O objetivo desta dissertação é a releitura e resposta à carta escrita ao rei de Portugal D. Manoel I por Pero Vaz de Caminha, em 1500, na qual foram registradas suas primeiras percepções sobre a terra e o povo aqui encontrado. Essa carta representa o pensamento colonizador e é considerada como “certidão de nascimento” do Brasil. Ela é carregada de suposições equivocadas, eurocêntricas, que iniciaram a conformação do racismo estrutural do Brasil. Neste trabalho, realizamos uma criteriosa análise do discurso presente nessa carta, assim como contextualizamos os fatos ali narrados, para responder aos tópicos que identificamos como mais relevantes para esse estudo. Aqui, nos propomos a revelar os meandros de um discurso dissimulado, que analisado cuidadosamente, se apresenta como um receituário ideológico da supremacia branca, que caracterizou o projeto ultramarino europeu. Evidenciamos como essa carta suprime a voz do nosso povo, desprezando nossas memórias e tradições, que retiradas da invisibilidade, representam mais um instrumento na nossa resistência, como arma poderosa para o avanço dos nossos movimentos de retomada.