Onde e quando a brincadeira (des) aparece em meio à pré-pandemia, pandemia e pós-pandemia: uma abordagem sobre o (des) recreio e o lúdico na sala de aula nos anos iniciais do ensino fundamental na rede municipal de Juazeiro-Bahia
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Resumo
Tem crescido as investigações sobre a importância das brincadeiras, do lúdico nos processos de ensino-aprendizagem e do recreio para as infâncias. No entanto, o que vem se constatando é a diminuição da promoção do brincar pela escola, instituição que deveria garantir os direitos das crianças como previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA, 1990. A presente dissertação traz os resultados da pesquisa de mestrado, realizada no âmbito do Programa de Pós-Graduação – Mestrado em Educação, Cultura e Territórios Semiáridos (PPGESA), que teve como objetivo revelar o modo como são compreendidos o papel do lúdico e do direito ao brincar no processo de aprendizagem pelas crianças e professoras, e como se manifestam nas Políticas Educacionais na esfera Municipal de ensino de Juazeiro – Bahia. Para esta aventura, fundamentou-se na sociologia da infância (SARMENTO, 1997; 2004; 2011; BELLONI, 2009), nos aportes da teoria histórico-cultural (SIROTA, 2001; CORSARO 2011), nas culturas infantis e brincadeiras (CORDAZZO, 2007; HEASLIP, 2006; VYGOTSKY, 2002; KRAMMER, 2007) e nas narrativas de alguns brincantes, guardadores das memórias das crianças (PIORSKI, 2016; HORTÉLIO, 2021) e por fim, na ludicidade (BROUGÉRE, 2003; LOPES, 2004; HUIZINGA, 2008; LUCKESI, 2014) compreendida como estado interno do sujeito. O enfoque da pesquisa foi fenomenológico-hermenêutico com inspiração etnográfica, trazendo a Fenomenologia do Sensível, na perspectiva de Merleau-Ponty, para dialogar com os etnométodos utilizados no levantamento e análise das informações. Foi realizada em duas escolas públicas, uma na sede e outra no interior, de Juazeiro-Bahia, por um período de oito meses. As participantes foram as crianças com idade entre seis e dez anos e quatro professoras com idade entre vinte e nove e cinquenta e dois anos, sendo duas atuantes no ensino antes da pandemia e duas durante a pandemia. O trabalho de campo foi guiado por observação participante, diário de bordo, entrevista semi-estruturada com crianças e professoras, além de questionário. Nos resultados da pesquisa, as crianças revelaram o desejo por tempos e espaços maiores para as brincadeiras no âmbito escolar, bem como a necessidade de interação com seus pares que foi interrompida devido ao distanciamento social por conta da pandemia. Apesar das professoras reconhecerem o papel fundamental do brincar na vida das crianças no Ensino Fundamental – anos iniciais, do lúdico e da garantia do espaço do recreio, há carência de técnica, formação apropriada e apoio da gestão escolar para possibilitar estes tempos e espaços na escola, além da distância entre a teoria (o que se diz) e a prática (o que se faz em sala de aula), o que dificulta essas docentes de se reconhecerem no papel de educadoras. O recreio escolar se apresentou quase extinto, evidenciando que este espaço não é refletido dentro do Projeto Político Pedagógico, logo não é considerado dentro do planejamento. Esta pesquisa pode contribuir para análise do papel fundamental que a escola têm na garantia dos direitos a cultura infantil, oportunizando uma educação que valoriza e promove os espaços para as brincadeiras, ludicidade e recreio, auxiliando para que as crianças aprendam asseguradas de uma de suas principais necessidades.