Luciano LopesEsta pesquisa busca, a partir da inspiração ficcional da narrativa ―Niketche: uma história de poligamia‖ (2004), da autora moçambicana Paulina Chiziane, abordar acerca da sexonegação das mulheres negras de periferia urbana, analisando como os processos educativos formais e não-formais interferem na experiência de vida de mulheres negras, trabalhadoras e/ou moradoras do bairro de Paripe, periferia de Salvador, Bahia. A pesquisa é embasada numa literatura epistêmica negra, feminista e decolonial, partindo da problematização do que é ser mulher negra. Nessa perspectiva, mulheres negras torna-se categoria central de análise por dois motivos: o primeiro, por entender a relação direta com as dimensões interseccionais que cercam o conceito sexonegação; o segundo, por ser uma categoria pensada e criada pelas próprias mulheres negras, devido à necessidade de discutir as assimetrias de raça, classe e gênero numa dialética entre opressão e ativismo, constituindo o pensamento intelectual feminista negro. Assim, a partir das categorias dor, abandono (ausência e solidão) e amor, que estão presentes ao longo da narrativa e que fazem parte da experiência de vida de mulheres negras marcadas por dificuldades e desafios econômico-financeiros e culturais, este estudo quer entender como as dimensões e as variantes interseccionais como a Família, as Instituições de poder (Escola, Estado, Igreja e Trabalho) e o Casamento são lugares de produção da sexonegação. O conceito sexonegação, criação da própria autora, revela-se como profícuo para entender os diversos processos de negação das mulheres negras nas suas diversas formas, ocorrendo desde o nascimento e perpassando ao longo da vida: uma estrutura de aprisionamento que emerge na subjugação e no controle. Esta pesquisa tem ainda como objetivos específicos: identificar elementos que caracterizam o processo de sexonegação vivenciados por mulheres negras moradoras de uma periferia urbana em Salvador-Ba e estabelecer um paralelo das experiências das mulheres ficcionadas na narrativa ―Niketche: uma história de poligamia‖ com as das mulheres de periferia urbana de Salvador. A pesquisa, de abordagem qualitativa, de natureza descritiva-exploratória, desenhada como uma Pesquisa narrativa, é amparada, portanto, em narrativas ficcionais e factuais, apoiada na escrevivência oralizada, elaboradas na obra ―Niketche‖ e em situação de entrevistas individuais semiestruturadas com mulheres negras de camada trabalhadora de Salvador. O diálogo teórico fundamenta-se em autoras e autores do campo da educação e outros afins, como Piedade (2017), Carneiro (2009), Hooks (2021), Pacheco (2008), Gonzalez (2011) e Collins (2019)
- ItemDinâmicas para a escolarização da criança negra em Salvador: a experiência da Escola Criativa Olodum – ECO(2015-09-15) Santos, Simone Magalhães; Queiroz, Delcele Mascarenhas; Santos, Ana Kátia Alves dos; Silva, Ana Célia da; Costa, Livia Alessandra Fialho daO presente estudo debruça-se sobre a experiência da Escola Criativa Olodum (ECO) – uma escola não formal, localizada no Centro Histórico de Salvador-Ba – espaço no qual o fazer pedagógico está vinculado ao interesse do educando numa articulação permanente entre a educação escolarizada e as manifestações culturais de matriz africana. Nosso objetivo é analisar as dinâmicas1 que contemplam as práticas político-pedagógicas fundamentadas nas Diretrizes Curriculares para o Ensino da História e da Cultura Afro-Brasileira e Africana (Lei n. 10.639/03), as quais foram desenvolvidas na referida instituição entre os anos de 2000 e 2005, buscando identificar de que maneira essas práticas contribuíram para a construção da identidade étnico-racial dos que dela participaram, de forma a ampliar sua escolarização. O estudo suscita como investigação precípua a seguinte questão: Quais são os efeitos dessa experiência na vida dos estudantes que delas participaram? Qual a percepção desses sujeitos em relação à questão racial nos dias atuais? Ademais, em que medida essas práticas serviram de suporte e motivação para elevar a autoestima dos estudantes, possibilitando-lhes ampliar sua escolarização? Para tanto, a metodologia que norteia este trabalho consiste em uma abordagem qualitativa, a partir de referenciais teóricos, além da pesquisa de campo, por meio da técnica de entrevista com educandos da Escola Criativa Olodum e analise documental da instituição.
