BNCC em xeque: na contramão ou de mãos dadas com a colonialidade do saber?

Carregando...
Imagem de Miniatura
Data
2025-01-30
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Editor
Universidade Do Estado Da Bahia
Resumo

Debates sobre uma proposta de ensino outra têm ganhado notoriedade entre os pesquisadores e profissionais da educação que defendem a necessidade de um ensino verdadeiramente democrático e emancipatório. Embora reconheça-se os avanços significativos da educação brasileira, desde o período colonial à época vigente, é imprescindível refletir sobre os entraves históricos estruturais que ainda persistem no sistema educacional e nas propostas de ensino, tal como a Base Nacional Comum Curricular - BNCC (2018). A BNCC é um documento normativo que norteia os currículos escolares e estabelece direitos e objetivos de aprendizagens essenciais para cada etapa da educação básica. O referencial reitera assumir uma postura democrática e inclusiva, com relação aos sujeitos diversos e às suas experiências e saberes construídos na prática comunitária. Com isso, o objetivo deste trabalho de conclusão de curso é compreender como a BNCC integra os saberes culturais populares com relação ao ensino de conteúdos curriculares do componente de Língua Portuguesa para o 9º ano do Ensino Fundamental, para identificar se há, de fato, a superação dos modelos pedagógicos coloniais e se a proposta de ensino contempla uma abordagem de colonial, que valorize as epistemologias e as práticas de grupos historicamente marginalizados. Para tanto, a base teórica desse estudo foi constituída das teorias de Anibal Quijano (2005; 2009), Boaventura de Sousa Santos (2008; 2009), bell hooks (2013), Catherine Walsh (2018), Maria Ribeiro (1992), Otaíza Romanelli (1986) Vanusa Mascarenhas Santos (2013;2022), Paulo Freire (1967;1970), Walter Mignolo (2008; 2017; 2019). Como resultado da pesquisa, compreendeu-se que a BNCC, em sua proposta de ensino de Língua Portuguesa para o 9º ano do Ensino Fundamental, pautada em princípios de inclusão e diversidade, peca pela setorização da diversidade epistemológica em campos de atuação e práticas de linguagem. Essa metodologia de organização do ensino põe em risco a experiência educativa holística e reforça uma perspectiva que parecia já ter sido superada: a de que os saberes populares não possuem legitimidade para dialogar com saberes de natureza científica, jurídica, e até mesmo filosófica, e, consequentemente, macula os princípios de democratização e equidade entre as diversas vertentes epistêmicas tão apregoadas pela Base Nacional. Visto isso, evidencia-se que a colonialidade do saber ainda não fora superada, por isso, a de colonização deve prosseguir para que um dia possamos afirmar que o sistema educacional brasileiro oferece uma educação, verdadeiramente, equitativa e emancipatória.


Descrição
Palavras-chave
Citação
CERQUEIRA, Vitória Oliveira Alves. BNCC em xeque: na contramão ou de mãos dadas com a colonialidade do saber? Orientador: Vanusa Mascarenhas Santos. 2025. 52 f. Monografia (Licenciatura em Letras) - UNEB - Universidade do estado da Bahia, Itaberaba Bahia, 2025.
Palavras-chave