Família recomposta na escola: devorar o modelo, amar a diferença
Data
Autores
Orientador
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Editor
Resumo
Esta pesquisa doutoral Família recomposta na escola: devorar o modelo, amar a diferença teve como objetivo analisar de que forma a escola apreende os diferenciados arranjos familiares, que se pronunciam através dos alunos que acolhe, com destaque para a especificidade das famílias recompostas. Buscou-se discutir o espaço das famílias nas interlocuções com a escola e analisar as relações e/ou as denegações vividas pelos sujeitos envolvidos. Para tal, elegeu-se um estudo empírico, em escola pública de porte médio, contemplando pais em situação de recomposição (cinco mães e uma madrasta), professores (três homens e duas mulheres da série/ano em que os filhos dessas famílias estavam matriculados) e uma especialista em psicopedagogia. Foram utilizados como instrumentos de coleta de dados, desenhos expressivos e entrevistas e foi realizada a análise qualitativa dos dados, tendo como referência estudos nas áreas de Psicanálise, Educação e Sociologia. A análise objetivou discutir, através de rituais escolares presenciados e construídos pelos sujeitos, como os conceitos de família originam-se e desenvolvem-se no contexto escolar. Os profissionais da educação relataram como escutam as famílias diferenciadas presentes na escola e os familiares apontaram suas experiências de acolhimento (ou não) pela escola. Os resultados obtidos foram alimentados pela literatura da área, a fim de levantar semelhanças e divergências, salientando que a contemporaneidade ainda não contempla um recuo necessário de pesquisas sobre famílias recompostas, em suas aproximações com a escola, que propiciem um conhecimento mais conciso desses objetos complexos. A análise dos instrumentos de coleta de dados nos direciona para um “entrelugar” de família e escola, onde relações cambiantes entre o tradicional e a abertura de diálogo frente a formatos diferenciados de família se apresentam. Há uma postura, por parte dos educadores, de chamamento de uma família nuclear (pai, mãe e filhos), com certo privilégio nos rituais escolares, mas também há a escuta de ruídos para a quebra desse paradigma frente a famílias que não obedecem tal composição (famílias recompostas, monoparentais, homoafetivas, dentre outras). Afina-se tal investigação com a ideia de que a apreensão pela escola do conceito ainda merece maturação, e de como se estruturam e funcionam as diferentes configurações familiares, anunciando-se, então, um tempo de maturação e aprendizagem. Lembrando que as configurações diferenciadas de família já se expressam na escola e no contexto social, de forma majoritária. Averiguou-se, assim, que o mal-estar na escola apresenta várias facetas, uma delas que se insurge pela (não) relação com as famílias nas suas tipologias variantes e seu dinamismo.