- ItemDiversidade religiosa, um desafio educacional: a escola municipal abrigo filhos do povo(2012-08-24) Oliveira, Adauto Leite; Menezes, Jaci Maria Ferraz de; Dorneles, Malvina do Amaral; Costa, Livia Alessandra Fialho da; Santana, Elizabete ConceiçãoEsta dissertação versa sobre o tratamento educativo dado à questão da diversidade religiosa presente na escola pública, tomando como caso de estudo a escola municipal Abrigo Filhos do Povo, situada no bairro da Liberdade, em Salvador-Ba, tendo em vista as implicações que isso pode gerar no processo de ensino aprendizagem e nas relações interpessoais. A pesquisa é um estudo de caso e de cunho qualitativo, com sua sustentação metodológica em autores como Macedo (2004); Gatti (2005); Demo (2001); Mattelart (2004); Nosella & Buffa (2009); Bardin (2009); Orlandi (2009) e Lüdke e André (1986). Para a perspectiva de práticas educativas, que se estende para além do trabalho docente, foi escolhido Libâneo (1994), como principal referência, mas sem desprezar a importância de Freire (1987, 1996, 1997, 1998 e 2003); Saviani (1998), Gaddoti (1994) e outros. Bogardus (1965); Eliade (2010); Gaarder (2005); Wach (1990); Akkari (2010); Bourdieu (2010); Foucault (2010); Weber (2009); Junqueira (2010, 2011), Diniz (2010) e Durkheim (1996) compõem o principal quadro teórico deste trabalho, no que tange a discussão da diversidade e do fato religioso na sociedade. Os dados colhidos no campo, através de questionários, grupo focal, aplicação da escala de Bogardus, documentação legal e histórica da instituição, somados a observações do cotidiano, muito contribuíram para uma análise equilibrada do objeto da pesquisa. A mudança no cenário religioso brasileiro apontado pelo censo do IBGE (2000), os diversos casos de intolerância religiosa dentro do contexto escolar, noticiados nas várias mídias, assim como as dificuldades encontradas pelos profissionais da educação para lidar com a inclusão das novas normativas, a exemplo da Lei 10.639/03, fazem com que o interesse a respeito da dinâmica adotada por uma escola para lidar com essas questões se tornasse imprescindível no momento histórico atual, posto que, além da garantia do êxito acadêmico, a escola deva se preocupar em formar pessoas capazes de interagir pacificamente com os diferentes, garantindo a própria existência da humanidade.
- ItemDo cansaço da lavoura ao alívio na escola um estudo sobre quotidiano e espaços de sociabilidade de estudantes da EJA do noturno, ensino médio, no município de Irará Bahia(2009-10-15) Batista, Marize Damiana Moura Batista e; Costa, Livia Alessandra Fialho da; Rabinovich, Elaine Pedreira; Messeder, Marcos Luciano LopesEsta pesquisa teve como objetivo identificar os sentidos e significados atribuídos pelos alunos da EJA do noturno acerca da temporalidade escolar, construídos na relação com as suas vivências quotidianas. Para tanto, buscamos um estudo junto aos alunos da EJA do Colégio Estadual Joaquim Inácio de Carvalho no município de Irará, Bahia. O eixo de análise da pesquisa esteve voltado para a compreensão dos entraves e das dificuldades enfrentadas por esses estudantes trabalhadores no seu cotidiano, das idéias que elaboram acerca da vida e do trabalho na roça e na cidade e dos motivos que os levam a construir um discurso que coloca o trabalho na roça como algo a ser eliminado. Na continuidade, investigou-se como os alunos experimentam e significam os diferentes tempos de vida: tempo da escola, tempo do trabalho, tempo do descanso, a fim de construir uma interpretação acerca do modo como percebem a escola e que sentidos atribuem ao estudo nas classes de EJA do noturno. Compreender os modos de apropriação do espaço/tempo vivido na comunidade (Mangabeira) e as interações e sociabilidades construídas nos interstícios da vida escolar foi uma idéia que permeou esse estudo. Das perspectivas de reinvenção do espaço escolar pelos alunos, a partir da identificação dos significados construídos sobre o mesmo, percebeu-se possibilidades para se pensar em outras lógicas de aprendizagens na escola e fora dela. Nos relatos dos alunos era recorrente a idéia de ser a escola o lugar do encontro, da interação e da realização de um aprendizado que vai além dos conteúdos ensinados. A noção de tempo estava implicada às vivências dos sujeitos, os quais nas suas falas traziam um conhecimento construído nas diferentes situações experimentadas no cotidiano e que somadas à condição de estudo na EJA poderia configurar em um aprendizado para a vida. Utilizou-se uma metodologia qualitativa, privilegiando-se um estudo do tipo etnográfico. As observações participantes foram realizadas na sede da escola entre os meses de agosto a novembro de 2008 e abril a agosto de 2009. Um conjunto de entrevistas (dezesseis ao todo), foi realizada com oito estudantes da EJA do noturno de uma faixa etária entre 20 a 23 anos.
