Pedagogia GRIÔ e suas interfaces com os modos de ser professor/a em comunidades quilombolas: (de)colonização da profissão docente

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2021-06-14
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Resumo

O presente estudo tem por objetivo compreender as interfaces entre os fundamentos epistêmico-políticos da Pedagogia Griô e os modos de ser professor/a nas comunidades quilombolas de Remanso e Iúna, situadas no interior da Bahia. Teoricamente, o trabalho está alicerçado em estudos que abordam temas relacionados à Pedagogia Griô, de autoria e sistematização de Líllian Pacheco (2006, 2008, 2009, 2010) e à decolonialidade, referenciada nas discussões empreendidas por Mignolo (2003), Quijano (2005), Maldonado -Torres (2007), Ballestrin (2013) e Walsh (2012). Trata-se de uma pesquisa qualitativa, narrativa, aliada à perspectiva decolonial. A pesquisa envolve professores do Ensino Fundamental (Séries Iniciais) que atuam nas comunidades quilombolas. Os dispositivos de pesquisa utilizados foram a entrevista narrativa e as rodas de conversa. Três eixos de análises mobilizam o presente estudo: os modos de ser professor/a nas comunidades quilombolas a partir das aproximações/distanciamentos com a Pedagogia Griô; a relação entre os princípios da Pedagogia Griô e os modos de ser, fazer e conhecer dos professores e os elementos da cultura quilombola local e suas relações com as experiências pedagógicas no cotidiano escolar. O movimento de análise dos dados permitiu inferir que a Pedagogia Griô se alinha à pedagogia decolonial e está ancorada em princípios que apontam para um modo de ser professor, cuja experiência pedagógica entrecruza saberes ancestrais da cultura quilombola local e educação formal. As experiências pedagógicas no cotidiano escolar das comunidades quilombolas Remanso e Iúna/Ba apontam pontos de convergência e de divergência no que diz respeito à sua relação com os princípios e práticas da Pedagogia Griô. Os saberes ancestrais das comunidades quilombolas que aparecem na experiência pedagógica dos docentes atuantes nas escolas dessas comunidades são tratados em sala de aula por um viés comemorativo e são levados para chão da escola como ponto de partida para o trabalho com outros conteúdos, configurando, assim, uma experiência pedagógica ainda emaranhada nos “fios” da colonialidade e que carrega marcas de uma formação docente baseada em uma pedagogia tradicional, o que implica na não efetivação da Pedagogia Griô nas escolas em que atuam. O que ocorre são aproximações com o que propõe a Pedagogia Griô. Nesse contexto, defendo a ideia de que a Pedagogia Griô se apresenta no cenário da educação como uma pedagogia que se apresenta no âmbito da educação como uma inovação uma vez que, alinhada à perspectiva decolonial, penetra nas fissuras da colonização do saber, rompendo com a hierarquização da tradição escrita em detrimento da tradição oral, mas é afetada pela matriz da racionalidade moderna que, por sua vez, reflete nos modos de ser professor nas comunidades quilombolas de Remanso/BA e Iúna/BA, o que implica na não efetivação da Pedagogia Griô nas escolas em que atuam.


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PEREIRA, Luciana de Araújo. Pedagogia griô e suas interfaces com os modos de ser professor/a em comunidades quilombolas: (de)colonização da profissão docent0. Salvador. 2021. f. 165: il . Orientadora: Jane Adriana Vasconcelos Pacheco Rios. Tese (Doutorado) - Programa de Pós-Graduação em Educação e Contemporaneidade (PPGEduc). Departamento de Educação, Campus I, Universidade do Estado da Bahia, 2021.
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