Iniquidades étnico-raciais na testagem para HIV entre adolescentes homens que fazem sexo com homens, travestis e mulheres trans em três capitais brasileiras
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Resumo
Homens que fazem sexo com homens (HSH) e mulheres trans e travestis (TrMT) ainda constituem populações com alta taxa de detecção e vulnerabilidade para HIV/aids. Adicionalmente, adolescentes e pessoas negras apresentam vulnerabilidades específicas, relacionadas ao aumento de casos, na última década. Neste contexto, a testagem para HIV dentro da estratégia de prevenção combinada mostra-se como tecnologia importante para interromper a cadeia de transmissão do HIV. Estudos internacionais evidenciam iniquidades étnico-raciais na prevenção ao HIV em HSH e TrMT, no entanto, há carência de estudos analisando a realidade brasileira, especificamente em adolescentes. Diante disso, esta dissertação apresenta dois produtos: um estudo de corte transversal aninhado a coorte PrEP1519 e um guia para profissionais da atenção primária à saúde sobre prevenção combinada ao HIV. O primeiro buscou analisar a associação entre raça/cor de pele e o uso de teste de HIV na vida entre adolescentes HSH(AHSH) e TrMT(ATrMT) de três capitais brasileiras, Belo Horizonte, Salvador e São Paulo. Para isto, realizou-se um estudo de corte transversal aninhado à coorte PreP1519.Conduziu-se análise descritiva da população e bivariada das covariáveis e desfecho. Posteriormente, realizou-se análise de regressão logística múltipla com estimativa de odds ratio ajustada (ORaj) e intervalos de confiança de 95 % (IC95%). Adolescentes brancos testaram mais que pretos e pardos (64,0% vs. 53,8%, respectivamente, valor de P=0,001). A prevalência de testagem foi maior entre os brancos (64,0%), seguida dos pardos (55,9%) e pretos (52,2%) (valor de P=0,003). Na análise de regressão logística múltipla, observou-se que adolescentes brancos testaram mais que pretos e pardos (64,0% vs. 53,7%, respectivamente, P=0,001). A prevalência de testagem foi maior entre os brancos (64,0%), seguida dos pardos (55,9%) e pretos (52,2%) (valor de P=0,003). Na análise de regressão logística múltipla, observou-se uma chance 26% menor dos AHSH negros (ORaj: 0,74%; IC95%: 0,55-0,98) e 38% menor em ATrMT (ORaj: 0,62; IC95%: 0,45 – 0,87) terem sido testados na vida em comparação com os brancos, com IC: 95%. Nesse estudo, a raça/cor de pele aparenta determinar a menor chance de uso de teste de HIV na vida entre AHSH e ATrMT, chamando atenção para o papel do racismo no acesso aos serviços de saúde. Além disso, esse trabalho resultou em um produto técnico busca orientar profissionais sobre prevenção combinada, com enfoque em minorias sexuais, adolescentes e população negra, por meio de casos envolvendo essa população e prevenção ao HIV.