- ItemEducação e missão civilizatória: o caso do Instituto Ponte Nova na Chapada Diamantina(2008-05) Moraes, Márcia Maria Gonçalves de Oliveira; Costa, Livia Alessandra Fialho da; Jacquet, Christine; Gauthier, Leliana de Sousa; Menezes, Jaci Maria Ferraz deA fundação do Instituto Ponte Nova, em 1906, pelo casal de missionários presbiterianos Willian Waddell e sua esposa, a missionária Laura A. Chamberlain Waddell, nasceu da necessidade que a Missão Brasil Central tinha de implantar uma base ou Estação Missionária no interior do Estado da Bahia, especificamente na Chapada Diamantina. Na frente dessa Missão estava a idéia de lançar uma alternativa de fé e civilização, seguindo um modelo americano. Este estudo objetiva analisar como as práticas educativas instituídas num Instituto de renomado prestígio, intitulado Ponte Nova (IPN), contribuíram para o processo civilizador iniciado pelos presbiterianos na Chapada Diamantina. Nesse sentido, esta pesquisa busca informações na própria história de constituição do IPN, dando especial atenção à proposta pedagógica ali implantada e pelo quadro docente contratado – elementos fundamentais do processo educativo que ali se desenhou a partir das informações contidas no Estatuto do Instituto, da Associação de ex-alunos, Regimentos, Prospectos, Relatórios, correspondências, entre outros, para identificar as práticas educativas e os rituais escolares vivenciados no IPN. Depoimentos de ex-alunos e ex-professores ocupou um lugar privilegiado para esclarecer o modelo de interações (acordos, negociações, conflitos) estabelecido entre educadores missionários, alunos e os pais entre 1940 e 1970. Compreender como se deu a expansão de um provável código de conduta/ética protestante no contexto escolar e social.
- ItemEntre fronteiras: diferenças culturais e práticas educativas em narrativas de professores/as do ensino fundamental (anos finais)(2018-06-14) Santos, Maria Helena da Silva Reis; Rios, Jane Adriana Vasconcelos Pacheco; Fontoura, Helena Amaral da; Costa, Livia Alessandra Fialho daEsta dissertação de mestrado buscou compreender como professores/as do Ensino Fundamental (anos finais), da rede municipal de Lauro de Freitas, na Bahia, significam as diferenças culturais no contexto de suas práticas educativas. O estudo pautou-se nos princípios epistemológicos da pesquisa qualitativa, ancorado nos pressupostos da abordagem (auto)biográfica, com ênfase nas narrativas docentes. Foram utilizados como dispositivos de colheita de informações: entrevista narrativa, diários das práticas educativas e ateliê biográfico, atividade inspirada em DeloryMomberger (2008), analisados a partir das contribuições fenomenológicas interpretativas de Schütze (2010), sobre a análise das narrativas, articulado com os Estudos Culturais. O estudo das narrativas docentes apontou que a experiência com as diferenças culturais no interior da escola se articula em um movimento de mudanças sociais e culturais nos quais os/as professores/as estão inseridos/as, fazendo parte de uma teia de significados trançada por embates e conflitos, afirmação e negação, negociações entre as diferenças, os diferentes. Esses sentidos docentes atribuídos às práticas educativas no trabalho com as diferenças culturais, quando observados sob o campo dos Estudos Culturais e sob a abordagem intercultural – articulação teórica desta pesquisa –, desvelam limitações e potencialidades nas quais as práticas docentes se isentam do confronto e do conflito, primando pelo caráter monocultural, por meio da homogeneização, da negação ou da conformação das diferenças. Além disso, buscam promover espaços em que as diferenças sejam acionadas, confrontadas e problematizadas, criando brechas nas quais ocorram possibilidades de deslocamento de sentidos e representações, reconhecendo a diversidade dos sujeitos nas múltiplas formas de ser e estar na escola. Esta investigação se configura uma efetiva contribuição à formação de professores da Educação Básica, na medida em que ela possibilita pensar o lugar da docência e compreender o papel da prática educativa, além de refletir de que forma está sendo realizada essa tarefa, em particular, os sentidos a ela atribuídos por docentes da rede pública, no âmbito das diferenças culturais, no exercício da sua profissão em sala de aula.
