Hieróglifos e pergaminhos: uma escuta do saber-fazer do professor da educação infantil
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Resumo
Os estudos sobre o saber-fazer do professor vêm ganhando espaço no cenário contemporâneo. A idéia de que os saberes docentes são plurais e construídos ao longo da prática, a partir das múltiplas possibilidades de trocas e interações, vem sendo foco de programas de formação continuada, que valorizam a escola como locus dessa formação. Esse movimento tem várias implicações, como trabalhar com os sujeitos em seu espaço de trabalho, o que favorece processos coletivos de reflexão e intervenção na prática pedagógica. Este estudo investigou como a prática da escuta e da escrita pode contribuir com o saber-fazer e a formação de professores da educação infantil. Os objetivos desta pesquisa se delineiam em analisar a pertinência da escuta e da escrita e se essas práticas são estruturantes e constituintes no saber-fazer do professor de educação infantil, refletindo o quanto a escuta do professor pode possibilitar uma fala ressignificada do seu saber-fazer. Como principais parceiros teóricos, destaco Freire (1980), Bakhtin (1986), Barbier (1998), Freud (1899), Ornellas (2005), Freire (2008), Tardif (2007), Nóvoa (2002) e Campos (2005), entre outros. A pesquisa tem cunho qualitativo numa abordagem etnográfica e teve como locus, dois centros de educação infantil, mantidos por uma instituição filantrópica da cidade de Salvador. A amostra da pesquisa foi composta por 08 sujeitos, que atuam como professoras em classes da educação infantil com crianças na faixa etária de um a seis anos. Priorizei como instrumentos de coleta de dados a observação, os registros escritos e a entrevista semi-estruturada. Os dados foram categorizados e analisados a partir do saber da experiência com inspiração de alguns constructos da análise do discurso e revelaram que, para os sujeitos desta pesquisa, a escuta do professor é importante para a sustentação de suas práticas, visto que se constitui em um espaço de diálogo onde a fala e a escuta são asseguradas, proporcionando trocas de experiências, desabafo de angústias, aprendizagens coletivas e reflexões sobre o saber-fazer.