Vozes femininas na poética contemporânea: letramentos de reexistência no Vale do São Francisco
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Resumo
Partindo da verificação, enquanto professora da rede estadual de Pernambuco, onde as propostas de trabalho contidas nos eixos curriculares das 3ªs séries do Ensino Médio se baseavam apenas em conceituação e caracterização dos períodos literários e a análise de obras consagradas pelo cânone, sem contextualizá-las ou problematizá-las com temáticas sociais, esta pesquisa tem como objetivo principal analisar a produção, independente, da poesia contemporânea de mulheres do Vale do São Francisco e sua contribuição para a construção de um letramento de reexistência (SOUZA, 2011), contextualizado com as assimetrias de gênero. O trabalho foi desenvolvido em duas escolas de Ensino Médio da cidade de Petrolina PE, a Escola de Referência Clementino Coelho e a Poeta Carlos Drumond de Andrade. Para situá-la numa perspectiva de interações ou da complexidade, a verificação foi instrumentalizada por recursos metodológicos que investigassem sua diversidade, rompendo com os isolamentos comuns aos estudos disciplinares. Nesse sentido, por se tratar de uma pesquisa contextualizada com as assimetrias de gênero, elegeu-se uma abordagem de cunho feminista (CHANTLER e BURNS, 2015), em razão desse método romper com antigas concepções epistemológicas, marcadas pela categorização dos conhecimentos e, principalmente, por ser participativa, permitindo uma relação mais igualitária entre pesquisador/a e pesquisadas/os. Em razão da pluralidade de sujeitos e enfoques permitidos por esta investigação, adotou-se a observação participante (MAY, 2001 e BRIDGET e SOMEKH, 2015) como procedimento para a coleta de dados, auxiliada pela entrevista semiestruturada e pelo registro em diário de campo. Na sequência, reconheceu-se a análise crítica do discurso (FAIRCLOUGH, 2001, 2012 e LEE, 2015) como a ferramenta mais apropriada para a apreciação dos dados, que, evidenciaram uma vasta e plural produção poética de mulheres do Vale do São Francisco, concatenada com questões sociais e políticas relevantes, a exemplo das temáticas raciais e de gênero, que muito embora se caracterize reexistente ainda enfrenta diversas obstacularizações no que concerne à sua circulação, inclusive nos espaços escolares, tendo em vista a perspectiva tradicionalista e hegemônica de ensino adotada.