- ItemEscolarização, festejos e religiosidade na constituição de um quilombo contemporâneo no oeste da Bahia(2010-08-26) Santana, Edson Carvalho de Souza; Messeder, Marcos Luciano Lopes; Macedo, José Jaime Freitas; Costa, Livia Alessandra Fialho da; Silva, Valdélio SantosEste trabalho apresenta os resultados da pesquisa desenvolvida no povoado do Mucambo localizado no Município de Barreiras, extremo oeste da Bahia. Como objetivo procurou compreender que tessitura dá sustentação identitária étnico-racial à comunidade do Mucambo de Baixo. Para a realização da pesquisa fiz opção pela abordagem metodológica do estudo de caso qualitativo de cunho etnográfico. Como instrumentos metodológicos, fiz uso das técnicas de entrevista aberta e semiestruturada individual e coletiva, grupo focal, conversas informais, observação participante com registro em caderno de campo, questionário fechado para levantamento de dados quantitativos. O estudo sinalizou que a comunidade do Mucambo de Baixo vem constituindo a sua territorialidade, desde meados do século XIX, a partir de um possível acoitamento de ex-escravizados(as) e escravizados(as) oriundos(as) das lavras de diamantes da Chapada Diamantina. Apontou, também, a existência da prática da discriminação e do preconceito raciais no povoado e na escola. Revelou, ainda, que a comunidade tem uma maneira particular de cultivar e ressignificar os seus valores e expressões étnico-raciais e culturais.
- ItemO espelho tem duas faces: quem é o “outro”? as percepções identitárias de ex-detentos que encontraram como caminho de reinserção social a conversão evangélica(2007) Silva, Patrícia Rosa da; Menezes, Jaci Maria Ferraz de; Garcia, Pedro Benjamin de Carvalho e Silva; Costa, Livia Alessandra Fialho daTrata-se de um estudo sobre as percepções identitárias que emergiram ao longo das trajetórias de ex-internos de instituições totais (especificamente os que passaram por instituições de aplicação de medidas sócio-educativas de privação de liberdade, na adolescência; e por penitenciárias, na idade adulta) que encontraram como um possível caminho de reinserção social a conversão evangélica. Para efeito deste estudo, trabalhamos com os egressos do Sistema Penal baiano, mais especificamente, da Penitenciária Lemos de Brito, localizada no município de Salvador – BA e com missionárias que atuam no presídio. Utilizamos como pano de fundo para as análises dados macros que ilustrem as percepções da sociedade e o encaminhamento de soluções tentadas ao longo da História, considerando que as formas como esses sujeitos são visualizados interferem diretamente em sua trajetória e na composição de sua identidade. O que nos interessa, portanto, nesse estudo, não é um mergulho nos pressupostos religiosos, mas as implicações dessa adesão no diálogo com as percepções dos sujeitos em relação a sua própria identidade. A dimensão da conversão, enquanto elemento teórico, que trabalhamos trata exclusivamente das potencialidades e possibilidades de auxílio no processo de reinserção social e de redefinição da auto-imagem desses sujeitos. Entre as principais categorias teóricas utilizadas estão identidade, institucionalização, fronteira, reinserção social e conversão. A metodologia baseada na linha da história de vida parte do pressuposto de que a visualização das narrativas individuais como elementos que dizem de uma coletividade e se articulam, apesar de suas singularidades, na compreensão das interlocuções entre as esferas micro e