Luiz gama, um biografema: poesia afro-brasileira, advocacia negra, jornalismo engajado e abolicionista
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Resumo
O Brasil foi a última nação ocidental a abolir formalmente a escravidão, como resultado de um longo processo de luta e resistência das populações negras escravizadas, para o qual também colaboram elementos da conjuntura socioeconômica internacional. Alavancado por esses dois fatores, ao longo do século XIX, surgiu, sobretudo nas capitais provinciais e na corte, o movimento abolicionista, mobilizando setores da intelectualidade e da política brasileira. Entre os grandes defensores negros da causa abolicionista está o intelectual negro baiano Luiz Gonzaga Pinto da Gama (1830-1882), precursor da poesia afro-brasileira, da advocacia negra (embora sem formação superior), do jornalismo ilustrado e engajado, partidário da república e abolicionista. Embora sua contribuição para a literatura afro-brasileira seja objeto de estudo, sobretudo nos últimos 30 anos, sua atuação como jornalista e defensor da principal questão social brasileira em seu tempo – a abolição da escravatura – vem tendo pouca visibilidade social e acadêmica, justificativa suficiente para a pesquisa aqui apresentada, de caráter qualitativo e de que resulta um biografema – relato analítico da vidarbo (vida, obra e legado) desse intelectual orgânico. Proposto por Roland Barthes, o método biografemático permite a interpretação e escrita da vidarbo de alguém como uma possibilidade aberta a outros enfoques, de diferentes abordagens qualitativas. Daí sua escolha para este trabalho, que conjuga instrumental da Análise do Discurso a conhecimentos de outros campos do saber e temáticas de estudo (a História do Escravismo e do Jornalismo, a vida e obra de Luís Gama), aplicados a peças híbridas – construídas por imagens e texto verbal – ou apenas verbais, de variados gêneros. A presença dessa variedade de gêneros e hibridismo de linguagens acaba situando Gama como só como um intelectual orgânico (poeta, advogado, jornalista), mas como um inventor de linguagens, um logoteta, nos termos barthesianos.