A questão do cabelo: raízes de autorrepresentação
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Resumo
A representação do cabelo crespo da personagem feminina negra na literatura hegemônica é marcada por estereótipos e estigmas que desumanizam a mulher negra. Por inconformidade com essa situação, surge a literatura negro-brasileira que, dentre diversos outros propósitos, possui o desejo de criar representações que tragam complexidade humana para as referidas personagens. Nesse sentido, a presente monografia objetiva analisar a representação do cabelo crespo da personagem feminina negra construída por Elizandra Souza (2020) – escritora negro-brasileira – a fim de perceber se essa representação difere totalmente da representação elaborada pela literatura canônica. Isto é, a mulher negra, quando se representa, quebra o ciclo de narrativas que a subalternizam e tratam seu cabelo de forma pejorativa? Para responder tal questão, utilizam-se dois contos da obra Filha do fogo: 12 contos de amor e cura, de Elizandra Souza (2020), bem como a pesquisa bibliográfica como fonte de investigação, consulta e embasamento teórico na efetivação da análise das personagens femininas negras dos contos escolhidos. Essa pesquisa resulta na conclusão de que a representação do cabelo crespo da personagem feminina negra produzida por Elizandra Souza (2020) rompe com as caracterizações da literatura canônica e não mais propaga a estigmatização engendrada por essa hegemonia. Se há a explanação de algumas situações racistas vivenciadas pelas mulheres negras por conta de seus cabelos é apenas como forma de denúncia e/ou de demonstrar como a violência a qual elas são submetidas afetam seus corpos e mentes. Há assim diferenças cruciais entre a autorrepresentação de Elizandra Souza (2020) e a representação hegemônica.