macro pode nos auxiliar na compreensão das estratégias de reinserção social e de retomada da alteridade no campo reeducacional. A partir do estudo, considerando-se a abrangência ao grupo estudado, podemos afirmar que: 1 - A falta de perspectiva social, balizada pela descrença nos mecanismos de ascensão social por meio do estado; a assimilação de uma auto-imagem estigmatizada; a marginalização social que, por vezes, antecede a prática de delitos; a baixa expectativa dos grupos próximos em relação à trajetória dos sujeitos; as práticas de exclusão presentes em instituições pseudo-receptivas como a escola; a necessidade de pertença e de aceitação a um determinado grupo; e a descrença dos educadores que atuam nas instituições sócio-educativas na ressocialização dos adolescentes atendidos; a desestruturação dos mecanismos punitivos; além da crise de valores concorrem para a entrada e permanência dos adolescentes na criminalidade. 2 - A experiência de institucionalização pode ser mais preponderante para a manutenção do círculo de delinqüência do que a situação sócio-econômica dos indivíduos. 3 - A comunidade religiosa evangélica resgata uma dimensão de alteridade radical na qual a trajetória individual implica menos sobre a visualização e o julgamento do outro do que a sua disposição em modificá-la. 4 - A idéia de arrependimento e de redenção, mas, sobretudo, a possibilidade de igualdade, “somos todos filhos de Deus” parece funcionar como um resgate do auto-valor, a partir do valor de cada indivíduo perante Deus. 4 - A substituição da identidade e do papel social de estigmatizado para a de membro da comunidade, irmão, também, traz implicações positivas para o processo de retomada do indivíduo já que na reeducação, bem como na educação, o respeito é um pilar central para a prática de qualquer processo significativo.
- ItemEstudo sobre a temática indígena na formação docente em um contexto de relações interétnicas: o currículo de pedagogia da UESC entre silêncios e discursos.(2016-02-23) Ribeiro, Laís Reis; Messeder, Marcos Luciano Lopes; Ivenicki, Ana; Costa, Livia Alessandra Fialho daEssa dissertação trata dos sentidos produzidos sobre a formação de pedagogos/as para o ensino de história e cultura indígena na Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), por meio dos diálogos com os diversos atores sociais, bem como, das leituras dos documentos curriculares que orientam os processos formativos. O estudo considerou o contexto interétnico da região de Ilhéus, objetivando perceber se existe relação entre o currículo do curso de Pedagogia e a realidade local que é palco de luta do movimento Tupinambá. As discussões aqui apresentadas estão apoiadas nas teorias críticas e pós-críticas de currículo e os dados foram analisados através da perspectiva sócio-histórica e da teoria enunciativa de Mikhail Bakhtin que dá ênfase à compreensão dos fenômenos sociais em toda a sua complexidade e no seu acontecer histórico, possibilitada pela linguagem. Foram realizadas entrevistas individuais com professores e representantes de Colegiado e Departamento, grupos focais com estudantes do 1º e 7º semestre, além de observações das aulas de disciplinas relacionadas à diversidade cultural. Esses encontros nos fizeram conhecer como é tratado o tema “história e cultura indígena” no curso de Pedagogia da UESC e como os sujeitos interpretam e avaliam essa formação diante de um contexto regional de relações interétnicas conflitivas, mas, deveras silenciado.
