A presente pesquisa trata-se de um estudo de caso acerca da fundação da Igreja Batista Independente do Garcia com o objetivo de compreender como se deu o processo de educação, autonomia e intelectualidade negra nesta instituição, no período entre 1910-1930, na cidade de Salvador, visto serem seus fundadores um grupo de negros. A fim de compreender as origens e trajetórias dos fundadores desta congregação, buscou-se, especialmente no acervo da referida instituição, documentação histórica que auxiliasse a (re)construir essas histórias e trazê-las à tona. Assim, observou-se a necessidade de se ter um olhar multidisciplinar para compreender estes homens e mulheres a partir do contexto sócio-histórico no qual estavam inseridos, o pós-abolição da escravatura. Segundo a literatura especializada, esses negros transitavam entre o Catolicismo Romano e as Religiões de Matriz Africana. Entretanto, com a chegada de missionários estadunidenses na capital baiana, no final do século XIX, certa parcela dessa população passa a professar uma nova fé (Protestante). Ao longo da pesquisa, notou-se que o período em questão proporcionou diversos desafios para os fundadores da Igreja Batista do Garcia, entretanto, também forjou o caráter de seus fundadores de modo a fazê-los rejeitar os moldes e a mentalidade escravagista, especialmente na relação com os missionários brancos estrangeiros. Deste modo, pôde-se perceber o histórico protagonismo da população negro na memória da História do Protestantismo na Bahia, ainda que, muitas vezes, estes atores sejam invisibilizados.