Educação em saúde na comunidade quilombola de Tijuaçu, Senhor do Bonfim – Bahia

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Data
2016-07-21
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Resumo

Esta dissertação discorre sobre a comunidade quilombola de Tijuaçu, grupo étnico de maior representatividade da região de Senhor do Bonfim-Bahia, em virtude da sua dimensão territorial e do seu contingente populacional; compreendida como um projeto político e coletivo de liberdade, onde permanece uma sociedade relativamente autônoma e com marcante presença das tradições africanas. A pesquisa apresentou como objetivo realizar um estudo investigativo sobre as práticas preventivas e curativas em saúde na comunidade de Tijuaçu, a fim de promover ações interdisciplinares, a partir das demandas da comunidade. Tratou-se de uma pesquisa-ação, de caráter exploratório, inspirada na abordagem fenomenológica Husserliana e contou com a participação de integrantes da comunidade, lideranças políticas e religiosas, professores da Educação Infantil e Ensino Fundamental I da Escola Municipal Antônio José de Souza e profissionais de saúde da Estratégia de Saúde da Família da localidade. Como instrumentos para construção dos dados foram utilizados questionário estruturado, entrevista semi-estruturada e grupo focal com intervenção na comunidade através do desenvolvimento de oficinas formativas para aprofundar as discussões. Para o tratamento dos dados quantitativos, foram utilizados os programas estatísticos Epi-Info 7 e BioEstat 5.3, além de planilhas e gráficos do Microsoft Excel; para os dados qualitativos, utilizou-se a análise textual e o software Tagul para confecção das nuvens de palavras. Realizou-se análise de conteúdo, segundo Bardin, através da triangulação de dados com discussões argumentadas à luz dos conhecimentos produzidos sobre identidade cultural, saúde da população negra e educação popular em saúde. Os resultados dos dados socioepidemiológicos apontaram para uma coerência entre a visão dos líderes e dos integrantes da comunidade em relação aos determinantes de vida e as condições de vulnerabilidades persistentes na comunidade, contudo demonstram divergência quanto às práticas preventivas e curativas de saúde envolvendo a utilização de ervas medicinais, rezas e benzeções. O conteúdo das oficinas foi analisado a partir de três categorias: cultura e tradição quilombola, saúde da população negra e de Tijuaçu, e educação popular em saúde como estratégia para melhoria das condições de vida. Foram constatados os seguintes aspectos: a comunidade quilombola de Tijuaçu vive, em sua maioria, em condições de vulnerabilidades persistentes e é privada de condições básicas de vida, a exemplo de moradias adequadas e saneamento e esgotamento sanitário; apresenta padrões alimentares inadequados; há ameaça de perda da identidade cultural; os integrantes da comunidade apresentam não somente, dificuldades de acesso aos serviços de saúde, mas integralidade da assistência comprometida por precariedade e/ou inexistência de serviços estruturados para referência; e a escola enfrenta dificuldades para atender aos discentes da comunidade em suas especificidades sociais e étnico-raciais. Acredita-se ser necessário intensificar ações de conscientização acercada cultura afro-brasileira e das práticas de medicina tradicionais, bem como na capacidade transformadora da educação em saúde para promover melhorias nas condições de vida e saúde da população de Tijuaçu. Deste modo, propomos, como desdobramentos da pesquisa, o monitoramento e apoio na execução e avaliação dos planos de intenções desenvolvidos nas oficinas formativas a serem implementados pelos professores e profissionais de saúde em parceria com a comunidade.


Descrição
Palavras-chave
Identidade Cultural, Trajetória Quilombola, Educação em Saúde, Saúde da População Negra
Citação
ALMEIDA, Eliana do Sacramento de. Educação em saúde na comunidade quilombola de Tijuaçu, Senhor do Bonfim - BA. Orientador: Carmélia Aparecida Silva Miranda. 2016. 142f. Dissertação (mestrado), programa de Pós-Graduação em educação e diversidade da universidade do estado da Bahia, MPED. Departamento de Ciências Humanas – Campus IV. Universidade do Estado da Bahia, 2016.