- ItemExperiências juvenis em contextos de vulneração(Universidade do Estado da Bahia, 2023-02-27) Carvalho,Danilo Melo de Morais; Messeder,Marcos Luciano Lopes; Coulon,Alain Lucien Louis; Santana,Kleverton Barcelar; Arruda,Jalusa Silva de; Costa, Livia Alessandra Fialho da; Souza,Elizeu Clementino deEsta tese de doutorado é uma resposta ao objetivo geral de discutir quais experiências de jovens negros constituem a rua e a comunidade terapêutica enquanto contexto de vulneração, a partir de uma abordagem qualitativa, iniciando com a realização da revisão bibliográfica de estados da arte sobre juventudes e vulnerabilidades, para entender lacunas, tendências e recomendações para a pesquisa em educação, parâmetro para a definição dos procedimentos metodológicos desta pesquisa. A discussão prévia dos conceitos operadores da pesquisa (juventude, experiência, contexto e vulneração) possibilitou o entendimento de seus potenciais usos nesta investigação, em especial a definição do conceito de vulneração, como mais adequado para abordar populações com vulnerabilidades efetivadas. A etapa empírica consistiu no acompanhamento de dois interlocutores pelo Centro Histórico de Salvador e também foram discutidas experiências juvenis a partir de um banco de dados agregado, com algumas anotações e relatório sobre a situação de jovens internados em uma comunidade terapêutica que os abrigava ilegalmente, bem como foram reunidos documentos que ajudam a minimizar as lacunas desses dados. Dentre as discussões dos dados de campo, destacam-se a ambiguidade da agência viril na “caça às gringas” como fissura nos modelos clássicos de crítica feminista ao lugar fixo de privilégio masculino nas dinâmicas heteronormativas, bem como a proposta do conceito de “arquitetura da vulneração” como dispositivo para evidenciar o caráter refratário da cidade, para jovens vulnerados e vulneradas, do Centro Histórico de Salvador. Na discussão sobre a comunidade terapêutica, foram destacados os retrocessos políticos multissetoriais que implicam o funcionamento das comunidades terapêuticas, um dispositivo de desarticulação da atenção integral juvenil. Após a discussão sobre as experiências juvenis, é apresentado o contraste entre elas e o aporte histórico e filosófico (Agamben, 2004; Foucault, 1998; Mbembe, 2016) desta pesquisa, na intenção de discutir contextos, em suas camadas mais amplas, no âmbito macrossocial, porém enraizadas nas experiências juvenis. Sem a aproximação com a história do Brasil pós-abolição da escravatura e sem a aproximação ao problema do racismo como dispositivo de exercício do poder colonial, como discutido por Fraga Filho (1994), Paulino e Oliveira (2020) e Arruda (2020) as contribuições filosóficas não passariam de meros dispositivos teóricos de colonização interpretativa que nos distanciariam do entendimento das especificidades de nossos problemas, enquanto estado de direito seletivo, atualizador de antigas formas de segregação racial e econômica de jovens negros(as) e pobres.
- ItemFamília recomposta na escola: devorar o modelo, amar a diferença(2016-04-08) Bittelbrunn, Edna; Ornellas, Maria de Lourdes Soares; Batista, Douglas Emiliano; Alcântara, Miriã Alves Ramos de; Farias, Larissa Soares Ornellas; Costa, Livia Alessandra Fialho daEsta pesquisa doutoral Família recomposta na escola: devorar o modelo, amar a diferença teve como objetivo analisar de que forma a escola apreende os diferenciados arranjos familiares, que se pronunciam através dos alunos que acolhe, com destaque para a especificidade das famílias recompostas. Buscou-se discutir o espaço das famílias nas interlocuções com a escola e analisar as relações e/ou as denegações vividas pelos sujeitos envolvidos. Para tal, elegeu-se um estudo empírico, em escola pública de porte médio, contemplando pais em situação de recomposição (cinco mães e uma madrasta), professores (três homens e duas mulheres da série/ano em que os filhos dessas famílias estavam matriculados) e uma especialista em psicopedagogia. Foram utilizados como instrumentos de coleta de dados, desenhos expressivos e entrevistas e foi realizada a análise qualitativa dos dados, tendo como referência estudos nas áreas de Psicanálise, Educação e Sociologia. A análise objetivou discutir, através de rituais escolares presenciados e construídos pelos sujeitos, como os conceitos de família originam-se e desenvolvem-se no contexto escolar. Os profissionais da educação relataram como escutam as famílias diferenciadas presentes na escola e os familiares apontaram suas experiências de acolhimento (ou não) pela escola. Os resultados obtidos foram alimentados pela literatura da área, a fim de levantar semelhanças e divergências, salientando que a contemporaneidade ainda não contempla um recuo necessário de pesquisas sobre famílias recompostas, em suas aproximações com a escola, que propiciem um conhecimento mais conciso desses objetos complexos. A análise dos instrumentos de coleta de dados nos direciona para um “entrelugar” de família e escola, onde relações cambiantes entre o tradicional e a abertura de diálogo frente a formatos diferenciados de família se apresentam. Há uma postura, por parte dos educadores, de chamamento de uma família nuclear (pai, mãe e filhos), com certo privilégio nos rituais escolares, mas também há a escuta de ruídos para a quebra desse paradigma frente a famílias que não obedecem tal composição (famílias recompostas, monoparentais, homoafetivas, dentre outras). Afina-se tal investigação com a ideia de que a apreensão pela escola do conceito ainda merece maturação, e de como se estruturam e funcionam as diferentes configurações familiares, anunciando-se, então, um tempo de maturação e aprendizagem. Lembrando que as configurações diferenciadas de família já se expressam na escola e no contexto social, de forma majoritária. Averiguou-se, assim, que o mal-estar na escola apresenta várias facetas, uma delas que se insurge pela (não) relação com as famílias nas suas tipologias variantes e seu dinamismo.
