Este trabalho de pesquisa tem como objetivo compreender os conhecimentos aprendidos por marisqueiras e pescadores da comunidade de Cação, em sua relação com o meio ambiente, antes e depois da implantação dos empreendimentos petrolíferos, na região de Madre de Deus, Bahia (Baía de Todos os Santos), analisando em que medida a comunidade utiliza tais conhecimentos para ampliar a consciência de si, sua cultura e sua sobrevivência, como marisqueiras e pescadores. A base epistemológica deste estudo está fundamentada no diálogo com diversos autores, dentre os quais citamos: Giddens (1991), Batistela e Boneti (2008); Miller (2012); Silva (2005); Santos (2005); Nogueira (2003); Gohn (2011); Goergen (2010); Nunes et al (2007); Freire (2002; 1987); Mutim (2007); Nascimento (2014); Lourenço (2008); Carvalho e Farias (2011); Fonseca (1958); Cattani (2009); Espinheira e Pereira (2010); Freire J. (2011); Brandão (1985;1995;2015); Freire e Nogueira (2011); Ramos (2015); e Portela (2012). Estes autores, dentre outros, contribuíram de modo significativo para as discussões sobre as temáticas da Educação, Meio Ambiente e Participação Social, além da subcategoria que estudou a Petrobras, em seus aspectos históricos, e os riscos de segurança e acidentes. O percurso metodológico é de natureza qualitativa e exploratória, tendo como base o estudo de caso da comunidade de Cação. Cação é uma comunidade-bairro, na entrada do município de Madre de Deus, que se caracteriza como um pequeno vilarejo de marisqueiras e pescadores, locus de nossa pesquisa. O processo de análise das informações foi feito com base nas entrevistas, em grupo e individuais, realizadas com nove sujeitos (marisqueiras e pescadores), além da observação participante, em visitas ao campo empírico. Os resultados obtidos evidenciaram que a implantação dos empreendimentos petrolíferos na região causou diversos impactos ambientais, ocorridos pelos vazamentos de óleo no mar, explosões e riscos à saúde da população. Estes, por sua vez, vêm sendo percebidos pela comunidade, paulatinamente, pela escassez dos peixes e frutos do mar. Contudo, a comunidade encontrou, na própria cultura e ação coletiva, alternativas para superar os desafios cotidianos. Compreendemos que o processo educativo é caracterizado pela oralidade e que o trabalho é a base da construção da própria existência dos indivíduos. Assim, é na relação com a natureza, com a família e através do trabalho, na pesca artesanal, com os pais, avós, tios e a comunidade, que esse processo formativo se concretiza, através das histórias, dos relatos e da experiência de vida.