Historicamente, o discurso presente na literatura sempre foi do ponto de vista do cânone masculino. Discurso esse que acabava por reforçar os ideais patriarcais acerca da inferioridade e submissão da mulher. Com diversas conquistas do movimento feminista no âmbito social, político e econômico, verificou-se grande ruptura nesse painel histórico: a mulher deixa de ser somente representada pelo discurso masculino e passa também a representar, ela mesma, seus próprios personagens e ideologias. No entanto, muitas mulheres ainda se encontram na obscuridade, em posições subalternas e silenciadas na história. Desse modo, esta pesquisa teve por objetivo analisar as vozes de libertação feminina presentes nas obras Mar Morto e Capitães da Areia, do autor baiano Jorge Amado, colocando em destaque as personagens Lívia e Dora. Foi realizado um estudo comparativo entre as duas personagens femininas, buscando investigar e compreender a construção das vozes femininas nos romances, levando em conta a hipótese de que estas personagens rompem com certos estereótipos e definições arbitrárias sobre a condição da mulher. A análise realizada teve como base estudos de Antônio Cândido (1985, 2006, 2011), Alfredo Bosi (2015), Simone de Beauvoir (2016), Carla Garcia (2011), Heleieth Saffioti (2015). Destaca-se que as personagens Lívia e Dora representam as angústias vividas pelas mulheres, pois agem à procura de uma identidade própria, que lhes proporcione a liberdade feminina, tão negada pela sociedade patriarcal e machista. Essas personagens buscam se encontrar no mundo mediante a simbologia da liberdade.