- Item“Fazer o corre e ter o pão de cada dia”: participação política, dinâmicas de socialização e educação em famílias de putas(2021-04-15) Silva, Fernanda Priscila Alves da; Costa, Lívia Alessandra Fialho da; Piscitelli, Adriana Gracia; Costa, Livia Alessandra Fialho da; Sousa, Fabiana Rodrigues de; Lemos, Ana Claudia; Messeder, Marcos Luciano LopesO foco desta tese é a análise das narrativas das mulheres trabalhadoras sexuais – Autorreferenciadas mulheres da batalha – sobre suas práticas e dinâmicas de socialização, formação, cuidado e educação dos seus filhos e filhas. Trata-se de um estudo empírico, de cunho exploratório, realizado entre os anos de 2017-2021. O referencial teórico se circunscreve ao campo de estudos em educação e dialoga com referenciais teóricos da Sociologia, da Antropologia e da Psicologia. Tais referenciais favorecem a compreensão de como um processo de socialização e cuidado que permite às pessoas tornarem-se e constituírem-se sujeitos, em um movimento dialético e dialógico, onde a relação entre as pessoas, no processo de cuidado, educar-se e socializar-se é sempre uma relação entre outros, entre mãe/pai (cuidadores) e filhos (as), educador(a) e educandos(as), entre as pessoas e o mundo que o cerca. O grupo pesquisado é composto de mulheres de baixa renda, em exercício de prostituição, prevalecendo idade a partir dos 35 anos, além de um grupo mais amplo de pessoas que consiste do grupo que compõe os familiares e rede de apoio e cuidado das crianças e socialização e educação dos filhos e filhas. As trabalhadoras sexuais entrevistadas neste estudo são, em sua maioria, autodeclaradas negras, de famílias de camadas populares. A pesquisa realizou-se por meio de visitas a locais onde as mulheres da batalha se encontram: praça, rua, bares, unidades domiciliares com o objetivo de conhecer as redes de relações e apoio onde elas exercem o cuidado como forma de educação e socialização de seus filhos e filhas. Foi realizada uma aproximação das interlocutoras da pesquisa, sendo elas, ora as próprias trabalhadoras sexuais, ora alguns filhos adultos que aceitaram participar da pesquisa. As técnicas foram entrevistas, histórias de vida, histórias de família, contatos com as famílias e mais outras técnicas como, por exemplo, a observação e construção etnográfica. Os resultados apontaram que as famílias das trabalhadoras sexuais, as famílias de Putas, não se diferenciam em termos de organização dos outros modelos de famílias. Entretanto, a convivência com mães trabalhadoras sexuais constroe sujeitos com olhares diversificados e abertos às questões apresentadas pelo Movimento de Trabalhadoras Sexuais. Por outro lado, o processo de organização e colaboração das trabalhadoras sexuais preconiza uma forma de cuidado pautada na solidariedade, rede que se apoia e organização coletiva no processo de socialização e educação dos filhos e filhas: a roda colaborativa é uma expressão de como as redes de afeto contribuem no “corre” das mães que também são Putas.
- Item“Hoje a cria não veio! ”: mães adolescentes negras e projetos de vida no contexto escolar(2018-09-28) Santos, Elis Souza dos; Costa, Livia Alessandra Fialho da; Dias, Acácia Batista; Pacheco, Ana Claudia LemosEsta dissertação de mestrado analisa o lugar da escola na (res)significação dos projetos de vida de adolescentes negras estudantes que são mães. O contexto da pesquisa é a Escola Municipal Governador Roberto Santos, localizada no bairro do Cabula, no município de Salvador-Bahia e parte de uma metodologia de base qualitativa e se fundamenta na etnografia escolar; os instrumentos utilizados para a produção dos dados foram entrevistas com dois grupos de adolescentes: as mães e as não-mães, com idades entre 13 e 18, negras estudantes da escola Municipal Governador Roberto Santos e a observação participante do espaço escolar. A análise dos dados está fundamentada na abordagem Interseccional, articulando, portanto, os conceitos de gênero, raça, classe e geração para estabelecer reflexões e categorias sobre o tema. As discussões geradas pela pesquisa demonstram que os temas em torno da maternidade adolescente apresentam um campo complexo, dinâmico e extremamente heterogêneo. Além disso, instiga análises sobre o lugar das mulheres mães em contextos institucionais, como a escola e a necessidade de políticas de permanência para esse grupo. O olhar das adolescentes não-mães sobre o tema evidencia muitas semelhanças com as adolescentes mães principalmente nas trajetórias de vida e nas relações familiares e afetivas, entretanto descrevem a maternidade como “atraso” nas perspectivas profissionais e pessoais na vida das mulheres. No que se refere aos Projetos de vida foi possível categorizar três perspectivas de análise: 1 – Quando a maternidade adolescente é o Projeto de Vida, 2- Quando a maternidade na adolescência altera o Projeto de vida e 3- Quando a maternidade é motivadora do Projeto de Vida. Por fim, este trabalho apresenta a necessidade de maior investigação acerca da relação maternidade, trajetórias de escolarização e Projeto de vida, considerando os elementos de raça, gênero, classe e geração e propõe reflexões em torno de possíveis políticas de acesso e permanência de adolescentes mães na escola.
- ItemInclusão educacional em movimento: humanização e garantia de direitos das pessoas com transtorno mental no bairro de Pau da Lima, Salvador - BA(2017-04-04) Amorim, Josilane de Oliveira; Souza, Sueli Ribeiro Mota; Delgado, Josimara Aparecida; Costa, Livia Alessandra Fialho daEsta pesquisa é resultado de um trabalho investigativo realizado na comunidade de Pau da Lima, Salvador, Bahia. A investigação analisou o processo educativo do atendimento em saúde mental no projeto De bem com a vida, baseado na Reforma Psiquiátrica, e se desdobrou nos seguintes objetivos específicos: descrever historicamente o fenômeno de institucionalização do louco no modelo hospitalocêntrico; analisar o atendimento dos profissionais em saúde mental em relação ao processo educativo de mudança do modelo asilar para um modelo assistencial baseado na Reforma Psiquiátrica; identificar a importância do envolvimento da família no tratamento; contribuir com a democratização das informações sobre o transtorno mental, direitos e cidadania na comunidade. A metodologia utilizada para a presente investigação foi a abordagem qualitativa, utilizando-se da técnica de grupo focal, recolhimento de depoimentos e análise documental para a coleta de dados. Foi também realizada uma visita à instituição psiquiátrica para conhecimento histórico da instituição que passou do modelo hospitalocêntrico até a sua extinção e substituição para um modelo terapêutico. A pesquisa foi fundamentada nas análises dos seguintes autores: Foucault (1979, 2010); Goffman (1974, 2015); Basaglia (2005); Canguilhem (2015); Gohn (2011, 2012); Muchail, Fonseca e Neto (2013); Sawaia (2014); Amarante (1995), dentre outros. Os dados analisados no grupo focal evidenciam um processo educativo no conhecimento dos usuários e suas famílias do que seja o transtorno mental, uso da medicação e de seus direitos. Mostram também que a interação entre os participantes do projeto promove a construção de saberes e liberdade na relação com a equipe multiprofissional. O desafio da reforma é construir um espaço onde o doente não se veja mais como excluído, onde tenha um atendimento em que a família possa ser inserida no processo educativo e de um entendimento em relação à sua desinstitucionalização e consequentemente uma participação ativa no tratamento e garantia de direitos.